Expointer 2018 pode ter novo pavilhão para agricultura familiar

Leticia Szczesny
Jornalismo Econômico UniRitter Fapa
5 min readSep 7, 2017
Expointer 2017 tem recorde nas vendas do pavilhão da Agricultura Familiar. Crédito: Rebeca Souza

O sucesso nos últimos anos somado ao extraordinário valor arrecadado em 2017 pode render um novo pavilhão ao setor da agricultura familiar na 41ª Expointer, segundo autoridades

Por Leticia Szczesny, Rebeca Souza e Vinicius Moura

A 40ª Edição da Expointer terminou com alta na agricultura familiar. Os bons números das últimas edições e a cifra alcançada pelos produtores em 2017 pede que o espaço seja ampliado. O presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão (Emater-RS), Clair Kuhn, informou, em entrevista aos alunos de jornalismo econômico da UniRitter, que “para a edição de 2018 um novo pavilhão da Agricultura Familiar deve ser construído para receber as 150 famílias em todo o Estado” que hoje concorrem a um espaço entre os 198 expositores. Segundo o diretor administrativo do parque Assis Brasil, Sandro Schlindwein, até a segunda quinzena deste mês o edital pode ser publicado, e em fevereiro a obra provavelmente estará pronta.

Bons números

Mais de 382,6 mil pessoas visitaram a feira durante os nove dias de exposição, movimentando R$ 2,35 bilhões em negócios. Comparado a 2016 houve um aumento de aproximadamente 6% na comercialização, devido ao valor gerado pelo pavilhão da agricultura familiar. Foram R$ 2,8 milhões em vendas de produtos coloniais, 40% a mais do que em 2016.

Os números positivos deste ano já eram notáveis aos expositores antes do fim das atividades. “Esse ano tem sido muito bom. Temos vendido mais que o dobro em relação aos outros anos”, afirmou Éricles Raymundo, 22, na sexta-feira (01). Há 4 anos, Éricles e sua mãe, Ângela Raymundo, 45, saem de Passo Do Sobrado — distante 134 km da Capital — para vender doce de goiaba e outras especiarias na Expointer.

A feira permite o contato direto do agricultor com o consumidor. Crédito: Rebeca Souza

Sucesso de vendas

O Secretário Estadual do Desenvolvimento Rural e Cooperativismo (SDR), Tarcísio José Minetto, destacou que “as pessoas buscam [na agricultura familiar] aquele saber e sabores dos avós ou dos pais, lá de fora” difícil de encontrar no dia a dia das grandes metrópoles. De acordo com o presidente da Emater-RS, Clair Kuhn, a crescente de vendas no pavilhão da Agricultura Familiar se deve a alta qualidade dos produtos oferecidos. “Quando tu entras no pavilhão, automaticamente o cheiro te remete à infância, o interior do Estado”, ressaltou.

Éricles e a mãe Ângela Raymundo. Crédito: Rebeca Souza

Não só o fator sentimental garante a alta quantia comercializada no pavilhão familiar da Expointer. A qualidade é essencial. “Produto com qualidade também é diferencial, assim como a relação do consumidor com o produtor”, afirmou Minetto. “A Emater chega em todos os municípios nos quais atua, e identifica quem são os agricultores que tem potencial para oferecer comida de qualidade para a sociedade”, explicou Khun sobre a atuação da empresa.

O passo inicial dado pela Emater-RS junto aos agricultores, de assistência técnica e extensão rural, os leva a participar de vitrines como a Expointer. “É como se fosse o sonho de todos da agroindústria”, comentou Angêla Raymundo sobre a importância da feira para a família.

Enquanto outros setores são atingidos pela crise, como maquinários e vendas de animais, a agroindústria, quando não aumentou, manteve-se no mesmo nível. Em 2013, foi arrecadado R$ 1,5 milhão; no ano de 2014, R$ 1,9 milhão; já em 2015 e 2016, o valor esteve um pouco acima dos 2 milhões de reais. Na 36ª edição, 2013, máquinas e implementos agrícolas somaram mais de R$ 3,2 bilhões em negócios. Porém, nos anos seguintes os números despencaram, mesmo com a leve recuperação das ultimas edições, veja:

Tebela editada a partir da original da Secretaria de Comunicação (SECOM)

Em entrevista aos alunos de jornalismo econômico da UniRitter, o delegado da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário (SEAD) Marcelo Madalena disse acreditar que cada vez mais o consumidor está valorizando o produto alimentar de cadeia curta, tais como os produzidos pela agricultura familiar. “Se pararmos para observar os preços são bons, mas em muitas situações as pessoas preferem pagar mais por um produto da agricultura familiar, do que comprar o mesmo produto produzido no sistema tradicional adquirido em grandes redes”, explicou.

Ronaldo da Silva, 50, e Marli da Silva, 46, são um exemplo de que muitas pessoas vão para a Expointer com o objetivo de apenas visitar o pavilhão familiar. O casal visitou a feira no último sábado (02/09). “A gente foi direto para a Agricultura Familiar. Aquele lugar é maravilhoso”, contou Ronaldo após passar a manhã toda provando as especiarias oferecidas pelas famílias na feira. Ele e a mulher saíram do setor encantados com a qualidade dos produtos, a atenção dos produtores ao atender e as mãos cheias de sacolas de compras. “Na volta, todo mundo perguntava para gente onde era o pavilhão. Parece que todo mundo ia para o mesmo lugar”, disse Marli.

Exemplo para o país

“Aqui é um aprendizado para o resto do país”, afirmou o coordenador de Diversificação Econômica, Apoio a Agroindústria e a Comercialização da Secretaria de Agriculta Familiar e Desenvolvimento Agrário, Rodrigo Puccini. Em entrevista aos alunos de jornalismo econômico da UniRitter, ele ressaltou a grande importância do Rio Grande do Sul para os outros estados, quando se diz respeito a agricultura familiar. Segundo ele, em outras regiões, como sudeste e nordeste, o cooperativismo é quase inexistente, sendo assim a maioria associações.

De acordo com Puccini, a Expointer é um modelo de produção não somente para o Estado, mas para todo o Brasil. “Nós viemos começar aqui, por isso uma gestão que vai ser relançada agora, terá o Rio Grande do Sul como o primeiro Estado onde iremos a trabalhar”, afirmou ele. Para Rodrigo Puccini e Marcelo Madalena, delegado da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário (SEAD), o Estado deve ser usado como modelo no que diz respeito à agricultura familiar.

A atenção especial das famílias para com os visitantes, é um dos motivos pelos quais a agricultura familiar no Sul é um exemplo no País. Crédito: Rebeca Souza

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