Os jovens e o acesso ao mercado de trabalho

Porque a culpa não é de quem procura emprego

Jorge Branco
JSD Ilhavo
3 min readApr 30, 2020

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São tantos, e cada vez mais, os jovens que não encontram o emprego de sonho quando terminam o seu percurso académico: Aquele que almejavam desde muito novos e para o qual estudaram três, quatro, cinco ou até mais anos e, mesmo que tenham o fortúnio de o conseguir, ele não é valorizado como imaginaram ou como de facto o deveria ser.

Não obstante, esse momento (o do ingresso no mercado de trabalho) é de supra importância para cada um e marca o verdadeiro advento na vida adulta, com todas as responsabilidades que a mesma acarreta.

O percurso formativo termina e os jovens deparam-se perante um mundo novo.

Um mundo novo com um mercado de trabalho competitivo, repleto de estigmas, de entrevistas de emprego desfasadas da realidade, que colocam todo o tipo de entraves à garantia de emprego e ao sucesso profissional de quem lutou por isso. É uma altura da vida em que se veem perante algo que, mesmo tendo sido preparados (e, se não, deviam ter sido), é absolutamente inesperado e que exige uma nova adaptação.

A pressão e o desespero por não se conseguir alcançar um determinado emprego tem um impacto forte. Muitos jovens que não conseguem emprego a curto prazo, chegam mesmo a preferir regressar ao ensino superior e optar por um outro curso que pareça oferecer melhores condições de empregabilidade, num mercado que, como vemos, é cada vez mais volátil e cada vez mais instável.

Outra alternativa é a opção por um emprego fora da sua área de formação, com menor valorização profissional, e ao qual, eventualmente, poderiam ter-se candidatado com um menor grau de escolaridade, e sem terem de suportar os elevados custos de frequência no ensino superior. Para outros, a solução passa pela emigração que se acentuou no pós-crise provocando uma fuga de cérebros para o estrangeiro.

Preocupações reais. Escolhas reais. E uma sociedade que parece não lhes atribuir assim tanta importância. Afinal “já não existem empregos para a vida”…

Posto isto, é claro que o mercado de trabalho não está a funcionar corretamente.

Não sejamos demagogos ao ponto de defender, como Adam Smith, “que todos os empregos são criados em proporção direta à quantidade de capital empregado”, mas que também não é, nem deve ser, o Estado o principal impulsionador do mercado.

O sector privado deve desempenhar um papel fundamental de modo a colmatar as lacunas existentes e dar aos jovens as devidas oportunidades. Sim, é importante combater a precariedade laboral, mas também o é o apoio à criação de emprego.

Que apoios realmente existem para um jovem se empregar? Quão fácil é para uma empresa aceder a esses apoios? Que garantias são dadas aos jovens de que poderão beneficiar de um ambiente de trabalho profícuo à sua aprendizagem?

Algo está muito errado e a culpa não é de quem procura emprego. Todos sabemos o porquê e quem os responsáveis. Saibamos exigir. Porque é do futuro de todos que estamos a falar.

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