Foto: Leandro Taques/Jornalistas Livres

Fora Temer em Curitiba leva quatro mil pessoas às ruas neste domingo

Este novo ato mostra que mesmo na capital paranaense, considerada uma das mais conservadores do Brasil, o presidente golpista não terá arrego

Jornalistas Livres
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5 min readSep 5, 2016

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Por Gibran Mendes e Davi Macedo, com fotos de Leandro Taques, para os Jornalistas Livres

Aproximadamente quatro mil pessoas foram às ruas neste domingo (4) em Curitiba em um novo ato contra o governo golpista de Michel Temer. O ato, organizado pela internet, reuniu jovens e adultos, homens e mulheres, em uma manifestação que começou na Praça 19 de dezembro. De lá o grupo seguiu para a Praça da Espanha, no Batel, um dos bairros nobres da cidade com a marcha sendo encerrada na Boca Maldita, no centro de Curitiba.

Este novo ato mostra que mesmo na capital paranaense, considerada uma das mais conservadores do Brasil, o presidente golpista não terá arrego. “Esse levante tem ocorrido no Brasil inteiro. Ontem em Florianópolis foram 12 mil pessoas, no Rio Grande do Sul também com bastante gente, São Paulo principalmente. Eu acho que Curitiba tem uma simbologia ainda maior por ser a “Republiqueta de Curitiba”, cidade do Moro, capital da Lava Jato, capital do golpe. Então, com certeza tem uma simbologia muito grande esse movimento acontecer aqui também”, afirmou um dos organizadores da manifestação, Thiago Régis.

Foto: Leandro Taques/Jornalistas Livres

Contudo, a pauta que leva os manifestantes às ruas está muito longe de ser considerada apenas “política”. O receio de perdas dos direitos sociais e da própria democracia são aspectos considerados por quem está lutando contra o golpismo. “Eu acredito que a gente está correndo risco de perder algo que é muito precioso e que foi conquistado com muita luta, que é a nossa democracia. Eu acho que um dos poucos direitos que a gente tem hoje na nossa democracia é o poder do voto e o poder da manifestação. Vejo que nós não estamos contentes com a entrada do Temer. Tudo o que rolou foi uma grande sujeira. Eu como trabalhadora e toda essa gama de gente que está aí está sendo muito prejudicada com as reformas trabalhistas que estão por vir. Nos sentimos muito lesados, acho que agora é a hora de vir para rua e manifestar contra tudo isso”, expressou a funcionária pública, Larissa Sotti.

A manifestação também levou famílias para o protesto. Foi o caso da servidora pública Ana Lúcia Canetti. “Sim, eu vim com os filhos e eles já vieram em várias manifestações. Até porque a nossa vida é a luta, tanto a minha quanto a do meu marido. Eles estão sempre juntos. Então já estão sabendo, mais ou menos, o que a idade deles permite, o que está acontecendo, mas tenho vários sobrinhos jovens que começaram na militância nessas manifestações fora Temer que estão ocorrendo”, relata.

Foto: Leandro Taques/Jornalistas Livres

“O que me motiva é que é um absurdo, uma situação onde uma democracia é rasgada à revelia de uma meia dúzia, ou talvez não uma meia dúzia, mas uma minoria que tem o poder e a gente ficar de braços cruzados é inadmissível”, completou a trabalhadora desempregada Jeane Silveira.

Violência — Após a dispersão de boa parte dos manifestantes, atos de violência aconteceram na cidade. A sede do PMDB, na Rua Vicente Machado, foi um dos alvos. Um bar também próximo à sede do partido também foi vítima. Eles realizavam uma festa chamada “Tchau, querida”.

Procurada pela equipe de reportagem a organização do ato emitiu uma nota na qual condenada atitudes violentas. “O CWB Contra Temer (movimento organizador da manifestação) não aprova ou incentiva atos de violência contra pessoas ou patrimônio. Nossa intenção é formar uma grande frente de oposição ao governo ilegítimo e temos consciência que atos extremos são prejudiciais à nossa luta. Os atos de vandalismo que ocorreram nas últimas duas manifestações não são nossa prática ou política, como ficou provado nos oito atos que realizamos anteriormente”, diz o texto.

Segundo o texto da organização do ato, o entendimento é de que a consumação do golpe acirrou os ânimos, mas a organização garante que continuará trabalhando para diminuir e evitar que situações semelhantes tornem-se recorrentes. “É inegável que a confirmação do golpe acirrou os ânimos de grupos que encontraram em nossas manifestações um canal para expor sua revolta com o golpe o com o que ele representa. É nosso interesse manter um ambiente seguro para as pessoas que saem de suas casas e vão às ruas protestar, muitas delas jovens que começam a experimentar a democracia nas ruas. Neste espírito continuaremos nos esforçando para que nossas manifestações sejam pacíficas apesar da enorme dificuldade que é controlar as atitudes de pessoas alheias ao movimento”, encerra a nota.

Mais manifestações — Na próxima terça-feira (6) e quarta-feira (7) novas marchas estão sendo organizadas em Curitiba contra o golpismo. A primeira delas às 18h na Praça 19 de dezembro, a segunda é o tradicional Grito dos Excluídos, que acontecerá na Paróquia São Benedito, na Rua Frederico Stadler Jr, 441, no Capão da Imbuia.

Fotos: Leandro Taques/Jornalistas Livres

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