Marketing: o verdadeiro interesse dos expositores agropecuários na Expointer 2017

Osmar Martins
Jornalismo Econômico UniRitter Fapa
5 min readSep 8, 2017
Foto: Vitória Karoline. Cacaio Lima, Proprietário da Fazenda Boa Esperança, sendo entrevistado pelo repórter Osmar Martins

Administrador da Fazenda Cia. Azul, Felipe Cassol, afirma que uma boa presença na feira pode agregar até 20% no valor geral dos animais da fazenda e angariar negócios para o ano todo.

Por: Osmar Martins

Nem vendas, nem competições. A verdadeira motivação dos empresários expositores de animais na Expointer 2017, realizada em Esteio (RS), é o marketing do negócio e a presença no mercado. Com as vendas caindo a cada ano, altos custos de transporte, inscrição e estadia dos animais, a presença na Expointer está cada vez mais ligada ao relacionamento entre fazendeiros.

Entrevistado pela equipe de reportagem, Felipe Cassol, representante da Fazenda Cia. Azul, localizada em Uruguaiana (RS), especializada na seleção de reprodutores Angus, Brangus, Bradford e Merino Australiano, afirma que a presença na feira é mais que um comércio, “é uma ação de marketing, por estarmos aqui, a gente proporciona novos negócios para a fazenda”, completa dizendo que uma boa atuação, com títulos e conquistas pode agregar até 20% no valor geral dos animais que estão na fazenda. Ainda segundo ele, a presença na Expointer destaca seu empreendimento para os negócios durante o ano inteiro, em remates, leilões e outras feiras de menor expressão.

Questionado sobre valores, Felipe disse que um bezerro com um ano de idade, que é geralmente a média dos animais que são expostos na Expointer, chega a custar R$6 mil reais a seus cofres, por diversos fatores de preparação que serão explicados posteriormente. Já o valor de venda, que normalmente estaria na casa dos R$8 mil, pode chegar a R$10 mil por conta dos bons resultados obtidos na feira. Aponta também uma margem otimista de 40% de lucro sobre a venda dos animais em bons negócios realizados após o término do evento.

Expondo consecutivamente desde 1984 na Expointer, Raul Southall, Proprietário da Cabanha Vacacaí, localizada em São Gabriel (RS), comercializando touros como Bradford, Ereford e Angus, salienta que o objetivo da presença na feira não está na venda, pois os melhores animais da fazenda estão ali e preservar a genética para a disseminação é a prioridade.

A venda é muito pouca, o nosso interesse aqui é ganhar novos negócios e ser bem lembrado durante o ano.” — Raul Southall

Um bom resultado na Expointer garante “boas lembranças” para o ano todo. Segundo Southall, não da pra mensurar em uma margem específica o crescimento dos negócios pós-feira, no entanto, quem não comparece é “esquecido” por diversos investidores, eventos, leilões e remates.

Foto: Reprodução. Equipe de repórteres entrevistando Raul Southall, Proprietário da Cabanha Vacaí.

Apesar do declínio drástico no faturamento total do evento nos últimos anos, a maré baixa não afetou os negócios da Cabanha Vacacaí.

Os meus negócios com a Expointer vem melhorando. A tendência é vender mais animais. Lógico, também porque estou produzindo em maior escala. Mas o objetivo é aumentar o número de vendas anuais sem baixar o preço. A meta é manter na casa dos R$10 mil reais, com um lucro de 50% por cabeça.” — Raul Southall

Nem no estande mais visitado da Expointer 2017 o foco estava nas vendas. Em entrevista com Cacaio Lima, Proprietário da Fazenda Boa Esperança, detentora do título de Touro Mais Pesado, com um 3M Batista, da raça Limousin, pesando incríveis 1.450 quilos, levando o bicampeonato entre os animais de maior pesado da feira, podemos identificar com maior clareza como funciona a presença do expositor na feira. Cacaio expõe desde 2013 e afirma que nunca deixará de participar, pois os negócios só melhoram.

O importante é estar presente, mostrar a genética, a qualidade dos animais da fazenda, o profissionalismo da equipe, estar aberto a possibilidades de negócios. Os meus animais não vieram pra vender, mas claro, se tu me oferece R$80 mil nesse touro aí tu leva.” — Cacaio Lima.

Cacaio ainda diz que seu estande não é o mais visitado simplesmente pelo título do touro mais pesado. Ressalta a qualidade de todos os seus animais, destacando a genética e a estrutura corporal de cada um e ainda seu investimento no evento, promovendo iluminação adequada e maior suporte, diferente da maioria dos outros estandes.

A Preparação do Gado de Corte

Por: Vitória Karoline

Dos quatros empresários entrevistados, todos falaram sobre a preparação do animal que é exclusivamente feita pela alimentação; o milho e o farelo de soja. A alimentação do boi precisa ser de extrema qualidade pois é fundamental para a rentabilidade na criação do gado de corte, visto que define o peso e é a partir dela que se expressa todo o potencial genético para produção e reprodução.

Joaquin Villegas, Proprietário da Fazenda Estância Namuncurá, localizada em Itacurubi (RS), ressalta que os animais expostos na Expointer não estão à venda, todos ali presentes são somente para reprodução, que custa em média de R$14 mil reais.

Foto: Vitória Karoline. Angus da Fazenda Estância Namuncurá expostos na Expointer 2017 para a comercialização de sêmen.

São animais de genética, o preparo para chegar até aqui é a exclusivamente a alimentação, selagem de milho e ração. O valor gasto com cada boi nesta preparação é acima de R$5 mil reais” — Joaquin Villegas

Um dos nutrientes presentes nas rações dos gados é a vitamina A, que possui uma ação protetora na pele deles, garantindo uma pelagem de qualidade. A vitamina D, para quando o animal estiver exposto ao sol não ter a deficiência desta vitamina, vitamina E, oxidante e estimula a produção de hormônios, vitamina K, para coagulação sanguínea e vitamina C, que contribui nos componentes da pele e do tecido conjuntivo.

Jairo Borchevski, da fazenda Lobo Guará, localizada em Muitos Capões (RS), diz que não existe um detalhe especifico para classificar o boi que será exposto.

Quando nasce a gente já descobre que é um animal para exposição, avaliamos no olhar mesmo. A gente se preocupa muito com os animais que vão vir aqui e ser expostos. Os principais cuidados que temos com eles é com higiene, água e comida” — Jairo Borchevski

Felipe Cassol, da Cia. Azul, comenta sobre os requisitos para o animal ser exposto na Expointer.

Os animais que vem pra Esteio são normalmente animais que se destacam desde bezerro. Nasce um grande volume na fazenda e a gente identifica os melhores. ” — Felipe Cassol

Aos dois meses de idade, os bois precisam de uma alimentação especial que requer mais atenção e cuidado. Os custos em média chegam até R$6 mil reais, isso por que a ração é mais cara até mesmo pelo fato que é misturado leite em pó até os 7 meses de vida do animal, onde ele ainda esta mamando.

Os interesses dos proprietários das fazendas na Expointer não são de vender animais, mas sim de adquirir novos relacionamentos empresarias para futuros negócios. Concluímos também que o fator principal para a seleção dos bichos serem expostos é a sua qualidade genética e individual.

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