maiô amarelo.
foi naquela terça gorda que eu te vi, você me viu. eu desesperada, de maiô molhado, amarelo, sendo arrastada pela minha prima, pra seguir aquele bloquinho micado, que saiu da sorveteria. você, fingindo ser muito bad boy em cima daquela mobilete caloi, com aquele ar blasé que só os nossos 12, 13 anos são capazes de proporcionar.
e a gente foi seguindo o bloco, dançando. e você seguindo o bloco, me olhando.
o feriado acabando e o destino fazendo aquilo com a gente.
mas no seguinte, acho que Tiradentes, encontro uma velha amiga de escola andando na orla, ela me chama pra conhecer uns amigos e ops. lá tava você de novo. e eu tremi. como a gente só treme aos 12, 13 anos.
falou que gostava do bon jovi. que queria ser engenheiro. que morava longe pra cacete da minha casa. nada parecido comigo. porém, acrescentou que o feriado tava só começando pra gente descobrir se tínhamos algo que combinava.
no dia seguinte, cê corajosamente tocou no apartamento da minha família. meu primo atendeu todo bravo, inconformado, como assim você vai pra praia com um menino. mamãe gostou de você e disse que era pra ficar na direção do prédio, pra ela poder olhar (ela não disse, mas era isso).
tinha tanta vergonha que entrei na água logo que chegamos. tinha medo de ficar te encarando, me apaixonar e nunca mais te encontrar. só que aí, você reparou que o meu maiô, aquele, amarelo, era transparente também. e me disse "menina, cê nem imagina o quanto você é bonita".
não sei se foi você. se foi sua frase, pra mim inédita. se foram os nossos "desafios" de sair escondidos da minha mãe montados na mobilete lisa (sim, ela tinha nome de batismo), chegar toda ralada de cair e ainda apanhar. ou se foram os beijinhos tímidos, escondidos, típicos daquele 1988 que, vez em quando, eu me lembro, quando toca aquela canção.
naquele ano, eu troquei os tamborins por você. e pelo bon jovi.
