Próxima parada: Série B

Ulisses Miranda
Jornalismo de Dados — UniRitter
5 min readMay 26, 2017
Foto: Joel Vargas / PMPA / Divulgação

O que Internacional já fez em 2017 e qual a rota definida pelos números do G-4 da edição passada da segundona

Matheus Closs e Ulisses Miranda

O sábado, dia 13 de maio, foi inédito para os torcedores colorados. Pela primeira vez em sua história o Internacional disputou uma partida pela segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Rebaixado em 2016, o clube gaúcho mudou de técnico e reformulou o grupo de jogadores para a temporada atual. O escolhido para comandar o vestiário colorado — pela também nova diretoria — é Antônio Carlos Zago. O desafio do paulista de Presidente Prudente, aos 47 anos, é recolocar o time colorado na divisão principal. Em cinco meses à frente do Inter, Zago conseguiu classificação para a segunda fase da Primeira Liga 2017, para as Oitavas-de-final da Copa do Brasil e perdeu, nos pênaltis, o Campeonato Gaúcho para o modesto Novo Hamburgo.

Em 2017, antes da estreia na Série B (3 x 0 sobre o Londrina), o Internacional disputou 26 partidas. Com esse número de jogos, mais de 68% — ou 78 pontos — da Série B já teriam sido disputados. Utilizando essa amostragem, comparamos os números desse novo Inter de Zago com os quatro primeiros colocados da Série B de 2016: Atlético-GO, Avaí, Vasco e Bahia. Sabemos que não há receita, mas os números do G-4 da segunda divisão são uma boa mostra do que o time vermelho de Porto Alegre precisa fazer esse ano.

Equilíbrio

Palavra indispensável no vocabulário de técnicos e comentaristas, o equilíbrio marcou a Série B 2016. Diferentemente do que se esperava, o Vasco, maior clube na competição, não sobrou — tampouco conquistou o campeonato. O campeão foi o Atlético-GO, com aproveitamento de 66% (76 pontos), melhor ataque e menor número de derrotas. O segundo colocado Avaí, ficou dez pontos atrás do líder (66 pts), com 57% de aproveitamento. Número igual ao do terceiro colocado Vasco, que terminou dois pontos à frente (65 pts) do Bahia (63 pts), último classificado.

Reconstrução

Na Série A de 2016, quatro técnicos passaram pelo comandado do Internacional. As primeiras 14 rodadas tiveram Argel Fucks à frente da equipe. Posteriormente o comando técnico ainda teve Falcão (cinco jogos sem nenhuma vitória), Celso Roth (22 jogos e 36% de aproveitamento) e Lisca (3 jogos e 44,4% de aproveitamento). Com todos eles, no entanto, o Internacional apresentava muitas dificuldades em propor o jogo, apostando demasiadamente na ligação direta e na jogada individual.

Neste ano, o Inter de Zago está buscando um estilo de jogo mais propositivo, com número alto de troca de passes. Enquanto os promovidos à Série A trocaram entre 10 mil e 13 mil passes no ano passado, o Internacional, com menos jogos, possui mais de 11 mil passes trocados. Destaque para o seu aproveitamento, de 91%, enquanto Vasco e Bahia, melhores passadores, obtiveram 89% de aproveitamento. Porém, a equipe colorada ainda encontra dificuldade em transformar a posse de bola em efetividade. Das trocas de passe transformadas em chance de gol, o Inter já produziu 282 assistências, das quais, apenas 9% resultaram em gols. Aproveitamento superior apenas ao do Bahia, que tem 8%. Atlético-GO, Avaí e Vasco possuem 12%, 10% e 9%, respectivamente.

No ataque

No aspecto ofensivo, o Internacional leva ligeira vantagem sobre os adversários. A média de gols marcados, bem como o aproveitamento das finalizações coloradas são maiores que do G-4 da Série B 2016. No número de finalizações certas por jogo há um empate com o Vasco (5,6) e pequena vantagem sobre o Bahia (5,4). O Atlético-GO, com o maior ataque da segundona do ano passado tem uma média igual a 4,4 e o Avaí (pior ataque entre os que conseguiram acesso) fecha a lista com média de 3,7.

Na defesa

Na parte defensiva, a zaga colorada ainda não inspira confiança e, dificilmente termina uma partida sem levar pelo menos um gol. Entretanto, a média de gols sofridos pela equipe colorada é igual a três das quatro equipes que subiram, com 0,9 gols sofridos por jogo. A exceção é a equipe cruzmaltina, que levou 1,1 gols.

Parâmetros, reforços e a busca por regularidade

É necessário apontar a disparidade técnica da maioria dos times que o colorado enfrentou até o momento. Com exceção dos confrontos contra os times da Série A, onde empatou contra Corinthians e Grêmio e venceu os reservas do Fluminense, os únicos adversários que também se encontram na Série B são Brasil de Pelotas, Juventude, Oeste e Criciúma. São quatro vitórias: duas contra o Brasil de Pelotas, quase rebaixado no Gauchão desta temporada; uma contra o Criciúma, onde ambas as equipes pouparam o time principal; e uma contra o Oeste, que não passou da primeira fase da Séria A2 do Campeonato Paulista. Contra o Juventude, derrota no último lance da partida, em pênalti polêmico marcado para a equipe da serra.

Após a derrota para o Novo Hamburgo, pela final do Gauchão, Zago afirmou que não via necessidade de mudanças na estrutura da equipe. E de fato, o técnico ainda contará com o reforço de alguns jogadores que podem fazer engrenar o seu esquema. Como o zagueiro Danilo Silva, o meio-campista Felipe Gutiérrez e os atacantes Marcelo Cirino e William Pottker — eleito craque do último Campeonato Paulista.

A confiança do torcedor — e da instituição — está abalada. Após a série de fracassos que o Internacional vem colhendo de 2016 para cá, uma sequência positiva nas primeiras rodadas da Série B será fundamental para a manutenção de Antônio Carlos Zago. Embora os números apontem equilíbrio entre o que Inter e os quatro clubes promovidos ano passado fizeram, eles não são garantias para o acesso. A única certeza é a de que o Internacional precisará de uma regularidade que ainda não alcançou este ano, para que ao fim das 38 rodadas não seja surpreendido, e conquiste a vaga à primeira divisão sem maiores sustos.

Abaixo, todo o comparativo entre Inter 2017 x G-4 da Série B 2016:

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