Dupla Gre-Nal almeja saldo positivo nos cofres para o final de ano

Análise financeira de Grêmio e Internacional mostra otimismo para 2018. Confira a entrevista exclusiva com o repórter do Portal Época e especialista sobre negócios no esporte e marketing esportivo, Rodrigo Capelo.

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Por Gabriel Borba e Guilherme Escouto

A Arena do Grêmio (E) conta uma capacidade máxima de 60.540 lugares, já o Beira-Rio (D), com 51.200. Foto: Créditos na imagem

Foi baseado nos erros de gestões passadas que a atual direção da dupla Gre-Nal se espelha em um planejamento orçamentário para conter os custos e, por vezes, lucrar. Segundo o Portal de Transparência da dupla Gre-Nal, em 2017, o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, com os ganhos e despesas, espera acabar o ano com cerca de R$ 37 mil. Já o Sport Club Internacional, com R$ 28 milhões.

A consciência financeira está diretamente ligada à organização das diretorias. É o que assegura o jornalista esportivo e econômico do Portal Época, Rodrigo Capelo (http://epoca.globo.com/esporte/epoca-esporte-clube). “Se os clubes se autorregulassem com mecanismos como tetos salariais individuais ou coletivos, talvez os orçamentos parassem de sangrar”. A afirmação, embasada pelos levantamentos realizados pelos gaúchos, se concretiza ao tomar como exemplo os números bancários do Grêmio. Os dados apresentam que, nos últimos cinco anos, somente com o atual presidente gremista, Romildo Bolzan Júnior, o clube obteve lucro final.

Ao término de 2016, os cofres do Tricolor alcançaram a marca de R$ 47 milhões, o que refletiu em dados positivos para a conclusão de 2017 no seu plano orçamentário. Antes disso, nos últimos dois anos de gestão do ex-presidente Fábio Koff, 2013 e 2014, os Tricolores tiveram, ao todo, um déficit de R$ 83 milhões.

Apesar disso, com a troca de gestão, em 2017 o Grêmio vive uma realidade financeira diferente, convivendo com o lucro em vários setores. Conforme uma fonte ligada ao clube, a situação bancária, hoje estando na final da Libertadores da América, só tende a melhorar. A prova disso está nas vendas da loja oficial, a Grêmio Mania, que arrecadou 169,9% do previsto para o segundo trimestre do ano. O mesmo aconteceu com o televisionamento, que foi 116,1% a mais que o projetado, rendendo R$ 68,5 milhões ao clube.

Já no Internacional, em 2016, os cofres ficaram no ‘’vermelho’’, pois o resultado final teve um déficit de R$ 25 milhões com a diretoria da gestão passada, tendo como condutor do carro-chefe o ex-presidente Vitorio Piffero, que foi o comandante no biênio de 2015 e 2016. A atual administração, que tem como presidente Marcelo Feijó de Medeiros, em 2017, mesmo recebendo o comando com dívidas, estimou ficar com o cofre positivo ao fim da temporada, com R$ 28 milhões em caixa.

Grandes despesas

O Grêmio, em 2017, almejou R$ 267.294.368 como receita do clube. Números altos se não fossem pelas despesas de R$ 267.257.177, restando cerca de R$ 37 mil com o orçamento. Os gastos, com pagamentos em geral, dívidas e investimentos, ainda assim não seria maior que a receita, aumentada com locações, marketing, prêmios, entre outros.

O Internacional, em seu plano orçamentário, almejou faturar R$ 302.057.000 milhões. Com os custos operacionais das atividades futebolísticas, o Inter orçou, ao todo, aproximadamente R$ 188 milhões. E parte desse valor, R$ 126 milhões, seria destinada ao salário dos jogadores durante o ano (pessoal, benefícios e direitos de imagens).

Desse modo, se compreende que para manter um clube é necessário estimar grandes custos, pois tudo está em torno do dinheiro. Os times realizam uma projeção de como será o ano, e com isso, tentam seguir o planejamento para não gastarem mais do que se têm.

Capelo diz que não há segredos para as equipes criarem alternativas para não ficarem com saldo negativo no caixa no final da temporada. “É preciso orçar despesas dentro de uma previsão realista de receitas”, e ainda afirma: “O clube pode contar com o contrato de TV, alguns patrocínios, e uma previsão com os pés no chão de bilheterias e quadro social.”

Salários como empecilho

Os salários exorbitantes que assolaram a dupla Gre-Nal nos últimos anos também foi um dos fatores que ocasionaram nos números atuais dos caixas das duas equipes. Mesmo com a liberação de 26 jogadores no final do último ano, não houve uma redução na folha salarial do elenco colorado. O Internacional, hoje, conta com 35 jogadores no plantel profissional masculino da equipe, incluindo as novas contratações e promoções de jovens da categoria de base. No Beira-Rio, a receita salarial do ano ficou estimada em aproximadamente sete milhões de reais.

Com uma situação um pouco melhor em relação ao cenário de futebol, o Grêmio tem as suas economias salariais parecidas com as do Inter. O Tricolor, na elite do futebol brasileiro e com 34 jogadores no elenco profissional masculino, gasta o mesmo que o clube Colorado, que possui um jogador a mais no plantel e se encontra na segunda divisão do campeonato nacional.

Um comparativo salarial entre a dupla Gre-Nal se mostra, atualmente, mais equilibrado em relação a 2016, quando o Inter, mesmo sem estar disputando a Copa Libertadores da América, gastava 43% a mais que o seu rival.

Se baseando em anos anteriores, os valores salariais dos atletas diminuíram, porém ainda são altos em comparação, por exemplo, com o futebol feminino, que também tem o seu espaço dentro dos clubes. É o que afirma a diretora de futebol feminino do Sport Club Internacional, Eduarda Marranghello Luizelli, a Duda. “No Brasil varia muito. Hoje, uma jogadora ganha em média, em um clube que joga a série A1, de três a cinco mil reais, pois essa é a média das melhores equipes.”

Essa diferença é tão exorbitante quanto o comparativo dos valores que Grêmio e Inter conseguiram ao final dos últimos anos confrontado com o atual. Mesmo com um superávit, os clubes devem orçar grandes custos. A projeção de como será o ano financeiramente é essencial para os times não gastarem mais do que se têm em caixa. Com uma expectativa otimista para o restante do ano, e se a receita bruta ficar positiva, a dupla Gre-Nal pretende chegar forte para 2018.

Contatamos os dirigentes de ambas as equipes, mas não obtivemos êxito. O Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense não dá suporte para trabalhos acadêmicos e com o Sport Club Internacional não tivemos respostas.

Fontes utilizadas:

http://www.gremio.net/governanca/documentos/Orcamento2017_v2.pdf

http://transparencia.internacional.com.br/uploaded/Plano%20Or%C3%A7ament%C3%A1rio%202017.png

https://gauchazh.clicrbs.com.br/esportes/gremio/noticia/2017/08/gremio-mantem-otimismo-com-situacao-financeira-do-clube-9877179.html

https://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2017/10/09/torcida-loja-e-tv-gremio-supera-previsao-e-preve-contas-no-azul.htm

http://epoca.globo.com/esporte/epoca-esporte-clube/noticia/2017/05/financas-do-internacional-endividado-e-gastador-o-clube-colorado-esta-em-apuros.html

Gabriel Borba: Entrevistou o jornalista esportivo e econômico do Portal Época, Rodrigo Capelo.

Guilherme Escouto: Entrevistou a diretora de futebol feminino do Sport Club Internacional, Eduarda Marranghello Luizelli.

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