Giro dos Cursos #3

Story: Business Edition

JP
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5 min readSep 14, 2015

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SOAP (São Paulo)

Opiniões e avaliações de cursos sobre planejamento.

Por Verônica Merege

Vai chegar um momento da sua carreira, jovem planner, em que você vai se preocupar com suas apresentações em ppt / keynote.

Hoje são até que variadas as opções de cursos pra aprender não só a montar um bom slide, mas a contar uma história. É importante que você encontre em cursos não só dicas práticas de design — isso você consegue vendo boas referências no Note & Point, Speaker Deck ou mesmo no Slideshare. O essencial é manter uma boa linha de raciocínio, ainda que você tenha poucas horas pra montar essa apresentação.

Esse review é de um curso que eu fiz lááá em 2012, me perdoem. Hoje ele continua sendo ministrado pelo Joni Galvão, só que na The Plot ao invés da SOAP, e novas turmas podem ser encontradas por aqui.

Expectativas vs. Realidade

“Entenda o que Hollywood tem a ver com sua apresentação” te deixa um pouco intrigado, não? Eu adoro cinema. Já conhecia o Robert McKee como um dos principais mestres em avaliar os roteiros dos filmes. “Story” é pra cinema quase o que qualquer livro do Kotler é pra publicidade. E na época eu realmente acreditava nesse papo de Storytelling e queria muito aplicar isso nas minhas apresentações, quem sabe assim os clientes aceitassem melhor novas ideias.

Passei um tempo entre os cursos de ppt da SOAP e os da Monkey Business, na época eu ainda não conhecia o da Perestroika e nem o da Cosmonauta (que fica em Porto Alegre). Mas como os clientes da agência já tinham trabalhado com a SOAP, e por essa oportunidade de ter um curso único sobre cinema, eu me inscrevi.

Eu não imaginava que encontraria tantas pessoas de empresas grandes naquele curso. Vi pelas etiquetas de identificação: fulana da Globo, ciclano da Sanofi. Não que eu tenha aproveitado pra fazer um networking - sou péssima pra essas coisas, mas esses cursos costumam ter um break muito útil pra quem é bom em fazer contatos. Era um auditório pequeno, que logo ficou lotado, e dois apresentadores (desses muito bons à la Stevie Jobs) nos passaram uma série de princípios da trama que poderiam ser úteis pra conquistar atenção dos clientes. Foi divertido!

Ouvimos cases da própria SOAP: tentando vender produtos chineses malucos e apresentações que eles fizeram para CEOs que acabaram de chegar em uma holding e queriam mostrar suas conquistas na carreira. Estudamos gêneros: Stevie Jobs abusava com muito sucesso do suspense, enquanto uma empresa anunciava fusão com outra com um romance. Mas também ouvimos muitas frases prontas como “a história é a arte de fazer esperar”, esses jabás de sempre.

Depois de 8 horas de curso, eu saí de lá com a minha primeira impressão sobre Storytelling: minha chefe jamais permitiria que eu “contasse uma historinha” enquanto apresentasse as coisas.

Se eu escolhesse, por exemplo, o universo pirata pra contar sobre “novas diretrizes para as ações de tal industria farmacêutica em mobile”. Imagina que legal seria a bússola, o navio, a apresentação como um todo! Minha chefe iria enfartar. “O que isso tudo tem a ver com industria farmacêutica, Verônica?”, ela diria com as mãos pressionando o meu pescoço. “Nada, absolutamente nada!” Mas ajudaria o cliente a entender a história, e nossos próximos passos. Em teoria é completamente genial, porque seria uma apresentação difícil de se esquecer. Mas na prática, eu mais “absorvi” alguns princípios do que realmente apliquei o Storytelling em uma apresentação.

Antes & Depois

O que um filme faz? Ele entretém a partir de identificação. Uma das coisas que ficou na minha cabeça é que as histórias precisam ser poderosas pra quem está assistindo. Parece óbvio, mas nós raramente nos colocamos no lugar das pessoas que estão assistindo a apresentação em ppt / keynote. Como você vai fazer isso ser interessante para elas a cada slide? Sim, c a d a s l i d e tem que ter algo relevante pro seu cliente: valores, insights, resultados, sei lá. Nós temos um concorrente direto durante uma reunião chamado WHATSAPP. Então vá direto ao ponto! Isso eu levo pra minha vida.

Depois do curso eu acabei numa emboscada de ter que preparar uma apresentação sobre um case em redes sociais. Sozinha, e era para o diretor de marketing de uma empresa, digamos, enorme. Quase morri. Mas depois de uma semana de sufoco nós fomos convidados a participar da conferência em que ele usaria essa apresentação, e eu pude assistir o meu ppt em uma sala de cinema. Imagina a emoção! Imagina a vergonha. Foi muito impressionante me colocar como espectadora porque eu tive um outro olhar: será que aquela apresentação me entretem? As pessoas que nunca viram esse case entenderiam qual a relevância dele? Devo mesmo evitar usar suaves transições de slides e informações? Todas (t o d a s) as suas decisões devem ser pensadas para o público que está assistindo. ;)

por Verônica Merege: digital strategist. A cada dia tento ver menos séries, descobrir novos filmes e terminar mais livros.

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