Giro dos Cursos #1

Bootcamp de Planejamento

JP
Jovens Planners
Published in
8 min readAug 20, 2015

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Miami Ad School / ESPM (São Paulo)

Opiniões e avaliações de cursos sobre planejamento.

Por Juliana Matheus e Verônica Merege

Foram 3 meses de imersão em estratégia com grandes profissionais de agências e empresas que acreditam na importância do planejamento.

Você já deve ter ouvido falar do Bootcamp de Planejamento de Comunicação da Miami Ad School, um curso com 3 meses de duração que reúne profissionais com o intuito de dar uma visão sobre a área e preparar futuros planejadores. É com certeza o primeiro passo tanto para quem quer ingressar no mercado, quanto para aqueles que desejam entender um pouco mais sobre o papel de um planejador.

Com alguma sorte e muita determinação, você sairá de lá com bons contatos e amigos para a vida toda, e foi mais ou menos isso o que aconteceu com a gente. :)

Conte, Juliana…

Como foi sua experiência?

Expectativas vs. Realidade

Eu sempre quis fazer o Bootcamp. O problema era que meu bolso não acompanhava a minha vontade, e os meios lícitos de se ganhar dinheiro tinham um velocidade de acúmulo inversamente proporcional à minha ansiedade. Por isso, quando veio a notícia de que eu tinha conquistado a bolsa no prêmio do GP para Jovens Estrategistas, eu fiquei feliz pra cacete. Imagina o avanço que isso não foi pra uma pessoa que não ganhava nem em rifa de quermesse de bairro?

Eu estava MUITO empolgada com o curso. Apesar de ter a impressão de que algumas coisas poderiam ser mais óbvias que outras para mim, que já atuava na área, fui às aulas como se estivesse vendo tudo pela primeira vez, sem preconceitos ou expectativas. Mesmo porque eu sempre parto do princípio que não estou nem perto de saber tudo ou de ser uma expert em qualquer coisa que seja, então isso não seria exatamente difícil. E foi a melhor coisa que eu poderia ter feito.

Cada semana era um assunto e professor novos, e, assim como na área de planejamento, não havia uma fórmula ou modelo didático a ser seguido, então cada dia era uma novidade. As aulas e orientações (porque temos que desenvolver 2 grandes trabalhos a partir de briefs de clientes reais) eram com grandes profissionais do mercado, gente que você realmente admira e que, muitas vezes, parece tão distante lá do alto do Olimpo publicitário, o que só aumentava a expectativa e o “Deus-me-ajude-a-não-fazer-cagada”. É também pela presença dessas pessoas que se construiu o mito de que o curso serve só pra arrumar emprego, mas se segura aí que eu já volto nesse ponto.

Infelizmente, não pude mandar meu material para tentar uma vivência nas agências (período de 1 mês que você passa trabalhando num lugar de sua escolha) porque eu mesma já trabalho em uma e não tinha ainda férias a tirar. Mas esse é assunto pra outro post que soltaremos em breve por aqui. ;)

Não vou dizer que foi tranquilo — mesmo porque ninguém prometeu que seria e essa é a primeira coisa que te avisam na aula inaugural. Não era fácil passar um dia inteiro trabalhando e depois continuar até quase 23h. Não foram fáceis as mudanças de aula por conta de feriados e problemas de agenda de alguns professores. Não era fácil pensar em coisas inteligentes para dizer e perguntar. E definitivamente não foi (e não é) a oitava maravilha do mundo lidar com os interesses, personalidades e egos de pessoas diferentes de você para chegar a um denominador comum. Mas valeu cada segundo.

Antes & Depois

Posso dizer sem medo de ser feliz que o Bootcamp foi uma das coisas mais legais e gratificantes que já me aconteceu, pessoal e profissionalmente.

A principal diferença que eu percebi em mim é como passei a aplicar o que vi nas aulas no meu dia a dia e um olhar mais crítico sobre o meu trabalho. Aumentei meu crivo e venho buscando formas de entregar trabalhos cada vez melhores. É um exercício diário, algo que demanda tempo e paciência, mas que sei que me renderá bons frutos.

Sobre a tal história de estar ali para conseguir emprego, te dou um conselho: não tente demais. Pense que os caras que estão ali já devem receber 70 pedidos de emprego por dia — você quer ser só mais um entre outros 69? Preocupe-se em mostrar vontade e sua forma de pensar através das atividades propostas em aula, dos dois grandes trabalhos ou mesmo dos papos de almoço no sábado, de fim de aula. Invista sim na construção do network, tire dúvidas, questione, se aprofunde, se interesse, mas não fique esperando garantias, “seu-emprego-ao-fim-do-curso-ou-seu-dinheiro-de-volta”, porque isso não existe.

Mais do que interessado, o que deu pra perceber é que é preciso mostrar-se interessante — é isso que te faz ser notado positivamente pelos professores (porque eles notam, isso é fato) e que pode acabar rendendo uma indicação pra uma vaga.

Por fim, quando você está começando na carreira, é difícil ser relevante no desenvolvimento de uma campanha, às vezes até estar presente do início ao fim do processo. Nem sempre dá pra você dizer o que pensa, arriscar, ser dono de decisões estratégicas. E esse, pra mim, é o maior trunfo do curso: ali, você (junto com sua equipe, claro) é o dono do negócio. É a sua chance de mostrar sua capacidade de raciocínio e análise, de fazer um trabalho que tem a sua cara e que você vai sentir um puta orgulho. Vai ter treta com a criação? Vai. Vai ter treta com a sua equipe de planejamento? Vai. Vai dar vontade de correr de volta pro colo da sua mãe e desejar ter 5 anos de novo pra comer Passatempo e ver Sessão da Tarde? Vai. Mas vai ser do caralho apresentar seu trabalho e ser elogiado por ele, aprender com pessoas tão inteligentes e perceber tudo que você superou pra chegar até ali.

E você, Verônica…

Como foi sua experiência?

Expectativas vs. Realidade

Em uma época de ouro resolvi que todo o dinheiro que eu ganhasse com horas extras seriam gastos com um curso que me tornassem uma planner melhor. Eu sempre tive essa coisa de achar que eu não fazia planejamento como as outras pessoas faziam planejamento. Mas pode ser porque eu nunca convivi com muitos planners, e sempre trabalhei em agências digitais com muitos planos táticos. Então essa pouca experiência em pesquisa me fazia sentir isolada da área. Virei stalker de alguns planners que escreviam pro Update or Die, B9, Unplanned, GP… E encontrei algumas coisas em comum, entre elas a Miami Ad School. O que era? Eu não sabia muito, então fui perguntar. Uns consideravam algo para iniciantes, ou acharam besteira porque já sabiam de tudo o que estavam ensinando por lá. Mas outros fizeram e me disseram que seria interessante se eu soubesse aproveitar: que não era pra lidar como um “passe” pra você arranjar emprego, nem o lugar onde todos os problemas da minha vida se resolveriam, mas poderia ser um bom ponto de networking e desenvolvimento pessoal. Demorei um pouco para absorver tudo isso, mas meses depois, quando um amigo resolveu se inscrever nas próximas turmas, eu criei coragem e fui também.

Ok. As aulas começaram. Logo no começo a grade horária mudou (as aulas dependem da disponibilidade dos profissionais) e eu me atrapalhei muito na agência pra chegar na hora (às 19:30). Às vezes eu ficava puta com isso, mas as vezes em que eu precisei faltar porque fiquei presa na agência me fizeram lembrar que todo mundo lá tava no mesmo barco — e parte de mim morria ao faltar porque além de ser muito dinheiro, eram aulas únicas e com profissionais muito bons. E é assim: uma aula com fulano, duas com ciclano. Porque são muitas aulas, e muitos fulanos pra você conhecer. É muito importante que você entenda que as aulas não são com “professores” pra aceitar esse método de ensino, porque em cada aula é aplicado um método diferente. Uns gostam de ppt, outros gostam de escrever em papeis e colá-los nas paredes. Todas têm algum tipo de exercício, e alguns você VAI precisar levar pra casa. Todos trazem bibliografia (que eles mesmos leram e acharam importantes pra carreira deles). E todos falam bem e fazem jabá da própria agência — você tá num curso de propaganda e achava que não ia rolar uma propagandinha? :P

Antes & Depois

Duas aulas depois e eu já estava aplicando as coisas no meu trabalho, simples assim: definindo melhor os objetivos do briefing, explorando novos caminhos para apresentar um benchmark… Conforme as aulas passavam eu fui ganhando segurança pra apresentar minhas ideias nas reuniões com o cliente, meus palpites em reuniões internas… Agora eu sabia o que eu tinha que fazer.

O famoso networking foi algo que eu não soube aproveitar muito, mas todos os profissionais que dão aula pra gente (muitos que são gerentes, diretores e VPs de planejamento) estão sempre disponíveis ao final da aula pra bater um papo.

Mas as oportunidades que me apareceram vieram mais do meu interesse em participar e produzir (eu queria escrever pro Unplanned, saber sobre a Vivência nas Agências e ouvir sobre o Young Lions) do que da necessidade de se aproximar das pessoas certas.

Foram avanços muito pessoais, e tenho certeza que cada aluno da minha turma passou por uma experiência diferente. Uns conseguiram emprego dos sonhos? Sim! Outros se arrependeram amargamente? Talvez. O importante é que você saia de lá sabendo que fez o possível para aproveitar todas as oportunidades que o curso oferece. Eu saí de lá exausta, mas com muitos projetos (inclusive o JP!) em mente :)

A voz do povo…

Como foi a experiência de vocês?

“A gente entra no Bootcamp procurando uma formulinha pra aplicar no dia a dia, e sai entendendo que o planejamento é bem mais rico do que essa matemática básica. Eu digo isso porque é muito comum você ver professores com discursos diferentes sobre algum assunto. Mas no final, o que importa é como cada um dos pontos de vista enriquecem tudo, sabe?”Marcelo Facchinato é supervisor de planejamento na agência Foster.–––––“Eu entrei no Boot achando que encontraria o pote de ouro no fim do arco íris. Não foi o que aconteceu… Afinal, nem tudo o que reluz é ouro. Mas, posso dizer com toda certeza que aprendi muito, conheci pessoas maravilhosas e faria tudo de novo. Fazer o curso foi uma experiência realmente inspiradora.”Daniela Gonçalves fez vivência na agência Talent Marcel.

por Juliana Matheus: brand strategist na DPZ&T e Verônica Merege: digital strategist.

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