Portfólio para planners: por onde começar?
Por Verônica Merege
Os redatores apostam nos títulos. Os diretores de arte conquistam nos vídeo-cases. Os community managers se apresentam pelo about.me. Os designers expõem suas ilustrações no behance.
E você, como planner, como mostra sua experiência?
Sinceramente, eu já vi de tudo. O planejamento, quando considerado um departamento, tem um tipo de entrega. E quando considerado um raciocínio, tem outro. Quem cresceu em planejamento digital tem a dinâmica e experiência dos planos táticos, mas quem cresceu em planejamento offline tem o brilho das análises de comunicação. O portfólio vai dizer muito sobre você, sobre sua organização e sobre como você se apresenta, mas mais importante do que isso: ele serve pra você mostrar aonde quer chegar.
Vamos começar por seus objetivos.
Você está aberto para receber propostas de emprego / freela e quer mostrar sua experiência em planejamento de comunicação. Ok. Hoje você é analista e quer pular para gerente? Quer ser considerado um Cultural Hacker? Early Adopter? Quer compartilhar uns textos, uns raciocínios sobre tecnologia? Sobre o mercado? Quer começar um blog? Quer fazer consultoria? Quer discutir inovação com outras pessoas?
É importante definir o seu objetivo para saber a imagem que você quer passar para outras pessoas.
Com quem você está falando?
É um link para que publicitários possam julgar o seu trabalho?
Ou é um link pra que as pessoas conheçam (e compartilhem) suas ideias?
Já ouvi dizer que criativos desconsideram portfólios feitos exclusivamente para conquistar olhares de “diretores de criação” — o que faz os olhos brilharem são ideias pensadas para melhorar a vida das pessoas. Não vale só fazer algo bonito, precisa ser algo simbólico.
E um planner precisa levar isso em consideração.
É importante que você tenha avaliado o mercado, é importante que você saiba identificar oportunidades de negócio. Mas o mais importante é que você consiga arrancar uma verdade do consumidor: algo que facilite a vida dos criativos na hora de apresentar uma solução para o problema de comunicação. Na minha opinião, é isso o que você precisa contar no seu case (respeitando os limites de informação que o cliente / agência permitem compartilhar, é claro).
Quando for apresentar uma campanha, pense em cases.
Dê uma olhada nesse case aqui que eu adoro ler: “If I Made It”, da Droga5 pra Newcastle. Aqui você vê um plano de comunicação maravilhoso, resumido, bem escrito e criativo. Award winner!
Calma! O seu não precisa ser tão completo e robusto quanto esse, mas seria interessante usar a mesma estrutura para apresentá-lo: o que a marca representa, o desafio, as oportunidades, a estratégia, a criação e o resultado.
Se você conseguir resumir cada item desse em 1 ou 2 linhas, já é um vencedor, porque tem muito mais chances de fazer alguém ler E ENTENDER o seu case. É preciso ser curto, direto ao ponto. Estamos falando de 1 página, 1 slide, 150 palavras.
Qual foi o seu papel nesse case?
Muitas pessoas participaram, suaram e sofreram pra esse case dar certo. Ou às vezes foram só três pessoas mesmo. É importante que você consiga dizer como contribuiu para a campanha. E eu tô falando de ir além do “coordenação de conteúdo e análise de comunicação”. Foca nos resultados, nos inputs, nas descobertas e aprendizagens. A reação esperada é: eu sou indispensável para que a equipe realize um bom trabalho, sendo estagiário, assistente, analista ou coordenador.
Não tenho campanha pra apresentar, e agora?
O famoso “portfólio fantasma” foi recentemente discutido no Planners BR e o Diego Dumont (Planning & Strategy na CO.R) fez uma observação interessante:
Se eu começasse hoje montaria uma pasta dividida em três partes:
1) uma análise estratégica de uma categoria inteira com seus 5 principais players. Dissecando de advertising, BTL, digital, PDV etc. Não só análise de comunicação, mas business também.
2) Uma análise de fusão de empresas ou guerra intensa que envolva 2 grandes players, tomando partido de quem leva a melhor no atual cenário e explicando porque.
3) Uma solução de causa e propósito social para uma grande marca que ainda não possua uma se amparar e que tenha sinergia com seu código de marca.
Acho que os três itens bem feitos dariam uma boa fotografia da capacidade analítica e planejadora de um jovem planner.
Quem quiser desenvolver cases reais, pode pegar desafios que ex-alunos do Bootcamp e Sandbox postam por aí. Tem briefs abertos.
Rapha Barreto (VP de Planejamento na FCB Brasil) também contribuiu:
Faça o que o Diego falou. E seja ótimo fazendo isso. E prepare-se para debater as ideias numa eventual entrevista. Saiba que é bem fácil manjar um fake ou destruir argumentos frágeis.
Você precisa de tempo pra organizar tudo isso.
Fazer um portfólio é basicamente entregar um job, então é importante se concentrar pra montar essas informações em um .doc antes de definir em qual site subir, qual o estilo vai ter, se precisa ou não ter URL própria e essas coisas.
É também um momento de autoavaliação, e por isso é tão difícil. São poucos os que conseguem afirmar com clareza seus objetivos de carreira. No começo ainda estamos nos descobrindo e desvendando as oportunidades de crescer trabalhando com estratégia, mas por mais que você ainda esteja meio perdido é essencial esclarecer (tanto no CV quanto no portfólio) quais são os próximos passos que você tem em mente. A famosa “onde você quer estar em 5 anos?” não está presente nas entrevistas em vão, por mais que hoje em dia, com pessoas se desenvolvendo profissionalmente de maneiras tão horizontais, seja uma pergunta superestimada. :P
por Verônica Merege: digital planner, aspirante a roteirista e encantadora de ppts.
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