Raio-x dos políticos eleitos no estado em 2016

Conheça dados como o grau de escolaridade e os bens que os políticos eleitos no Rio Grande do Sul declararam para o Tribunal Superior Eleitoral

Dado Nogueira
Jornalismo de Dados — UniRitter
4 min readJul 10, 2017

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O Brasil passa por uma crise política e econômica há algum tempo. Os representantes políticos, em grande maioria, não possuem uma grande aprovação da população, que vê o país mal administrado e com muita corrupção acontecendo. Mas são poucas as pessoas que sabem, antes ou depois de votar, sobre os dados da vida destes candidatos que são votados, e que concorrem às vagas como de Vereador, Senador, Deputado, Prefeito, Governador ou Presidente.

Segundo a Constituição Federal, para uma pessoa se candidatar a algum cargo político são necessárias algumas condições mínimas. Ter a nacionalidade brasileira, o pleno exercício político — ter atingido a maioridade, ser eleitor e estar em dia com as obrigações militares, para os homens, e a condição criminal julgada quando houver — , possuir alistamento junto à justiça eleitoral e ser filiado a algum partido, são alguns dos requisitos para se tornar um candidato. Porém, condições que poderiam ser consideradas importantes, como uma “escolaridade mínima”, por exemplo, não aparecem como um requisito.

O Brasil, porém, faz parte de um grupo seleto de países que não exigem ensino superior para ser presidente. Usemos como exemplo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se elegeu possuindo apenas o ensino fundamental completo, sendo trabalhador metalúrgico e siderúrgico. Já na maioria dos países, como os Estados Unidos, por exemplo, exige-se o diploma universitário para se candidatar à presidência.

Considerando este assunto, e levando em conta as duas últimas eleições (Eleições Gerais de 2014 e Municipais de 2016), no estado do Rio Grande do Sul, nota-se que aproximadamente 11.699 candidatos, de um total de 29.990, não haviam concluído o ensino médio. Ou seja, 39% dos candidatos não tinham o segundo grau completo, sendo que parte desta quantia possuía ensino fundamental incompleto ou até mesmo não tinha escolaridade, sabendo apenas ler e escrever. Veja a tabela abaixo:

Políticos que não possuem Ensino Médio completo. | Danrley Passos via Infogram.

O número de candidatos que possuem ensino superior — qualquer tipo de formação profissional — também é assustador: apenas 22%. Ou seja, a maior parte dos candidatos que concorreram nas últimas eleições do estado, sequer tinha algum diploma universitário de alguma faculdade.

Se a análise for realizada com os políticos eleitos o resultado é um pouco melhor. A maioria dos vencedores possuem o ensino superior completo, com 31,9% da totalidade, porém, ainda há números preocupantes, como os 17,5% daqueles que possuem o ensino fundamental incompleto.

Levantamento da escolaridade de candidatos eleitos. | Danrley Passos via Infogram.

Ainda há muito para saber

Algumas informações importantes sobre os políticos, apesar de disponíveis, não chegam à população. A falta de conhecimento sobre os candidatos ainda é maior do que o conhecimento que se deve ter, e isso pode refletir diretamente no resultado das eleições e no caminho do país. Além dos dados sobre a escolaridade, também é possível saber sobre o patrimônio de cada político. Utilizando como exemplo o governador eleito no Rio Grande do Sul na última eleição, José Ivo Sartori, é possível identificar que o mesmo declarou bens como apartamentos, terreno, sala ou conjunto, ações, entre outros.

Além disso, o atual governador do estado, em sua prestação de contas, declarou ter recebido cerca de R$10.835.891,18 mi na campanha das últimas eleições. Na lista de empresas que mais doaram valores ao até então candidato a governador, estão a JBS, o Comitê Financeiro do PMDB, Zaffari, Brasdesco, e a BRASKEN.

Outro exemplo que podemos citar é o do atual presidente da república, Michel Temer. Segundo os dados apurados, o presidente, envolvido em polêmicas e acusações de crimes de corrupção com a mesma JBS citada acima, declarou 26 bens, dentre os quais estão quatro terrenos, dois apartamentos, fundos de investimento financeiro, veículos automotores, entre outros.

Sobre estes bens declarados pelos candidatos eleitos, notam-se como maioria os apartamentos, terrenos, veículos automotores terrestres como caminhão, carro ou moto, além de casas e depósitos bancários em conta corrente. Veja no gráfico abaixo:

Resumo com os bens mais declarados pelos candidatos eleitos em 2014 e 2016. | Danrley Passos via Infogram.

Nos links abaixo, também é possível acessar as tabelas de dados criadas pela reportagem a partir de dados do TSE, com a descrição detalhada dos bens dos políticos eleitos em 2014 e 2016.

Eleições de 2014 — Rio Grande do Sul: Dados sobre os bens dos candidatos eleitos: deputados, senador, governador e vice-governador, presidente e vice-presidente.

Eleições de 2016 — Rio Grande do Sul: Dados sobre os bens dos candidatos eleitos: vereadores, prefeito e vice-prefeito.

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