O passado, o presente e o futuro das produções cinematográficas brasileiras

Deise Freitas
Jornalismo de Dados — UniRitter
4 min readDec 4, 2017

Em 2016, a bilheteria de filmes nacionais bateu de frente com diversos blockbusters.

Por: Bruno Raupp e Deise Freitas

O cinema brasileiro amadureceu. Segundo pesquisa da ANCINE (Agência Nacional do Cinema), os filmes nacionais bateram recorde de bilheteria em 2016. Os números, divulgados no Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual, demonstram um crescimento no mercado cinematográfico, alcançando o melhor resultado em ingressos vendidos desde 1984.

Em 2016, uma produção nacional ficou em primeiro lugar no ranking de maior bilheteria. Os Dez Mandamentos, que também foi um sucesso de audiência como telenovela, ultrapassou blockbusters como Capitão América — Guerra Civil e Batman vs Superman — A Origem da Justiça. Com mais de onze milhões de espectadores, o filme fez história, tornando-se a produção com maior público desde 2009, entre filmes estrangeiros e nacionais.

Entretanto, durante o período em que esteve em cartaz, o longa sofreu com polêmicas ao redor dos ingressos vendidos. Diversas sessões esgotadas foram vistas com um número reduzido de espectadores, levando a uma série de acusações à Igreja Universal por ter ajudado a fraudar os números de bilheteria. A universal negou as acusações.

Minha mãe é uma peça 2 também foi um grande sucesso de público, alcançando a 13ª posição no ranking de maior bilheteria, à frente de produções como Star Wars — Rogue One e Mogli — O Menino Lobo. Carrossel 2 — O Sumiço de Maria Joaquina, também conseguiu um lugar, na 20ª posição.

É interessante analisar que as três produções possuem grandes distinções de gênero. Cada uma delas foi feita para agradar um determinado tipo de público. Enquanto Os Dez Mandamentos recebeu um grande empurrão dos fiéis evangélicos, os outros dois filmes têm seus nichos na comédia para adultos e crianças.

Em questão de renda, Os Dez Mandamentos também não ficou para trás, arrecadando mais de R$ 170 milhões, quantia que se equipara ao que grandes filmes estrangeiros arrecadaram no mesmo período no Brasil.

Em 2016, 143 filmes nacionais passaram pelas salas de cinema brasileiras, sendo 97 ficções, 45 documentários e 1 animação. O caso de Minha mãe é uma peça 2 é interessante, pois o longa foi lançado em dezembro e ficou em menos de 1 mês em cartaz.

O crescimento de bilheteria dos filmes nacionais pode ser comprovado através da comparação com anos anteriores. O ano de 2015 atingiu um público de 22.500.245 pessoas, um aumento de 35,16% comparado com 2016 — que atingiu 30.413.419 de pagantes.

O ano de 2014 teve um salto gigantesco de 59,66%, também comparado com 2016 — último ano levantado pela ANCINE. Confira abaixo o gráfico de público até 2013.

Se formos analisar os lucros obtidos, podemos ver o aumento também através da renda anual. Em 2016 o valor obtido foi de R$ 362.776.085,95, número ainda não superado em comparação com 2015, 2014 e 2013. Confira o gráfico de renda:

Mudança de paradigma

O filme Aquarius, lançado em 2016, conseguiu um feito interessante. Aclamado pela crítica nacional e internacional — tendo inclusive participado do Festival de Cannes, conseguiu angariar uma bilheteria razoável para um longa que não tinha pretensão de grande sucesso de público.

Mais de 500 mil pessoas assistiram ao filme desde seu lançamento, que ocorreu em 1° de setembro. Isso tem um saldo positivo, pois incentiva a indústria cinematográfica a dar visão a projetos mais pessoais e que fujam dos gêneros que já dominam as telas.

Em 2017, pelo menos dois longas brasileiros receberam destaque internacional. As boas maneiras foi o grande vencedor do Prêmio Especial do Júri no 70º Festival de Locarno, o segundo prêmio mais importante da tradicional mostra suíça. Já Os incontestáveis foi eleito o Melhor Longa-Metragem Ficção Latino Americano no 3º Festival de Cine de La Serena

Tropa de Elite 1 e 2 também tiveram este efeito, alavancando as produções nacionais para o mundo inteiro, além dos atores, diretores e produtores. Wagner Moura e José Padilha, ator e diretor, respectivamente, construíram carreira internacionalmente.

Fica para o próximo levantamento de dados da ANCINE saber se 2017 será um ano tão positivo quando foi 2016. Até o momento, nenhum fenômeno de bilheteria entrou em cartaz como Os Dez Mandamentos, mas a visão geral é de que os próximos resultados extremamente frutíferos.

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