A tríade vitruviana aplicada a produtos digitais

Diego Velazquez
Jusbrasil Design
Published in
4 min readDec 6, 2019

O passado e o futuro influenciam constantemente o nosso presente. Não só na área de design, mas na maioria das ações realizadas por todos nós. Essa influência não precisa vir exatamente da área em que trabalhamos no momento, já que todo tipo de ideia é capaz de transformar os nossos pensamentos e nos proporcionar o tão aclamado “insight”.

Pesquisando sobre a história da arquitetura, já que ela é considerada a mais antiga de todas as artes, e o design como disciplina e atividade profissional é proveniente dela, me deparei com um arquiteto romano chamado Marcus Vitruvius Pollio, lembrado através de suas obras que serviram de inspiração para grandes artistas da renascença como Leonardo da Vinci. O que um arquiteto do século I a.c tem a ver com design digital? Tudo.

A base da arquitetura clássica foi inaugurada pelos padrões de proporções e princípios conceituais de Vitruvius, sendo eles: “utilitas” (utilidade), “venustas” (atratividade) e “firmitas” (estabilidade). Esse princípios se encaixam como uma peça, praticamente perfeita, quando falamos sobre elaboração de design para produtos digitais.

Por mais desconexo que um princípio possa parecer comparado ao outro, em conjunto eles acabam se tornando os requisitos mínimos perfeitos para a criação de um produto digital.

Três círculos entrelaçados que formam uma área pintada de azul que representa um produto digital
Tríade vitruviana de requisitos mínimos aplicada a um produto digital

Utilidade

A base de todo produto é a sua utilidade, assim entende-se que tudo que é criado precisa ter um propósito. Partimos do exemplo de um produto digital comum em nossas vidas, um aplicativo para smartphones. Se ele não for útil para nós, o aplicativo não irá durar muito tempo instalado no aparelho, ou até mesmo nunca será usado. Simples assim. A utilidade de um produto digital vai além dos conceitos de tecnologia utilizada ou do design aplicado, ela faz parte da concepção da ideia.

Algumas perguntas que necessitam ser levantadas nessa primeira etapa do processo de criação são:

  • Qual problema esse produto soluciona?
  • Já existe alguma outra solução no momento? Qual?
  • O produto realmente facilita a vida do usuário ou apenas está criando mais complicações e passos para se chegar a solução?
  • Quais são as funcionalidades principais que agregam mais valor para o usuário?

Estabilidade

Após o usuário ter se interessado pelo produto e adquiri-lo, este precisa apresentar estabilidade desde a sua primeira inicialização.

Ou seja, ele precisa ser durável, fornecer um equilíbrio o que garanta com que o usuário se sinta seguro durante o uso do produto. Além disso é necessário que ele retenha com segurança os dados do usuário, eles não podem estar vulneráveis, pois comprometeria a confiabilidade na relação usuário-produto.

Um sistema nunca está “pronto”. Sempre existe o que melhorar. E por isso é necessário manter uma manutenção constante para que os “bugs” se mantenham reduzidos. Um software que teve um investimento em segurança de dados, torna a empresa menos vulnerável a ataques e acaba gerando menos gastos com contenção e resolução de problemas posteriores.

Atratividade

A atratividade de um produto é uma ferramenta muito importante, mas não se engane. Não é porque um produto é bonito que ele é fácil de usar. Atratividade e funcionalidade devem estar juntas, mas não são a mesma coisa.

É através da aparência de um produto que as pessoas são atraídas e é a partir dela que elas podem se afastar dele também. Um usuário irá deixar de utilizar um software caso sejam apresentadas funcionalidades que não tem um significado claro, que não funcionam direito ou até mesmo que tenham um curva de aprendizado muito grande.

Investir no quesito “beleza” do produto, é importante para competir com outros produtos similares, destacar-se e mostrar potencial do seu produto em si, além de atrair novos usuários.

Após essa reflexão, percebo que muitas vezes é necessário olhar para atrás para poder olhar para a frente novamente. O que mais seria possível aprender sobre design, se olharmos para outras esferas profissionais com a perspectiva de entender mais sobre a área e trazer o conteúdo para a nossa realidade?

Além disso, é importante não nos limitarmos a conversar apenas com pessoas da nossa mesma área ou a estudar apenas sobre o assunto em que trabalhamos. As vezes aquele hobbie que você gosta de fazer no fim de semana pode agregar, e muito, no dia a dia do teu trabalho. As vezes aquele amigo de outra profissão, que parece que não tem nada a ver com a tua, pode acabar agregando muito e levando a todos crescimento conjunto em um ecossistema de trabalho saudável.

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