E agora, José?

Quero mudar para planejamento.

por Isabella Ayub

Existem algumas pessoas nesse mundo que sabem com o que querem trabalhar desde que são jovens. Lá pelo início da vida adulta escolhem sua profissão e são felizes com ela pelas décadas a seguir. Comigo não foi assim. Longe disso. Me formei em Jornalismo e, após algumas experiências em redação online e de revista, percebi que a coisa não era pra mim. Não desgostava da profissão, mas senti que não seria feliz nessa área a longo prazo. Já gostava de Propaganda fazia tempo (minha família toda era da área) e, aos poucos, fui me sentindo atraída pela área de Planejamento.

A notícia boa: “Eba, (acho que) sei o que quero fazer da vida!”. E a notícia ruim: “Ok, agora como eu chego lá? Socorro”. Sabendo como essa área era competitiva, minhas esperanças de conseguir entrar nela eram baixas. Se já está difícil pra quem estudou Propaganda, imaginava que, pra mim, jornalista já formada, seria ainda mais complicado. Não daria nem pra começar estagiando.

Em meio a tantos questionamentos, dei início à minha travessia em direção ao Planejamento. Foi um ano e meio de procura e trabalho antes de conseguir de fato mudar. Sei que muita gente que não é formado na área acaba se apaixonando por Planejamento e eu acredito que essa diversidade de backgrounds seja muito positiva pra profissão. Também sei que o momento de fazer essa transição é uma época difícil e confusa, durante a qual duvidamos muito de nós mesmos.

Longe de mim querer criar regras, mas acho que minha transição pode ajudar outras pessoas vindas de áreas diferentes a encontraram seu primeiro emprego em Planejamento.

1. Fale com quem já é da área

Sabe o que te separa de um profissional de Planejamento de uma agência bacana? Um e-mail. Quando eu estava atrás de conselhos, fui na cara dura tentar conversar com muita gente. Eu pensava que o máximo que eu podia ouvir era “não” ou ficar sem resposta.

A verdade é que as pessoas são muito mais acessíveis do que imaginamos e muitas vezes só precisamos enviar um e-mail simpático pedindo um papo. E não é que muita gente legal me respondeu? Com alguns me encontrei, de outros recebi direcionamentos por e-mail mesmo. O que importa é que na maioria dos casos as pessoas foram muito receptivas e isso me deixou muito contente.

Recebi conselhos de gente da Santa Clara, F/Nazca, DPZ, Loducca, Ogilvy. Não fui batendo na porta pedindo emprego, mas conhecer essas pessoas foi um passo importante pra eu me situar e seguir em frente.

2. Aceite sua origem

No começo, eu me sentia muito mal por ser jornalista. Imaginava que isso não me ajudaria em nada, que seria uma mancha negra no meu CV e uma desvantagem em relação a tantas pessoas formadas em boas faculdades de Propaganda. Não poderia estar mais errada. Hoje em dia vejo que o Jornalismo me ajuda muito no dia a dia da profissão. Minha habilidade em entrevistar pessoas e escrever me ajuda diariamente. Claro, tive que correr atrás de vários outros skills que o Jornalismo não tinha me trazido, mas comecei a ver minha formação como uma diferença positiva. Acima de tudo, se você não vir isso, ninguém vai ver.

Reflita e pense em que sua área de origem te traz de positivo — e saiba vender isso em uma eventual entrevista.

3. Procure cursos na área

Ok, isso não é nenhuma novidade e é quase lógico, mas acredito que seja um ponto bem importante. Na época em que procurava fazer minha transição, me inscrevi no Bootcamp de Planejamento, da Miami Ad School . O curso foi importante primeiro para comprovar que Planejamento era de verdade minha escolha profissional e depois, é claro, pra conhecer muita gente bacana — tanto alunos quanto professores.

Acredito que cursos na Sandbox e o novo do GP também sejam bons começos para ir se familiarizando com a área e já ir treinando suas habilidades antes de entrar na vida real de agência.

4. Leia, leia e leia

Hoje em dia muita gente procura conhecimento mastigado. Falta muitas vezes vontade de mergulhar nos assuntos, estudar, entender. Se você quer entrar em Planejamento, recomendo que leia muito sobre o assunto. Pesquise, leia artigos, livros de referência, sites gringos e brasileiros da área. Assim você vai se habituando com o que rola de importante na profissão e também vai comprovando (ou não) se é isso mesmo que você quer.

5. Seja positivo

Parece auto ajuda, mas isso aqui é sério. Não deixe o pessimismo te contaminar. Depois de algum tempo procurando uma vaga em Planejamento e não conseguindo, comecei a ficar meio amarga e pessimista. Fui então fazer uma entrevista em uma grande agência com uma profissional que havia sido minha orientadora no Bootcamp. Conversamos e ela me falou que havia me achado muito negativa. Aquilo foi um tapa de “ACORDA!” na minha cara. Estava tão desacreditada em mim mesma que havia deixado isso transparecer para os outros. E isso é algo que possivelmente pode te impedir de entrar num lugar bacana.

6. Meio termo

Antes de enfim entrar em Planejamento, me ofereceram uma vaga para trabalhar com PR em uma agência, a Ogilvy. Eu já sabia que não era PR que eu queria da minha vida profissional, mas ainda assim aceitei o emprego. Vinda de uma redação de revista, imaginei que seria difícil fazer a transição imediata para Planejamento. E seria mesmo. Passei algum tempo nesse trabalho e, embora não fosse o que eu queria, me ensinou bastante sobre como é trabalhar em agência e me trouxe aprendizados que uso hoje em Planejamento. Também conheci gente legal de outras áreas da agência, o que foi enriquecedor. A certeza de que havia percorrido o caminho certo foi quando ouvi do chefe que me contratou para ser Assistente de Planejamento que ele achava que minha experiência em PR seria importante na minha vaga.

Às vezes a gente precisa dar um passo pra trás antes de dar um pra frente.

por Isabella Ayub: assistente de planejamento na Dentsu, palpiteira de qualquer assunto e cozinheira nas horas vagas.

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