Tecnologia e produção nacional são destaques na 40ª Expointer

Google Glass na Massey Ferguson. Foto: Marcus Berthold — Divulgação Massey Ferguson

Massey Ferguson desenvolve inovações tecnológicas, enquanto a Agrale se concentra em produzir equipamentos nacionais

Por Daniel Fagundes, Lucas Arruda e Bruno Quiroga

A multinacional Massey Ferguson, do Grupo AGCO, anunciou na 40ª Expointer o uso do Google Glass no processo industrial da fábrica. O acessório está sendo utilizado na área de controle de qualidade e traz uma grande inovação e agilidade para o setor. A Massey Ferguson é a primeira empresa da América Latina a implementar essa tecnologia.

Google Glass é um acessório em formato de óculos criado pelo Google que permite o uso de vários aplicativos e sistemas através da interação direta pela visão do usuário e toques nos sensores localizados nas hastes do equipamento. O produto foi lançado em 2013 para empresas e pessoas selecionadas. Começou a ser vendido para o público em geral em 2014, mas um ano depois, devido a muitos problemas, o acessório deixou de ser comercializado.

O equipamento começou a ser testado o em 2015 na fábrica de Jackson, EUA, e no ano passado foi trazido para o Brasil. A tecnologia foi desenvolvida pelo Google e a Massey, através do FUSE (Programa de monitoramento e suporte do mercado agrícola), desenvolveu as funcionalidades específicas para serem usadas nas fábricas.

Dener Jaime nas tecnológicas máquinas agrícolas da Massey Ferguson. Foto: Reprodução -Divulgação Massey Ferguson

O uso do acessório agiliza o processo de análise dos produtos e no futuro deve acelerar também a montagem e entrega das máquinas. “Antes a gente tinha o nosso operador de fábrica fazendo duas operações: visualizando o que tinha de conformidade na máquina e o bloco, e então voltava para o computador para fazer o cadastramento ou checklist. Hoje ele consegue fazer com o óculos na face, sem necessidade de ficar se locomovendo” destaca o coordenador de marketing do produto Fuse, Dener Oliveira Jaime.

Além do projeto com o Google Glass, a AGCO desenvolveu o AVG, um veículo não tripulado. O automóvel autônomo é guiado através de GPS e percorre toda a área delimitada, possuindo também uma função para desvios de obstáculos, aumentando o tempo de produtividade reduzindo os custos. Outro destaque tecnológico exibido pela empresa na Expointer, foi o Agcommand, um sistema de monitoramento completo de todas as funcionalidades das máquinas agrícolas em tempo real.

Todos os projetos desenvolvidos pela AGCO são pensados no exterior e adaptados para o Brasil. Segundo a empresa, eles são pioneiros na implementação de diversas tecnologias em solo nacional como o Agcommand, AVG, além do Google Glass.

Ainda no mundo analógico, a Agrale, atuante há mais de 50 anos no país, é a única representante brasileira no seguimento de máquinas agrícolas e conta com a utilização de peças de fora do país para compor a sua linha de produção. O percentual de internacionalização varia de uma máquina para outra, mas na maioria, motores, eixos e transmissão vêm do exterior, ainda que, existam tratores, por exemplo, fabricados com motores próprios, desenvolvidos no Brasil — mais especificamente em Caxias do Sul. No entanto, não só apenas no estado mais meridional do país vive a empresa, que se difunde pelo resto do território brasileiro através de concessionárias, incluindo exportações para outros países dos continentes americano, europeu e africano.

Motores brasileiros da Agrale na 40ª Expointer. Foto: Bruno Quiroga

A empresa divide a atuação entre o setor da agricultura familiar e industrial, mas o mercado mais forte mesmo é, de fato, o agrícola. É o que garante o gerente de marketing da Agrale, Fábio Melotto Júnior. Hoje a Agrale possui a maior gama de tratores e a linha mais completa com motores de 15 a 215 cavalos. Eles produzem duas linhas de tratores com motores próprios e possui um alto nível de nacionalização.

A agricultura é a marca registrada do país, e, mesmo com tanta concorrência de empresas desenvolvidas no exterior, mas com forte atuação no Brasil, Fábio não vê a Agrale atrás das rivais, mesmo que os orçamentos sejam totalmente distintos: “Existe a concorrência normal, esse mercado é muito grande no Brasil, mas cada uma com suas características. A Agrale é conhecida por possuir um motor confiável e ter um motor operacionalmente mais simples. O Brasil é um país primário, que se caracteriza por ser forte no plantio direto. É um país agrícola”.

Segundo o assistente técnico da Agrale, Maurto Tenotti, é difícil que se hajam máquinas agrícolas totalmente nacionais, isso porque a tecnologia de transmissão, por exemplo, é produzida em países com tecnologia superiores e, lamentavelmente, mão de obra mais barata. “Seria impreciso afirmar um percentual de nacionalização das nossas máquinas, até pelo fator de variação entre uma linha e outra, mas, por cima, é possível dizer que cerca de 80% da nossa produção é nacional, os outros 20, divididos entre a transmissão e o resto, vêm de fora”, especula o funcionário da empresa.

No estande da Agrale na Expointer foi possível observar exemplares do maquinário produzido, quase que em sua totalidade, aqui no país. Os modelos 4110 e 4118, ambos de pequeno porte, são 100% desenvolvidos em solo brasileiro. A disparidade de projetos é clara e se deve à grande diferença de estrutura. A Agrale se consolida no mercado nacional, com menor impacto financeiro, enquanto a Massey pode pensar em projetos maiores devido ao alcance internacional.

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