5 Melhores Filmes de 2016 Até Agora

Chorem: já passaram seis meses, estamos todos mais velhos.

João Silva Santos
Jump Cuts
5 min readJul 3, 2016

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Não só temos perdido estrela atrás de estrela em 2016, como também ainda não nos ofereceram nenhum clássico instantâneo, para contrabalançar as inúmeras perdas humanas que durante seis meses nos têm deprimido.

Pensem: no ano passado não só já nos tínhamos atirado ao poço existencial de Ex Machina, como já havíamos vibrado com a violência exuberante de Mad Max: Estrada da Fúria, chorado com a emoção de Divertida-Mente, e gargalhado até à exaustão com Capitão Falcão. A primeira metade de 2015 impressionou em quase todos os géneros da multitude cinematográfica, e ainda hoje estes filmes merecem visualizações repetidas no nosso ecrã caseiro.

Por outro lado, 2016 tem simplesmente correspondido às expetativas: os filmes de superheróis continuam em voga e com (relativa) qualidade — Deadpool foi violento e divertido como se esperava, Civil War gigante e emocional, Batman v Superman um desastre polarizante. As sequelas têm dominado as salas, embora quase ninguém esteja lá para as ver: a continuação de Alice no País das Maravilhas caiu no esquecimento, Zoolander 2 não registou em lado nenhum, Dia da Independência 2 falhou em quebrar o box office como bem queria…

Afinal, saiu algo de jeito em 2016?

A LAGOSTA

Saiu. Tecnicamente, A Lagosta estreou-se em vários salas no ano passado, em circuito de festival, mas só há umas semanas chegou a terras nacionais. E ainda bem, porque é uma das grandes surpresas deste ano.

Deixando o elenco de luxo de parte, A Lagosta cria em meros minutos um mundo distópico de relacionamentos e des-relacionamentos, apaixonados e rabugentos, em que a busca interminável pela nossa cara metade é a palavra de ordem. Hilariante, seco, e com algumas cenas que revoltam o estômago de tão verdadeiras que são; não há nada como A Lagosta por aí.

JOHN FROM

Enquanto A Lagosta se catapultou do culto para o mainstream sem grandes dificuldades, John From (do português João Nicolau), ficou-se por um par de ecrãs no país inteiro. Veio e foi sem grande fanfarra, umas palmas de um ou outro jornal aqui e ali, mas todos se esqueceram rapidamente desta maravilha do cinema português.

É um testamento à mestria de Nicolau que uma história coming-of-age como tantas outras se destaca pela sua simplicidade: o casting brilhante, os planos esparsos mais bem compostos, o estilo jukebox da soundtrack que lembra êxitos como a “Lambada”; tudo se junta para uma experiência cinemática refrescante. Acima de tudo, John From aprofunda uma perspetiva feminina da adolescência portuguesa sem obedecer ao comercialismo do cinema de televisão, ou sucumbir ao cinema de autor impenetrável que tanto caracteriza o nosso output nacional.

Uma jóia pouco vista e pouco apreciada.

OS BONS RAPAZES

Gosling e Crowe juntam-se para partir focinhos e malhar caralhadas em tudo o que se mexe. Querem mais? Os Bons Rapazes é o mais recente filme de Shane Black, o rei da buddy-comedy, e apesar de não reinventar o género, injeta-lhe nova vida ao emparelhar esta dupla de machões com Angourie Rice, uma pequena rapariga cheia de energia que acrescenta toda outra dimensão ao filme.

Os Bons Rapazes é porventura o maior crowdpleaser desta lista, limitando-se ao essencial mas excedendo todas as expetativas sem grande esforço. Talvez esteja destinado a uma rotina de domingo à tarde, mas não deixa de ser uma das entradas mais sólidas no cânone cinematográfico de 2016.

TODOS QUEREM O MESMO

Comédia, drama, musical; Todos Querem o Mesmo é mais uma amálgama de momentos e situações do que um filme propriamente dito, e por isso mesmo se destaca no meio da resma formulaica que 2016 tem infinitamente regurgitado.

Esqueçam o ar American Pie dos trailers, e perdoem o espírito incrivelmente machão dos primeiros quinze minutos, pois Todos Querem o Mesmo atinge o sublime ao deixar-se de pretensões artísticas ou comerciais. Richard Linklater volta a capturar a essência do Homem em pouco mais de duas horas, e nós só temos que nos recostar e apreciar a viagem.

ZOOTRÓPOLIS

Quem diria? A Disney a brilhar com um filme de animação, no mesmo ano em que a Pixar lança uma sequela a um dos seus originais mais celebrados pelo mundo inteiro?

É verdade. Zootrópolis não é só um daqueles filmes para crianças que se desdobram em isco para adultos; é também uma excelente análise da política de raças deficiente que caracteriza a atual sociedade ocidental. Consegue ser algo repetitivo por vezes, martelando a sua mensagem com uma violência superficial na cara da audiência, mas é essa mesma ambição que distingue Zootrópolis da restante ralé de animação, contente em limitar-se à diversão inconsequente.

E vocês, quais são os vossos filmes favoritos de 2016 até agora?

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