Maquinário agrícola pretende manter as vendas

A empresa Valtra apostou na tecnologia em suas máquinas na 40 Expointer. Foto: Gabriel Borba

Nos últimos quatro anos a comercialização do maquinário agrícola teve um déficit considerável passando dos 70%.

Por: Gabriel Borba e Guilherme Escouto

Considerada a maior feira a céu aberto do continente e uma das maiores do mundo no gênero, a Expointer traz ao Rio Grande do Sul inovações do mercado de máquinas e implementos. Estas, expostas pelos maiores fabricantes nacionais de máquinas e acessórios agrícolas, têm o intuito de mostrar os seus produtos com a tecnologia dos lançamentos e das mercadorias já consagradas aos produtores e aos visitantes.

Impossível falar do maquinário agrícola e não citar os seus compradores, os produtores rurais. Eles que, a cada feira, são atraídos pelo glamour e pela alta tecnologia dos novos produtos de cada empresa.

Para que o valor total do lucro geral do setor na 40ª Expointer seja acima do esperado — e superior ao ano anterior — os vendedores, em sua maioria, buscaram se adaptar para sobreviverem à crise econômica.

As empresas de máquinas agrícolas têm boas perspectivas para esta edição. O coordenador tático de vendas da empresa Valtra, Fabrício Müller, 38 anos, natural de Teutônia, tem expectativas de que as vendas deste ano superam as do ano anterior. “É o nosso objetivo. Viemos para a feira mostrar o nosso produto. Mostrar a solução que a marca tem, e claro, gerar venda. Estamos trabalhando com transações a curto e médio prazo, porque o produtor vem olhar o produto, conhecer as soluções que temos, definir o negócio agora ou mais além” ressalta.

“Nós sempre apostamos no positivo” é o que diz o gerente regional de vendas da empresa Tatu Marchesan, Luiz Longo, 61 anos, natural de Passo Fundo. A perspectiva para essa exposição é boa na opinião do gerente de comunicação da empresa Jacto, José Tonon Júnior, 50 anos, natural de Marília — SP. “Agora é um período que nós chamamos de ‘período aquecido’ para vendas de máquinas, então até o final do ano ter vendas maiores que o ano passado e, logicamente, conseguindo um faturamento significativo”, completa.

O comércio de máquinas agrícolas foi um dos destaques desta edição Foto: Gabriel Borba

A cada edição, mais máquinas surgem como novidades no mercado, seja pelo seu preço acessível em relação às outras ou por se utilizarem de funções ainda não conhecidas até então.

Tonon explica que a Jacto consistentemente investe em pesquisas de desenvolvimentos, não parando nem mesmo no período da crise, tanto com as pesquisas quanto em lançamentos. “Nós investimos entre 3% a 5% ao longo do ano em pesquisas de desenvolvimento, 3,5% do faturamento.”

Outra empresa que também investiu em tecnologia foi a Valtra, que traz soluções de tratores, colheitadeiras, uma linha ampla de plantio, etc. é o que diz Müller. “O grande destaque aqui para a feira são os tratores com transmissão SVT, e somos a única marca que tem esse produto no mercado brasileiro. Possuem uma transmissão 100% variável de 0,03 até 40 km/h. É um diferencial muito grande que traz eficiência, produtividade e economia de combustível em relação a hora trabalhada ou hectare trabalhado. Por isso é economicamente mais viável para o produtor”, explica.

Tonon diz que a novidade para a feira é uma campanha de descontos para máquinas tratorizadas. “É um desconto de 3%, que no valor das máquinas é um valor considerável, e além disso, nos parâmetros voltado para a agricultura de precisão, nós estamos dando um desconto especial de 20% sobre os itens da agricultura de precisão”.

José Tonon finaliza dizendo que não é só trazer um produto novo, é necessário dar condições para que a tecnologia chegue ao agricultor. “Quando se fala em agricultura de precisão, você pensa que é mais voltado para o agricultor grande, mas nós não, especificamente nos últimos dois anos estamos fazendo um trabalho muito forte voltado para levar a agricultura de precisão ao pequeno produtor.

Empresas montam estandes para expor seus produtos Foto: Gabriel Borba

Mas as grandes empresas vêm enfrentando dificuldades nesse quesito por conta da crise que vem assolando o Brasil nos últimos anos. O setor de comercialização do campo da Expointer é o que gera negócios mais significativos, mas vem sofrendo um grande déficit.

Segundo dados da feira, na área de máquinas e implementos agrícolas, a diferença é notória, mas ainda vem mantendo a liderança com receitas gerando bilhões de reais. Enquanto em 2013 o lucro obtido foi de 3,7 bilhões de reais, no ano seguinte, em 2014, já teve um declínio de 17%, ficando com 2,7 bi.

Como se já não bastasse essa queda, no próximo ano, em 2015, também teve uma baixa relevante, onde foi arrecadado 1,6 bi, uma perda de 37%, e no ano passado, em 2016, tiveram um lucro de 1 bi, uma diferença em relação ao ano anterior de 35%, ou seja, em quatro anos as vendas caíram 71%.

O vendedor da LS Tractor, Márcio Bisoto, 45 anos, natural de Caxias do Sul, está convicto que o agronegócio é a base da economia, e o que sobrevém é uma crise política e não econômica. “Existem vários interesses econômicos por parte dos políticos, mas não existe uma preocupação com o mercado, com o desenvolvimento do Brasil”, declara.

Müller também partilha do mesmo pensamento, ele diz que o cenário político interfere de uma forma negativa no agronegócio. “Querendo ou não, retrai o próprio produtor e todos acabam ficando com incertezas”, afirma.

Para Tonon, o segmento que menos sofreu com o crescimento da crise foi o setor do campo. “Logicamente, houve queda nas vendas, uma queda significativa, mas ainda assim, se a empresa se posicionou de uma forma apropriada e manteve o investimento, ela está conseguindo passar por isso sofrendo menos que os demais mercados”, ressalta.

A 40ª edição da Expointer fez com que as empresas tivessem fé de que as expectativas fossem superadas. Isso os obrigou a trazer novas tecnologias e soluções aos produtores por consequência dos anos anteriores.

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