CURTAS 2016: O Claustro(fóbico) das Pérolas e do Ave
João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata fascinam com a sua exposição no Solar.
Passar por uma exposição no Solar é sempre uma aventura de mistérios vários. Quantas são as paredes com que vou embater até encontrar a tela, quantas projeções são estáticas e quantas são falha de equipamento… O que não faltam são vivências artísticas.
A Galeria de Arte Cinemática de Vila do Conde suplantou-se este ano. Quase tudo dentro destas paredes é marcadamente desconcertante, das pinturas duvidosas, que é como quem diz indefinidas por um génio artístico fluído, aos adereços sacados diretamente dos meus piores pesadelos, passando pela amostra de carnificina digna do supremo orgasmo de um vegan qualquer.
A exposição anexa à 24ª edição do Curtas tem Rio das Pérolas ou Rio Ave e China ou Varziela, ou qualquer coisa assim. A relação de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata com o festival serviu de mote às instalações que preenchem o Solar. Uma viagem aos recantos asiáticos do imaginário da dupla de realizadores / artistas com volta professada a Vila do Conde.
Sereias nadam em tanques de mercado, gaivotas pousam na clarabóia do corredor e as sonoridades das amostras confundem-se num soneto encomendado pelo demo. Mas a coisa lá se salva num meigo “Quem tem uma mãe tem tudo. Quem não tem mãe não tem nada”.
A exposição Do Rio das Perólas ao Ave chegou com o festival mas continuará pelo Solar até 25 de setembro. Caso para dizer que “quem tem um Curtas tem tudo”. Quem não tem um Curtas não tem nada.
Ou simplesmente não é vilacondense.