Número de animais abandonados no Brasil supera os 30 milhões

Tamires Alves
Jornalismo de Dados — UniRitter
3 min readJun 30, 2017

Na maioria das vezes, cães e gatos são abandonados por destruir móveis e sujar a casa

Fabíola Barcelos, Marjorie Paula e Tamires Alves

Basta andar poucos segundos pelas ruas para avistar um animal abandonado. Em grande quantidade, alguns se encontram desnutridos e em estado de vida precária. De acordo com os últimos números divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 30 milhões de animais estão abandonados só no Brasil. São aproximadamente 10 milhões de gatos e 20 milhões de cachorros.

Diante dessa realidade, em 2011 foi criada, em Porto Alegre, a Secretaria Especial de Direito dos Animais (SEDA), que tem como missão estabelecer e executar leis destinadas à saúde, proteção, defesa e bem-estar dos animais da Capital. Apoiada no artigo 32 da Lei Federal 9.605/1998 e na Lei Municipal 694/2012, que preveem detenção de três meses a um ano mais multa, as leis afirmam que, ao adquirir um animal, seja por compra ou adoção, a pessoa passa a ter total responsabilidade pela sua vida. Se, por algum motivo, o dono resolver se desfazer do cachorro ou gato, tem também a obrigação de intermediar uma nova adoção e escolher um novo lar.

As causas mais comuns para o abandono envolvem o fato do animal bagunçar o ambiente em que vive e a falta de dinheiro para sustentá-los. Em 2007, a Folha de São Paulo divulgou dados obtidos por meio de um levantamento em 12 abrigos nos EUA, que mostram os principais motivos:

Desenvolvido com base em dados da Folha de São Paulo, em 2007.

O PERFIL DO ANIMAL ABANDONADO

Por meio de entrevistas e pesquisas com ONGs, pets, voluntários e associações, foi possível traçar o perfil do cachorro, o animal mais abandonado quando ilustrado em números. Todos afirmaram que, na maioria das vezes, eles são rejeitados quando velhos e geralmente são cães de porte grande. Ou, em casos especiais, ninhadas de filhotes. A maioria são animais sem raça definida, largados em lugares mais desertos e com maior ocorrência em período de férias escolares, entre os meses de dezembro e março.

DO TRABALHO VOLUNTÁRIO ATÉ A ADOÇÃO

O trabalho voluntário e a adoção são medidas para ajudar na luta contra o abandono dos animais. A cada ano, surgem mais histórias de pessoas que se dedicam à causa. No papel de pais, tratam os animais doentes, dando comida e água para os que se encontram em estado precário até que consigam um lar definitivo.

Segundo a estudante Gabriela Petry, 20 anos, os lugares onde mais se concentram animais abandonados são nos extremos da zona sul da cidade. “Geralmente são abandonados em praças públicas, ou então em bairros mais afastados, tipo nos extremos pontos da zona sul, em bairros pobres”, explica. A estudante lembra que já chegou a resgatar 20 filhotes juntos.

A estudante Fernanda Stefani, 33 anos, também ajuda nas causas animais. Segundo ela, já resgatou cerca de 20 animais. Alguns foram encaminhados para adoção, outros estão com ela até hoje. “Sobre os números de animais abandonados no Brasil, acho que só diminuirá quando o poder público tomar atitudes efetivas de conscientização da população sobre posse responsável e a importância da castração”, afirma a estudante. “É uma questão de saúde pública e deveria ser obrigação do Estado resolver o problema.”

Ainda segundo Fernanda, as redes sociais são importantes no encaminhamento de animais abandonados. “É através delas que fotos dos animais disponíveis para adoção são expostas. E graças às redes sociais, o alcance vai muito longe”, diz.

Em 2009, estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul criaram a ONG Patas Dadas após uma série de animais serem envenenados no Campus do Vale.

Criando uma conta no Instagram para cada um dos animais, a ONG aposta nas redes como forma de compartilhar as diversas histórias até chegar ao alcance de uma nova família.

Jessica, voluntária na equipe da Associação, conta que atualmente abrigam cerca de 50 animais, entre cachorros e gatos. Ela afirma ainda que os bichos são abandonados na maioria das vezes por questões financeiras e falta de tempo para serem cuidados.

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