Uma abordagem pela igualdade de oportunidades

Carolina Ramos Soares
JSD Ilhavo
Published in
4 min readDec 3, 2022

Reflexão no Dia Internacional das Pessoas com Deficiência

A juventude do Município de Ílhavo, segundo os Censos 2021 corresponde a 9300 indivíduos, ou seja cerca de 24% dos munícipes de Ílhavo.

Se falarmos no caso das pessoas portadoras de deficiência, os censos de 2021 ainda não nos transmitem dados suficientes para sabermos qual a percentagem em concreto.

Mas os estudos realizados pela Secretaria de Estado da Inclusão em 2017 demonstram que pelo menos 17% da população portuguesa é detentora de algum tipo de incapacidade.

Com isto pretendo demonstrar que o que venho expor corresponde a uma questão relativa a quase 20% da população portuguesa e, por isso, mostro a minha vontade em vir dar uma palavra sobre a integração das pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

As pessoas com deficiência no seu dia a dia atravessam muitas barreiras e desafios de ordens diversas, nomeadamente, no acesso à educação, trabalho, habitação, subsistência económica e pessoal, barreiras arquitetónicas, entre outras, no fundo nas dinâmicas da vida comum a todos nós cidadãos. Por isso, também podem ter de enfrentar dificuldades de ordem financeira e/ou económica que se agravam, consideravelmente, por precisarem de satisfazer as necessidades mais básicas que melhora as suas atividades no quotidiano e permitem o exercício pleno dos seus direitos enquanto cidadãos.

A Luta pela integração das pessoas com deficiência deve partir de todos nós, fazemos parte de um partido inclusivo e que mostra preocupação com a justiça, igualdade e equidade. É nesta sequência, que eu trago algumas reflexões sobre o que penso e o que poderia ser feito.

A empregabilidade das pessoas com deficiência em Portugal ainda está muito longe de ser representativa, pois ainda nos encontramos numa sociedade que não sabe incluir estas pessoas com as suas capacidades e potencialidades que tão bem nos trazem ao mercado laboral.

Somos um país que apresenta números preocupantes no que diz respeito à integração de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, notem apenas que 23,7% das pessoas com deficiência desempregadas conseguiram emprego em 2021.

Apesar de existir o sistema de quotas de emprego para pessoas com deficiência que pretende incentivar a contratação destas pessoas no setor privado, bem como no setor público, com a obrigatoriedade do cumprimento de quotas nas empresas, está claro que não é suficiente. Aliás, apesar de ser uma obrigação para as empresas não há controlo na sua execução e isso claramente se vê no número de pessoas que se encontram empregadas. Claro que é um bom ponto de partida, no entanto podemos considerar que a falta de resposta e aceitação das empresas e entidades parte de uma sociedade que é preconceituosa e que vê a DEFICIÊNCIA igual a INCOMPETÊNCIA ou INCAPACIDADE para o trabalho.

Claramente que não é assim, as pessoas com deficiência têm um potencial enorme, na sua maioria são pessoas muito resilientes, determinadas e bastante competentes tal como pessoas sem deficiência e é aqui que se tem de mudar o paradigma.

No dia a dia não vemos pessoas com deficiência a circular nas ruas de forma autónoma nem tão pouco incluída nos serviços de atendimento ao público, muito raro isso acontecer. Talvez isso seja assim porque a oportunidade de trabalho que é dada é para funções que não são “visíveis” aos olhos dos outros, e quando vemos uma pessoa com deficiência numa caixa de supermercado achamos curioso e até valorizamos isso, mas e se pensarmos o seguinte: não seria mais natural vermos isso diariamente quando nos deslocamos a qualquer serviço? Digo isso porque relembro mais uma vez, estamos a falar de 20% da sociedade!

Quando vemos alguém com óculos a atender-nos numa farmácia não achamos isso fora do comum, certo? Todos temos particularidades, limitações e diferenças que nos distinguem uns dos outros e, por isso todos temos um papel determinante na integração das pessoas com deficiência no mercado de trabalho e é nesse sentido que devemos lutar.

Se a pessoa reúne todas as competências para o cargo, não deveria ser excluída na prática, só porque tem alguma limitação que nem sequer se torna essencial para o cargo a que se candidata. Com o apoio certo, as pessoas com deficiência adaptam-se às exigências das funções profissionais e poderão ser bem-sucedidas no local de trabalho em conjunto com os demais.

As pessoas com deficiência não podem ser excluídas!

Nós defendemos a equidade!

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