Sobre atalhos e peroba.

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Jovens Planners
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4 min readAug 4, 2015

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por Juliana Matheus

Por esses tempos, li o texto que Lucy Jameson, Chief Strategy Officer da Grey de Londres, escreveu sobre sua trajetória até chegar a tal posição. Uma das coisas que ela pontua logo no começo é como não existe um manual a ser seguido que garanta “seja-planner-em-3-dias-ou-seu-dinheiro-de-volta”. Pode parecer óbvio, mas é fundamental entender isso.

Veja, eu não sou uma CSO — inclusive, estou BEM longe disso. Mas, às vezes acontece de alguém querer falar comigo sobre carreira, trabalhar em agências e afins, e então a conversa toma, normalmente, dois rumos:

“Me conta sobre a área, o universo e todas as coisas?”

Eu respondo na hora. Primeiro porque me sinto honrada de ser considerada pra essa conversa, dá aquela sensação de estar no caminho certo. Segundo porque eu já estive nessa posição e sei a importância de ter alguém pra trocar ideia sobre a realidade prática das coisas, e a diferença que isso faz.

E, por fim, porque é sempre melhor lidar com gente interessada, seja na vida ou no trabalho. Para essas pessoas, um beijo e #tamojunto.

“A gente mal se conhece, mas me indica?”

Aqui complica. Você está ali, com todo o foco do mundo num job pra ontem, e um apito de mensagem te interrompe. Já fora do transe, você desbloqueia o celular e, boom: “Oi, a gente nunca se fala, mas tá aqui meu CV, me indica? Abs.”.

Deixando de lado toda a responsabilidade que é indicar alguém, um pedido desses deixa claro que a pessoa está em busca de um atalho, um jeito mais fácil e menos indolor de chegar onde se quer. E nisso eu não acredito.

Na época da faculdade, eu tinha certeza que tinha nascido pra trabalhar em empresa. Como queria um trabalho a todo custo e acreditava que o que importava era ganhar experiência, saí me aventurando em coisas que não tinham nada a ver com a área — tipo aplicar pesquisa de satisfação por telefone e dar aulas de inglês. Até que eu finalmente consegui um estágio em empresa, e então descobri outra coisa: que eu não tinha nascido para aquilo (pelo menos não naquele momento).

Nesse desencontro, resolvi me munir de coragem e pedir dicas sobre o mundo das grandes agências para alguém com muita experiência que eu havia entrevistado num trabalho da faculdade sobre “grandes nomes da publicidade”. E foi a melhor coisa que eu poderia ter feito: sem essa dose extra de peroba na cara, eu possivelmente não teria me descoberto planner, tampouco estaria aqui, falando com você sobre atalhos e perobas. :)

Eu sei, o atalho é sedutor.

Saber que existe algo ou alguém capaz de diminuir a distância entre nós e nossos sonhos é muito tentador. Mas, no final, não é bem mais gostoso saber que você foi indicado por reconhecimento ao seu esforço e mérito, e não porque você pediu a um amigo-do-amigo qualquer?

O caminho é árduo, cheio de dúvidas, fracassos e sucessos invisíveis.

Nem sempre você terá segurança sobre para onde está indo e com quem, se mudou de emprego na hora certa, se fez a melhor análise de comunicação que poderia ter feito ou se está se saindo tão bem quanto aquele colega da faculdade.

Mas uma coisa eu posso garantir: você não encontrará essas respostas nos atalhos.

por Juliana Matheus: planner na DPZ&T, observadora de gente e digitalmente hiperativa.

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