Aprendendo a voar

SCCOPO
Josefa #1
Published in
9 min readMay 25, 2015

--

O vento é a peça chave para o parapente poder voar. Para o lançamento, além de estar em um lugar alto, precisa-se estar em face do vento e correr rapidamente para frente para a asa ganhar pressão e subir. É como se fosse uma pipa. O velame precisa pegar alguns fluxos de ar. O piloto puxa as linhas ligadas à asa e assim o velame infla, ficando acima da cabeça do piloto. Os freios são utilizados neste momento para controlar a asa e assegurar a correta posição das linhas. Após isso, é dar uma corrida e voar. Literalmente.

Texto: Luana Schrank
Imagens: Cintia Fernandes e Luis Felipe Matos

Como funciona o parapente

Semelhante à asa delta, o parapente é uma asa como um paraquedas e não tem estrutura rígida. A asa é feita de tecido e tem uma série de celas de câmeras de ar, onde dá a pressão. “O ar entra na frente dessas celas e não tem por onde sair. Cria essa pressão interna e dá esse formato de asas”, afirma o instrutor e fundador da escola Cia. Do Ar, Flávio Pinheiro.

A asa do parapente, também chamada de ‘wings’, são, normalmente, feitas de nylon rip-stop, uma prova de rasgo e de tecido sintético resistente. São costuradas duas camadas desse tecido junto com uma lacuna entre essas camadas e dentro delas que ficam as células, que fazem o trabalho de prender o ar e inflar o velame. A borda da asa permite o ar entrar nas células.

Além disso, no parapente, o piloto fica em uma distância de sete metros da velame (asa), dando maior sensação de liberdade, uma outra diferença da asa delta. O que suspende o velame do resto do equipamento são as Quebras de Linhas, que são os cabos de manipulação relacionadas em diferentes partes do inferior da asa. Esses cabos, feitos de materiais sintéticos como poliéster ou nylon, são ligados em um monte de ambos os lados do piloto. O último cabo formam os frios, que ficam nas mãos do piloto, onde ele pode ter controle. Os risers são cachos de linhas aliadas podendo ser usado para o piloto controlar o planador e, assim, manipulando a velocidade que o planador voa e alterações das linhas de direção.

O que suspende o piloto é um feixe de parapente, que é uma cadeira macia e segura onde a pessoa fica sentada aproveitando todo o passeio. O uso de capacete é obrigatório. Todo equipamento do parapente é seguro. Mesmo assim, há um paraquedas reserva para o caso de algo improvável acontecer.

Para quem se interessa, o valor do parapente varia de R$ 6.000,00 até R$ 12.000,00.

Cuidando quando está no céu

Quando não está mais com os pés em terra, é preciso saber controlar os fluxos do ar para criar sustentação e continuar voando. O vento fui tanto no topo como no inferior do planador e encontra a borda. A asa se move mais rápido tendo o ar fluindo sobre a parte superior do velame.

Foto: Cintia Fernandes

Controlar o parapente é utilizando os frios (controles). Conforme o piloto puxa esses controles, a asa muda de forma e, assim, também muda de comportamento. Pressionando os frios, faz o parapente voar mais devagar. Quando os frios estão livres, o parapente voa mais rápido. O peso do piloto também ajuda. Movendo o peso traz alterações.

Segundo o instrutor Flávio, conforme as condições climáticas é possível ficar no ar por horas. Dependendo do vento, o parapente pode chegar a uma altura de 3.000 metros do chão. O máximo de tempo que Flávio ficou foram seis horas. Ele explica que depende do ar ascendente.

A escola de paraglider

Quem no ajudou a realizar a reportagem da revista foi i instrutor Flávio Pinheiro. Ele é um dos precursores do esporte no Rio Grande do Sul e é fundador da escola Cia. do Ar.

Foto: Luis Felipe Matos

Flávio começou a voar fazendo asa delta. O primeiro vôo dele foi em 1981 aos 21 anos. Logo depois da chegada o paraglider no Brasil, em 1990, Flávio foi conquistado pelo esporte. O instrutor, que já trabalhou como funcionário público da PROCERGS e em uma empresa multinacional, fundou a escola em 1986. “Eu sempre fui um cara de olhar a médio-longo prazo. Aí eu fui ver o plano de carreira e o que eu iria fazer na empresa, daqui há dois anos eu vou ser aquele cara, daqui há cinco anos eu vou ser aquele outro. Aí eu fui conversar com essas pessoas para ver como é que eles se sentiam, se eram felizes. E eles só reclamavam. Eu não queria isso para mim.”

Formado em no curso de Administração com habilitação em Comércio Exterior, Flávio viu a oportunidade de abrir uma escola para pessoas interessadas no esporte radical possam se formar como piloto. “Então eu vi o espaço em um esporte que eu gostava. Eu tinha visão de que cada vez mais pessoas iam buscar o contato com a natureza e buscar esses esportes alternativos. E como não tinha ninguém que quisesse de uma forma planejada como uma empresa, eu resolvi tentar.” E deu certo. A Cia do Ar é conhecida pelo país inteiro como uma das melhores escolas de paraglider.

A escola dá aulas teóricas e práticas em Sapiranga. E a Cia do Ar já formaram campeões. Sete pilotos já foram campeões e, alguns, recordistas mundiais. Flávio também está nesse time. Foi Tri Campeão Gaúcho e recordistas de Distância duas vezes no Rio Grande do Sul e uma vez pelo brasileiro. Também fez parte da equipe Brasileira de 1994 até 1999.

Além dos títulos, a escola também organizou e fundou o Clube Ninho das Águias, em Nova Petrópolis; a Associação Vale do Taquari de Voo Livre, em Roca Sales; Associação Agudense de Voo Livre, no Faxinal do Saturno; e o Morro Forno, em Morrinhos do Sul.

O site da escola Cia do Ar é http://www.aventuranoar.com.br/

Vale à pena fazer esta aventura

Ter escolhido voar de parapente foi uma escolha da qual eu não me arrependo. Além de voar, o passeio também valeu muito á pena. Seguimos pela Rota Romântica, que nos agracia com lindas paisagens.

No alto do Morro Ninho das Águias, que tem 710 metros de altura, no Mirante Natural somos contemplados com uma visão panorâmica, podendo observar Vale do Caí, Caxias do Sul, Vale Real Feliz e Nova Petrópolis.

O local é limpo. Há espaços para lazer e churrasqueiras. Também tem banheiros, quiosque do Clube Ninho das Águias e bar. Duas rampas de concretos para asa delta foram feitas. E rampas de grama de 1.500 m². Os pousos são feitos perto da decolagem, cerca de 1 Km, no campo do Clube. Para o resgate, são 14 Km de estrada em boas condições.

A aventura não está só no ar, na terra pode fazer trilhas e ciclismos. Além de contemplas a paisagem que o lugar proporciona.

E foi no Morro Ninho das Águias que eu fiz meu vôo de parapente com Flávio. Foi na Temporada de Voo 2015, que ocorreu durante todos os finais de semana de maio, onde pilotos participaram de competições ou então só por lazer. De acordo com a placa no local, é um dos melhores lugares para vôo livre no Rio Grande do Sul, podendo alcançar uma altura de 3.000 metros, dependendo da época. Isso se deve em razão do Vale do Caí ser protegido por morros e superfícies aradas que dão excelentes pontos de desprendimento de correntes de ar ascentendes. Os meses de março até outubro são considerados o período melhor para os vôos livres onde tem incidência de vento norte e nordeste com maior freqüência.

Além disso, é uma boa oportunidade visitar o Morro Ninho das Águias pelo passeio. Não tem como se arrepender. A vista do Morro é uma das mais belas.

Mais informações pelo site http://www.ninhodasaguias.org.br/pt-br/

O presidente do Clube Ninho das Águias é Marcel Marsillac. Instrutor de asa delta.

Música: Sonho de Ícaro Clipe Waldonys e Esquadrilha da Fumaça Sonho de Ícaro (https://youtu.be/wjTsRN0Nnsg) Composição: Pisca / Claudio Rabello

FOTOS CINTIA FERNANDES

FOTOS LUIS FELIPE MATOS

--

--