Sobrevivência na lista

Alice Fortes
Jornalismo Econômico UniRitter Fapa
5 min readOct 7, 2017

Quanto custa para ser transplantado no Brasil

Por Alice Fortes e Ana Hoffmann

FONTE: PORTAL HOSPITAIS BRASIL

No Brasil a média de pacientes que estão à espera de um transplante de órgão é de 41.236. O procedimento para doação começa através do diagnóstico de morte encefálica do doador e segue até a recuperação do paciente que foi transplantado. Em 2016 o País registrou o maior número de doações da história com 2.983 doadores. Os números de pessoas que aceitaram doar subiu em torno de 5% no ano passado em comparação com ano anterior. Ficando assim com uma taxa de 14,6 por milhão da população (PMP).

O território brasileiro possui o maior sistema público de transplantes no mundo. Em uma avaliação realizada sobre equipes de transplantes no ano de 2014, observou-se que existe uma para 1,4 milhão de população, e a necessidade é de 1,5 milhão a 3 milhões. Para o transplante de fígado a necessidade é de uma para 3 a 5 milhões. O número adequado de equipes de transplante de coração é de uma para 6,2 milhões, o de pâncreas uma para 9,1 milhões e de pulmão uma para 31,8 milhões. A necessidade prevista é de uma para cada 5 a 10 milhões de habitantes para esses órgãos.

A família que escolhe realizar a doação de órgãos não paga nada e também não recebe nenhum valor para essa ação. Cerca de 90% dos transplantes realizados foram financiados pelo SUS, tendo incluso assistência integral, com exames preparatórios, cirurgia, acompanhamentos e medicamentos pós-transplante. O Brasil é um dos países que mais transplanta no mundo passando de R$ 453,3 milhões para R$ 942,2 milhões. O Ministério da Saúde mais que dobrou o orçamento na área de transplantes desde 2008. Os custos de medicamentos utilizados pós-operatório financiados pelo SUS ficou em R$ 2,2 bilhões em 2016. Existindo uma cooperação voluntária e solidária de todas as companhias de aviação nacionais e da Força Aérea Brasileira (FAB) para transportar órgãos, tecidos e equipes de retiradas. O Ministério da Saúde consegue requisitar aeronaves adicionais à Força Aérea quando se trata de auxilio e deslocamento para esse tipo de cirurgia.

Houve um aumento de 19% entre os anos de 2010 e 2016 nos transplantes de modo geral. Transplantes de rim com 18%, passando de 4.660 para 5.492, fígado teve um aumento de 34% totalizando 1.880 já a medula óssea foi o segundo transplante com maior índice de crescimento de 39%, saltando de 1.695 para 2.362 , mas o pulmão continua sendo o campeão de procedimentos batendo uma média de 53% passando de 60 para 92.

A fila de espera no final de 2016, havia 41.042 pessoas aguardando por um transplante, sendo a maior parte delas (24.914) para rim. A taxa de aceitação dos familiares para doação ficava em torno de 57%, número relativamente baixo para atender toda a demanda existente.

Alguns fatores são essenciais para o entendimento do assunto quando se trata de doação de órgão ligado diretamente com o transplante. O conhecimento de como ocorre o processo de captação de órgãos, o procedimento cirúrgico e seus fatores de risco é um passo importante para diminuir a lista de espera e a ansiedade incessante de quem está nela.

As equipes de Organização de Procura de Órgãos conhecidas como OPO buscam aprimorar seus conhecimentos dentro de suas regiões caracterizadas por hospitais das cidades que possuem estrutura para uma cirurgia tão invasiva como o transplante. Esse serviço é vinculado diretamente à Central de Transplantes do Rio Grande do Sul e deve acompanhar e divulgar atividades que promovam a causa. Visitar hospitais para tentar encontrar possíveis doadores, articulação para identificar a morte encefálica dentro dos cuidados éticos e apoio as famílias são alguns dos fatores importantes dessas organizações.

As atribuições são regulamentadas pela Portaria 2600 de 21 de outubro de 2009. E atualmente o Rio Grande do Sul conta com seis OPOs dentro de diversos hospitais da Capital.

· OPO 1 — Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre

· OPO 2 — Hospital São Lucas PUC/RS-Porto Alegre

· OPO 3 — Hospital Nossa Senhora Pompéia- Caxias do Sul- em implantação

· OPO 4 — Hospital São Vicente de Paulo de Passo Fundo

· OPO 5 — Hospital Santa Casa de Caridade de Rio Grande

· OPO 6 — Hospital Bruno Born — Lajeado

· OPO 7 — Instituto de Cardiologia- Porto Alegre- equipe de retirada de órgãos abdominais- em implantação.

Desde a implantação das OPOs no Estado, as doações de órgãos vem aumentando. De acordo com dados publicados pelo Hospital São Lucas da PUCRS, a OPO 2 localizada dentro do complexo hospitalar, foi responsável por 29% de todas as notificações e 30% das doações no Estado em 2014. A efetivação das cirurgias chegou a 37%, valor considerado acima da média estadual.

O processo começa com o diagnóstico de morte encefálica de um potencial doador e termina na recuperação do paciente que recebeu um novo órgão. Entre essas etapas, é preciso correr contra o tempo, levantar informações importantes sobre o histórico do doador e do paciente.

Existem tipos de transplantes, por exemplo, o transplante alogênico no qual as células provém de outro indivíduo precisando haver nível de compatibilidade do material sanguíneo. As células utilizadas para essa ação são retiras do obtidas do sangue de um cordão umbilical. O transplantes autólogo é o tipo de transplante que acontece com autossuficiência é realizado através das células do próprio organismo. Neste caso o paciente não precisa de um doador. Porém isso ocorre só em casos de doenças que não afetam a medula óssea.

O mais conhecido pela população é o transplante heteroplástico que realiza a transplantação de órgãos e tecidos de um organismo para outro, dependendo assim de um doador seja ele com grau de parentesco ou não. Neste transplante é englobado todos os tipos de órgãos. E o segundo maior transplante realizado no Brasil é o de Medula óssea que trata-se de um tecido gelatinoso que fica no interior dos ossos desempenhando um papel fundamental nas células sanguíneas.

O maior receio das famílias de possíveis doadores é a deformação do corpo e a pouca informação de como e para quem esse órgão será doado. Para os pacientes que vivem a angústia da espera o principal medo é a rejeição do órgão. Para evitar esse tipo de problema existem alguns exames que auxiliam a equipe médica a descobrir se o potencial doador terá compatibilidade com o possível receptor. O HLA é o responsável geneticamente por definir e reconhecer o que é próprio ou não na compatibilidade entre doador e receptor, determinante para a realização eficaz do transplante, ou seja, quando duas pessoas compartilham os mesmos Antígenos Leucocitários Humanos eles possuem tecidos imunologicamente compatíveis.

Outro fator importante para a eficácia do transplante é o chamado Cross-Match. O teste que indica se o receptor tem anticorpos contra o potencial doador deve ser negativo para que o paciente receptor possa receber um rim do doador, por exemplo, sem que ocorra uma possível rejeição.

As etapas de captação de órgãos, conscientização, transplante e pós-operatório são cansativas e desgastantes seja para familiares de doadores, seja para receptores, entretanto cada segundo, história, momento de esperança podem mudar a vida de milhares de crianças, pais, esposos, irmãos que acompanham diariamente a busca angustiante por apenas um nome na lista de espera daqueles que lutam para sobreviver.

Fontes:

http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/366-sas-raiz/dahu-raiz/transplantes-raiz/transplantes/21679-doacao

http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/1491/1/td_1629.pdfhttp://www.abto.org.br/abtov03/Upload/file/RBT/2014/rbt2014-lib.pdf

http://www.brasil.gov.br/saude/2017/03/numero-de-brasileiros-doadores-de-orgaos-bate-recorde-em-2016

http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/972-sas-raiz/dahu-raiz/transplantes-raiz/snt-2/snt-2-linha-2/21298-organizacao-de-procura-de-orgaos

http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/366-sas-raiz/dahu-raiz/transplantes-raiz/transplantes/21680-morte-encefalica

https://www.fc.unesp.br/Home/PosGraduacao/MestradoDoutorado/EducacaoparaaCiencia/revistacienciaeeducacao/cen02a10.pdf

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