CURTAS 2016: Tirem-me Deste Filme (Experimental)

Os pesadelos em Vila do Conde voltam com as sessões experimentais.

Em cinco anos de Curtas, não tenho a memória de ter saído duma sessão experimental a pensar “sim, aquilo podia resultar”.

Razões não faltam para essa mágoa do experimental. Talvez seja hipster só de nome e siga filmes tirados sabe-se lá donde por um estado cuidadosamente indiferente no Facebook. Quiçá tenha vendido a alma ao comercial. Quem sabe realmente.

A verdade é que de todas as vezes que me forço a trocar o aconchego das pipocas pelo dicotómico público que assiste a filmes sem sapatos e de fedora (pessoal, eu já pouco vejo através dos vossos penteados à Son Goku, se acrescentam chapéus fica impossível), arrependo-me. Sim, isto sou eu a pôr todos os aficionados do experimental no mesmo saco, controvérsia dá views, já o dizia a minha trisavó Kim K.

A competição experimental estreou-se com Engram of Returning de Daïchi Saïto e, por mais que o TIFF me tente convencer do contrário, o desespero é incontestável. Não que negue que possivelmente esse seja o objetivo. No entanto, a composição sonora de Jason Sharp não me pareceu um extraordinário improviso mais do que uma cacofonia de levar ao desespero. Nem o travelogue metafísico me revelou um mundo sobrenatural de lembranças mais do que uma profunda enxaqueca às portas dum ataque qualquer.

Foi medonho. Uma aflição em deixar a sala que ultrapassa o incómodo de levantar meia fila de pessoas para o fazer. Quando lhe atiraram o microfone, Saïto bem disse que preferia concluir sobre o filme a introduzi-lo. Mas duvido que o que tivesse planeado para nos confortar fosse alguma vez suficiente.

Mas, não permitam que vos demova de passar pela Competição Experimental que está pelo Curtas até Sábado. É de lá que retiro um ano inteiro dos meus pesadelos mais desconcertantes.

Não faltem a esta incrível aventura.