A academia na agência

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Jovens Planners
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3 min readOct 8, 2015

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Por Thiago Jorge

A academia é a instituição de ensino superior que muitos já deixaram para trás (não no meu caso, porque ainda estou cursando minha graduação) e, ao olhar para o passado, acham que não foi tão essencial e que não devem nada do que sabem àquelas horas sentados numa sala com alguém falando um monte de coisa complicada. Entretanto, nesse “pitoresco lugar que mais parece um museu de arqueologia” nascem estudos bastante relevantes e abrangentes, mas que às vezes passam despercebidos porque o mercado se esquece que o principal objetivo dessa instituição é gerar conhecimento, sua principal matéria-prima no dia a dia de trabalho.

Sendo o profissional de planejamento a pessoa responsável pelo pensamento estratégico, analítico e embasamento racional de uma marca, é importante que ele tenha contato com as produções acadêmicas. Ter esse contato, ou mesmo ser parte da academia, é um diferencial em um mercado acostumado a conhecimentos de TED, mídia ou desk research.

Há, sem dúvida, muitos estudos sobre a publicidade em si e seus diversos segmentos de mercado. Apenas no Intercom 2014 (Congresso de Ciências da Comunicação), na área específica de publicidade, foram publicados mais de cinquenta artigos e estudos sobre como a publicidade vem sendo feita. Considerando a vastidão de artigos publicados, é certo que algum ajudará as enriquecer o pensamento e terá informações valiosas para algum trabalho de estratégia ou mesmo conhecimento pessoal, que em algum momento pode ser útil para alguma marca.

Para fazer jus à nossa fama de “inteligentões” da agência, nada mais justo do que ir buscar esse conhecimento de quem vive disso. Os recursos acadêmicos de pesquisa, estudos de caso e embasamento teóricos levam meses ou anos para serem concebidos. Já nós, levamos algumas horas para ler, digerir e achar alguma forma de incorporar aos jobs.

Utilizar desse conhecimento trará benefício mútuo: para o mercado, que terá um maior embasamento e assertividade nas decisões que toma, e para a academia , que passa a ver uma nova utilidade para seu trabalho e a direcionar esforços que contemplem os anseios da área.

Na universidade, recebi a tarefa de fazer um levantamento teórico sobre um tema qualquer, e optei por abordar a relação do público feminino com as propagandas de esporte. Comecei então uma vasta pesquisa que passava por fundamentos da sociologia, esporte, representação feminina e a relação entre todos esses fatores. Foi nessa etapa que me deparei com diversos artigos acadêmicos que abordavam o tema e enriqueciam o trabalho, o que foi determinante para construir o formulário da pesquisa, definir o que era esperado do estudo e analisar seus resultados.

Como dito, a pluralidade de temas estudados é impressionante. Artigos que vão do mais específico, como um estudo nomeado “O discurso regional no anúncio de latas comemorativas da cerveja polar” até “Mediações e midiatizações do consumo”. A ponte que pode ser estabelecida entre os dois universos gera ganho mútuo, só cabe a nós perceber quais deles nos serão úteis e criar esse elo com a academia, que hoje produz só para agradar membros dela mesma. Pensando bem, até parece um mercado que a gente vê por aí.

por Thiago Jorge: planner na Y&R, corinthiano e amante de samba. Há quem chame de Chacal.

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