Analista de Blábláblá.

JP
Jovens Planners
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3 min readAug 27, 2015

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Planejar para quem?

por Renato Gonçalves

O planner que nunca ouviu a frase “coloca um blá blá blá aí na apresentação” que atire a primeira pedra! Confesso: tem dias que até tenho vontade de mudar meu cargo para analista de blá blá blá.

Expectativa: o início.

O que é ser um planejador? Não sei responder muito bem (quem souber que o faça, por favor!), só sei que somos movidos por perguntas. Para quem anunciar? Quais os objetivos? Mas o que esse produto entrega? O que já fizeram antes?

Somos o início de tudo.

A partir de nossa curiosidade, nossas referências, nossa pesquisa e nosso olhar estratégico, não necessariamente nessa ordem, trazemos insumos para o que vem depois. Quer dizer, assim (suspiros!) deveria ser.

Realidade: quem sabe no fim?

Sim, eu sei, ideias criativas às vezes aparecem do nada. De um insight. De um banho. Ou de um sonho. E, sim, às vezes elas podem ser realmente boas. E mais: elas podem vir de qualquer um da agência, viu? Se vieram de uma conversa corriqueira ou de uma fala da televisão, pouco importa: elas continuam sendo ideias — produtos que, no final do dia, são os diamantes de muita agência de publicidade.

“Legal! Vamos mostrar para o cliente?”

E o planejamento é escalado, nos quarenta e cinco do segundo tempo, para preparar ~aquela apresentação matadora~.

“Vai, coloca aí um dado de pesquisa para dar aquela credibilidade…”

“Inicia com alguma citação bem impactante”

“Vamos fazer um pequeno levantamento só para embasar melhor a nossa ideia?”

Really?

Em algum momento, a apresentação final para o cliente deixou de ser a conclusão de um trabalho extenso de planejamento e criação, para ser somente um comercial de televisão, pronto para vender, entreter e encantar o cliente, tão atarefado no seu dia a dia de escritório. Planejar para quem?

Também, sejamos honestos. Com os prazos que se tem, na pastelaria da publicidade, quem quer se preocupar em mapear comportamentos de um público? Entrar nas possíveis leituras de uma marca, então, impossível!

A ideia que convencer o cliente pelo blá blá blá é o que importa. Acho que vou alterar meu job description no LinkedIn…

(Bom avisar: há ironia).

por Renato Gonçalves: planner na Plano Digital e pesquisador em Culturas Brasileiras pelo IEB-USP.

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