Pecuária de precisão ganha espaço no campo

Apesar de facilitar a vida dos produtores rurais, desenvolvimento tecnológico esbarra no alto custo

Por Brenda Aurelio e Leonardo Dutra

Chips já são vistos com frequência nos animais (Crédito: Brenda Aurelio)

A inovação é um dos principais motores da economia. Com o crescimento exponencial de novas tecnologias, a precisão na pecuária tem ganhado força entre os produtores rurais, que buscam métodos cada vez mais rigorosos de avaliação no campo.

A pecuária de precisão é um conceito criado com o intuito de melhorar o manejo do rebanho através de uma série de cuidados, buscando uma melhor exatidão através da coleta de dados. Para Quintino Izídio dos Santos Neto, analista de TI da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) — que palestrou sobre o tema na 40º edição da Expointer — a pecuária de precisão traz economia com sustentabilidade para o produtor. “Essas tecnologias tiram qualquer dúvida sobre qual o melhor caminho a ser tomado no campo. Tudo isso respeitando o meio ambiente”, explica.

A aposta do momento é a BalPass, balança com pesagem dinâmica através de um chip implantado na orelha, estômago ou umbigo do rebanho, que identifica o peso e envia os dados para um aplicativo. Este chip também é utilizado para controlar a saúde e identificar animais que podem prejudicar o rebanho.

Apesar de ainda estar em fase de testes, o projeto elaborado pela Embrapa em parceria com a empresa Comércio Indústria de Madeiras e Metalúrgica São Cristóvão (COIMMA) tem entusiasmado. “Ao invés de irritar o animal levando até a balança, nós levamos a balança até ele, deixando perto da água ou da comida”, afirma José Dias, Supervisor Nacional de Vendas da COIMMA.

Outro aparato tecnológico é a pistola de dosagem eletrônica. “Ela garante a quantidade ideal de medicamento, que varia de acordo com o peso de cada ovino, assegurando 100% de eficácia”, esclarece Naylor Bastiani Perez, pesquisador da Embrapa.

Os drones também são cada vez mais vistos nas lavouras. Este equipamento utiliza GPS e câmeras que ajudam no mapeamento das diferenças do solo. De acordo com Naylor, essas aeronaves não tripuladas garantem também a verificação do posicionamento correto das cercas, que separam os animais.

Complementando essa tecnologia, está em fase de estudo a utilização de colares nos animais. “Estão sendo capacitados para fornecer pulsos elétricos conforme coordenadas geográficas e permitirão o treinamento e condução do pastejo em determinadas áreas”, afirma.

Pistola com medidor de dosagem foi exposta na Expointer (Crédito: Brenda Aurelio)

Pequenos produtores ainda precisam buscar por alternativas

Apesar das novidades serem de grande ajuda, esses equipamentos não são baratos. O BalPass custa cerca de 25 mil reais, segundo José Dias. A pistola de dosagem também tem um alto valor, custando 10 mil reais em média.

Os próprios drones têm um custo elevado para produtores rurais menores, o que pode inviabilizar sua entrada nesse mercado. De acordo com Quintino, a saída é a união entre estes produtores. “Através das cooperativas pode se fazer um levantamento da região e comprar um único aparato para a utilização de todos”.

Também é possível trazer mais precisão para o campo sem depender de equipamentos sofisticados. Através de observações dos animais e do ambiente é possível controlar a fertilidade do solo, retirar plantas indesejadas e controlar em qual local o pasto deve crescer. “A aplicação seletiva de herbicida pode ser facilmente controlada manualmente, através de uma enxada química, que pode ser feita de cano”, sugere Naylor.

Aliar a tecnologia com o preço baixo não é fácil. “Nós tentamos baratear os produtos, mas é complicado, pois quase tudo é importado e leva anos para se tornar popular nas lavouras”, justifica Naylor. Apesar disso, a Embrapa realiza pesquisas e análises com o intuito de criar tecnologias mais acessíveis para os pequenos produtores.

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