Gênero e diversidade: o que podemos fazer sobre isso?

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Jovens Planners
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6 min readFeb 6, 2017

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por Nathalia Andrijic

O nosso trabalho no Planejamento é essencialmente sobre pessoas e comportamento, certo? A discussão de gênero e diversidade, tão atual e necessária, trata justamente de como as pessoas se sentem, como querem ser tratadas e como podemos representá-las da melhor maneira, ainda mais em um mundo cada vez menos binário. Preto e branco. Homem e mulher. Azul e rosa. Hetero e homossexual. São as nuances no meio do caminho entre o A e o Z que fazem tudo muito mais bonito e complexo. Afinal, quem disse que entender de pessoas seria fácil?

Nem todo mundo tem um baita interesse nesse assunto e não é todo mundo que vai querer abraçar a causa, mas essa discussão importa muito para todos(as) nós, porque saber disso é estar dentro de uma boa parte do que tem sido falado sobre comportamento e ter a oportunidade de fazer parte da mudança.

O empurrão que podemos dar

Nós, jovens planejadores e planejadoras, ainda não estamos à frente de departamentos e empresas tomando grandes decisões sobre o rumo das coisas. Mas, daqui do nosso lugar, podemos tomar algumas atitudes pra colaborar com a mudança e fazer girar a roda das discussões sobre gênero e diversidade nas nossas agências e nos nossos clientes. No final do dia, são as pessoas nesses lugares que podem fazer as mudanças com a gente.

Eu não sou uma grande especialista. Pra isso, temos consultorias incríveis como a 65|10 e a Eva. Mas sou alguém que tá aqui do meu lugar tentando entender mais sobre esse assunto e buscando colocar em prática pequenas coisas pra colaborar.

A partir de tudo o que venho lendo e buscando fazer, pensei em compartilhar 5 atitudes práticas e umas referências (#buzzfeedfeelings):

1. Entender mais os conceitos

Pra discutir, é importante saber alguns conceitos, e como somos muito bons em estudar, é legal começar por aqui.

Não é tão fácil e ninguém é obrigado(a) a decorar o dicionário, mas essas definições por elas mesmas já nos ensinam muito sobre o que tá rolando.

Por exemplo: a diferença entre sexo biológico, gênero e orientação sexual. Existem muitas fontes por aí, mas recomendo esse maravilhoso texto da Galileu, que é uma aula sobre o assunto e tem até um ABC do gênero ao final. Vale ler do começo ao fim ;) A edição especial de Janeiro da National Geographic"A revolução do gênero" — é mais uma aula maravilhosa. E por fim, um compilado de textos da seção Transcengender do Ponto Eletrônico, da Box1824, para entender algumas tendências.

2. Fomentar a discussão com referências

Referências podem vir de qualquer um, mas o nosso nível nas agências é justamente o grupo de pessoas responsável por alimentar o time com o que tá mais fresco, o que de mais legal tá saindo mundo afora. E tá aí uma grande riqueza que a gente pode oferecer. Viu uma campanha que tem uma representação diferente de casais? Assistiu a um vídeo que discute o assunto de um jeito leve e pode ajudar a galera a entender mais? Compartilha! Dá pra colocar na apresentação de benchmark e também mandar por email pra galera. Referências são sempre bem vindas e ajudam a fomentar a discussão de como tem gente realmente falando e fazendo. Fica aqui uma referência que sempre faz sucesso: o divertido vídeo Bic pens for women, da Ellen Degeneres, e um relatório mega legal do TrendWatching sobre Fempowerment com muitos cases.

3. Ser mais consciente sobre as representações:

Imagens e palavras têm poder. O que a gente coloca em apresentações, as imagens que a gente escolhe, a forma como descreve e se refere ao nosso target influencia muito o tom da conversa, mesmo que inconscientemente.

Por isso, vale sempre ficar de olho pra ver se a gente tá reforçando estereótipos, preconceitos e padrões ou se dá pra mudar algum detalhe que já faça diferença. Quanto mais a gente fala e vê, mais natural fica!

Uns exemplos: trabalha com uma marca que fala sobre famílias? Vê se cabe uma imagem de uma família não tradicional aí no seu slide. Vai usar aquele quote esperto de expert pra sustentar uma defesa? Dá uma olhada se não tem alguma mulher referência no tópico — a gente tá tão mal acostumado a ver mais homens sendo citados. Recebeu um pedido pra recomendar celebridades para uma marca de beleza? Por acaso homens não usam maquiagem? Dá uma olhada no que a Maybelline fez ao usar um homem como garoto propaganda. Um ahazo e ainda tá abrindo portas para um mercado enorme por conta de uma representação diferente da maioria.

4. Levantar a mão

Nossa atuação vai muito além do Keynote — cada vez mais o Planejamento tem responsabilidade no processo como um todo, e aí aumentam as oportunidades de questionarmos. É questionar o cliente se as definições de target estiverem enviesadas, dar um pitaco na escolha do casting do filme se perceber que tá estereotipado demais, dar um toque se notar que o roteiro, o banner ou o post estiverem dando brecha para uma interpretação que faça alguém do outro lado se sentir ofendido ou completamente esquecido.

Diversidade e representatividade importam, sim, e a gente pode sempre levantar a mão pra lembrar as pessoas ao nosso redor.

Sentiu que tá sem voz pra questionar algo? Passa pra cima e tenta achar um(a) aliado(a) em um cargo mais alto pra ir lá sugerir uma mudança. Não custa tentar.

5. Puxar o comboio

Pra mudança acontecer de fato, alguém precisa estar à frente. Pra quem já está mais familiarizado(a) com a causa e quer abraçá-la de verdade, por que não começar um grupo de discussão dentro da agência ou criar uma iniciativa maior? Dessa forma, dá pra unir forças e puxar o comboio no seu micro universo. O Google, por exemplo, é uma das empresas que já tá levando isso bem a sério.

Pra terminar,

Inspirada pelo texto da Laura Chiavone sobre o que ela trouxe de aprendizado da Conferência 3%, queria deixar a pergunta:

O que você vai fazer sobre isso? Como hoje, essa semana ou durante 2017, você pode tomar uma atitude pra girar a roda da discussão de gênero e diversidade?

Todo empurrãozinho conta!

Ah, e você tem mais ideias do que pode ser feito, alguma experiência pra dividir ou mais referências? Conta aí, vamos compartilhar conhecimento!

por Nathalia Andrijic: Strategist na R/GA, lutando por um mundo muito além do azul vs. rosa.

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