O sabor e qualidade do Rio Grande do Sul

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Com incentivo de Políticas Públicas e entidades ligadas ao produtor rural, a 19° Feira da Agroindústria Familiar, realizada dentro da 40° Expointer 2017, traz esperança de bons resultados aos expositores.

Por Isabel Borges, Helena Ribeiro e Tiago Silveira

Engana-se quem pensa que o Rio Grande do Sul se resume ao churrasco e ao tão tradicional chimarrão. A soja, o arroz, o milho, o trigo, a uva e a maçã estão entre os alimentos com maior produção no Estado. Em uma rápida caminhada pelo Pavilhão da 19ª Feira da Agroindústria Familiar da Expointer é possível identificar toda essa variedade.

A agricultura familiar representa somente 30% da área no estado, mas apesar disso os números impressionam. Segundo o censo agropecuário de 2006 do IBGE, o setor é responsável por 49% do valor da produção e representa 81% do pessoal. Com as grandes taxas de produção, muitas vezes o agricultor familiar não dá conta de distribuir todo alimento e, então, para evitar o desperdício, surgem as agroindústrias familiares.

Produtos diferenciados e qualidade assegurada

Frutas em compotas expostas no estande da família Suboki. Foto: Isabel Borges

A família Suboki cultiva frutas desde 2000 no município de Sete de Setembro, na região das Missões. Para evitar o desperdício, começaram aos poucos a industrializar suas frutas em compotas e comercializar na cidade. Em 2002, a Emater-RS, associação que auxilia e disponibiliza formação para os agricultores familiares, incentivou a família a participar da Expointer e de outras feiras em vários estados do Brasil. Desde então o negócio só cresceu. “Ajudou muito. Os clientes chegam e olham direto se tem o selo Sabor Gaúcho e em 2008 a gente até ganhou um prêmio da Senar”, conta Eli Suboki.

O selo Sabor Gaúcho é uma iniciativa da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR) e assegura a qualidade do produto. As agroindústrias que possuem o selo são avaliadas e recebem acompanhamento constante da assistência técnica e do estado. Nesta 40ª Expointer a agroindústria Engenho Velho, do município de Roque Gonzalez, foi a milésima certificada para o uso do selo.

Agricultoras da Agroindústria Tigre estão animadas com as vendas. Foto: Tiago Silveira

Muitos salames, copas e linguiças, assim está montado o estande Agroindústria Tigre, de Iracema Hermes Konzen, 64 anos, natural de Arroio do Tigre, região Centro-Serra do Rio Grande do Sul. Mateando um chimarrão, ela conta que já é o terceiro ano de participação da Agroindústria Tigre na Expointer. Dos três anos de feira, esse está sendo a melhor conforme Iracema. “ No primeiro ano vendemos 500 kg, no segundo 800 kg e para esse ano esperamos vender 1000 Kg em produtos”, informa. De acordo com ela, o que ajudou, além da clientela conquistada nos anos anteriores, foi a aquisição do selo Sabor Gaúcho.

E não foi apenas a Dona Iracema que sentiu a diferença nas vendas. De acordo com o levantamento feito pela SDR, o primeiro dia da feira, em comparação com o ano anterior, teve um aumento de 20% das vendas. Além do acréscimo de agroindústrias com o selo Sabor Gaúcho, outro ponto que pode ter favorecido o aumento das vendas, foi a diminuição de estandes no pavilhão. Com a redução de 217 estandes para 201, o pavilhão ficou com mais espaço para circulação dos visitantes. “E com isso os estandes ficaram maiores e estão acomodando melhor os agricultores”, complementa a assessora de políticas da Agricultura Familiar da Fetag-RS, Neiva Gabi.

E todo o trabalho das agroindústrias na feira é feito com amor, competência, e, principalmente, dedicação. De 26 de agosto a 03 de setembro a rotina dos agricultores fica toda dentro do Parque mesmo. A maioria dos expositores optam por montar acampamento no estacionamento destinado a eles. Lá eles dormem em colchões colocados dentro de seus caminhões ou em barracas. Além de ajudar a diminuir as despesas, torna a jornada mais prática.

Acampamento montado no estacionamento dos agricultores. Foto: Isabel Borges

E todo esse esforço vale a pena. O diretor do departamento de agricultura familiar da SDR, José Alexandre Rodrigues, afirma que muitas vezes o agricultor que participa da Expointer obtém um grande crescimento deixando de se encaixar no conceito de agroindústria familiar e, consequentemente, deixando de participar da feira. “É isso que o programa quer, ajudamos a começar lá no cadastro, legalizamos ele para a feira, ele começa a vender, pega o gosto, começa a vender para redes grandes de mercado e já não quer mais vir para à feira porque tem que atender outras demandas maiores”, acrescentou.

É possível notar em seus olhares a simplicidade de estarem ali. O acordar às seis e meia da manhã para arrumar os produtos nos estandes, preparar o mate e, às oito da noite, encerrar os trabalhos na maior feira de agropecuária da América Latina.

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