Por que fizemos o Novembro Negro no Jusbrasil em 2022?

Dandara Lima
8 min readMar 13, 2023

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Durante o mês de Novembro, construímos um projeto com 4 semanas de ações no Jusbrasil com foco na temática racial. Mas por que fizemos isso?

  1. Antes de tudo, quem escreve esse texto?

Este é um texto escrito a pelo menos 8 mãos. Somos Camila Archanjo, Dandara Lima, Mariana Sales e Priscila Cardoso. 4 mulheres negras, com diferentes histórias e vivências. Contudo, em comum temos pelo menos 3 aspectos:

  • Somos mulheres negras;
  • Somos jusbrasileiras (apelido carinhoso que usamos entre nós aqui no Jusbrasil);
  • Fazemos parte do comitê do grupo de afinidade de pessoas negras do Jus, o nosso Afrojus.

Neste texto, escrevemos as 4, mas na verdade estamos falando como meras representantes. No Afrojus, somos 40.

40 pessoas plurais, diversas, com múltiplas habilidades e potencialidades. E foi a certeza sobre isso que nos fez construir um projeto, o Novembro Negro: 4 semanas de ações desenhadas com bastante intencionalidade.

Queríamos apresentar a todas as pessoas jusbrasileiras a diversidade racial e suas múltiplas potencialidades, estimular o desenvolvimento da consciência racial e celebrar o marco de resistência que é o novembro negro.

Talvez você esteja se perguntando o motivo pelo qual achamos que isso foi necessário. Ou talvez o que é um grupo de afinidade ou um comitê. Bora falar mais sobre isso?

2. Por que sentimos que isso era necessário? Nós te contamos.

O Jusbrasil cresceu muito durante os últimos anos. Até 2018, éramos uma empresa com cerca de 90 pessoas. Hoje, em 2023, somos 454. Não somente o volume de pessoas cresceu, como também houve um processo de aumento da diversidade entre as pessoas que passaram a compor a empresa, o que inclui a diversidade racial.

Até 2021, nunca existiu um grupo de afinidade estruturado; até 2022, nunca existiu um evento robusto ou um conjunto de ações que pautasse a consciência racial, embora existissem algumas pessoas-chave que puxaram a discussão sobre o assunto de maneira mais avulsa.

Em 2021, isso começou a mudar. O Jusbrasil passou a ter como um dos seus objetivos ser mais diverso e inclusivo, o que se refletiria na evolução da percepção de diversidade e inclusão na empresa e no aumento do head-count de pessoas de diversos grupos.

Em 2022, diversas ações institucionais foram criadas para impulsionar a pauta e, neste texto, queremos destacar a criação de 3 grupos de afinidade: o JustMulheres, grupo de afinidade de mulheres; JusPride, o grupo de afinidade das pessoas LGBTQIA+ e nosso grupo de afinidade de pessoas negras: o Afrojus.

Quando nós, integrantes do Afrojus, ajudamos a desenhar a nossa visão enquanto grupo de afinidade, queríamos que as pessoas negras do Jus fossem ainda mais vistas, respeitadas e tivessem a possibilidade de exercício dos seus talentos de forma plena.

Queríamos nos sentir ainda mais como parte da empresa e que a nossa voz e nossa ação coletiva pudessem transformar interna e externamente os danos históricos do racismo. Estávamos em coletivo por acreditar que é na ação coletiva que encontramos segurança e esperança.

3. O projeto Novembro Negro do Afrojus

Foi com base nesses princípios que, em novembro de 2022, construímos o nosso Novembro Negro, um conjunto de ações para o público interno e externo do Jusbrasil.

Tínhamos como objetivo geral: apresentar a todas as pessoas jusbrasileiras a diversidade racial e suas múltiplas potencialidades, estimular o desenvolvimento da consciência racial e celebrar o marco de resistência que é o novembro negro.

DIA 1

No dia 10/11/2022, fizemos o nosso evento de abertura — um evento interno, transmitido via zoom para todas as pessoas jusbrasileiras que tiveram interesse em participar da discussão sobre a temática.

Neste dia, aprendemos com a Dra. Bárbara Carine sobre a importância do novembro negro e seu significado. Uma aula impactante, que demonstrou, sob a perspectiva histórica, científica e filosófica, as raízes do racismo.

DIA 2

A aula foi com a nossa Head de Diversidade, Priscila Cardoso. Conversamos sobre os impactos da História na carreira da pessoa negra e sobre a caminhada do privilégio.

Discutimos dados internos; fomos abertos e vulneráveis ao compartilharmos os sentimentos sobre a palestra de Dra. Bárbara, realizada no dia anterior, e falamos sobre a temática de pessoas negras e carreiras.

DIA 3

Lembram que comentamos que gostaríamos de demonstrar a nossa diversidade e as nossas múltiplas potencialidades dentro da empresa? Esse foi um dia especialmente dedicado para isso.

Convidamos nossos talentos internos para falarem sobre suas especialidades e, com isso, tivemos um ciclo de palestras técnicas sobre Tecnologia, Produto e Design: o Afrotech Jusbrasil.

Neste dia, palestraram Priscila Cardoso, Caio Lima, Camilla Correia, Daniele Ferreira, Thais Viana, Lara Sant’Anna, Icaro Jorge e Marcio Vicente.

Esse evento teve como público-alvo tanto nós, pessoas jusbrasileiras, quanto a comunidade externa. Por isso, fizemos um evento híbrido: presencial no nosso escritório em Salvador e transmitido pelo Youtube — caso queira conferir, é só acessar este link.

DIA 4

Para finalizar nosso ciclo de eventos, entregamos o Afrojus Day com o objetivo de promover letramento racial, que é um conjunto de práticas com o objetivo de ensejar à reflexão de como se dão as relações raciais e como elas constroem o mundo, a partir da divisão de raças, tendo como ponto de partida um debate com viés antirracista. Além disso, buscamos a integração entre todas as pessoas jusbrasileiras.

Neste dia, também queríamos atingir a comunidade interna e externa. Por isso, o evento também foi híbrido: presencial no nosso escritório em Salvador e transmitido pelo Youtube — e pode ser conferido aqui neste link.

Neste dia, trouxemos 3 palestrantes:

Mônica Tavares, para nos ensinar sobre negócios como peça fundamental para o desenvolvimento econômico e pilar de combate ao racismo estrutural.

Rebeca Rosa, para nos ensinar sobre Afrofuturismo e planejamento de futuro.

Dr. Fábio Esteves, para palestrar sobre a importância da diversidade e do letramento racial para promoção da justiça.

Ao final do dia, tivemos um Happy Hour especial, construído especialmente para celebrar o fim desse ciclo de ações e para celebrar o marco de resistência que é o Novembro Negro.

O que conquistamos?

Nos sentimos realizadas e com a sensação de dever cumprido após a entrega deste projeto. Graças a essa iniciativa, conseguimos alcançar resultados relevantes e de alto impacto para integração com comunidades negras, na construção de uma cultura de inclusão, senso de pertencimento e representatividade das pessoas negras no Jusbrasil.

Neste sentido, buscamos e atingimos os seguintes resultados:

  1. Integração com comunidades negras, sobretudo de tecnologia, produto, negócios e justiça construindo relacionamentos com pessoas negras
  • (i) Durante o novembro negro, estivemos no evento do Afropython no Roma Negra, construindo relacionamentos com essa comunidade; (ii) trouxemos diversos talentos de tecnologia e produto para conhecer o hub Salvador, durante um Happy Hour, momento em que puderam experienciar e se encantar com a cultura jusbrasileira; (iii) e abrimos para a comunidade externa a possibilidade de participar dos nossos ciclos de debates técnicos, conduzidos por nossos talentos negros, demonstrando à sociedade a materialização de nossos pilares culturais como deep knowledge e elite team.
  • Conseguimos ampliar a integração com comunidades negras, sobretudo de tecnologia, construindo relacionamentos com diversas pessoas negras.

2. Materializar os objetivos estratégicos de diversidade, na seara racial.

  • Alcançamos um dos objetivos do nosso OKR Táticos D&E&I: Co-construir uma cultura inclusiva em que todos se sintam pertencentes:
    - O Novembro negro proporcionou às pessoas pretas jusbrasileiras que se vissem representadas em todos os momentos desse ciclo de ações.

3. Aumentar a representatividade, a inclusão e o pertencimento das pessoas negras do Jusbrasil

  • Colocamos pessoas pretas como protagonistas no planejamento, construção e na exposição de conhecimento técnico de qualidade no Jusbrasil, o que contribui para o aumento do sentimento de representatividade, pertencimento e inclusão.
  • Trouxemos pessoas pretas especialistas para tratar de aspectos históricos, suas vivências e seus conhecimentos, o que também aumenta o sentimento a representatividade

4. Oportunidade de integração entre todas as pessoas jusbrasileiras:

  • Todas as ações ocorridas no Novembro Negro foram abertas a todo público jusbrasileiro e proporcionaram integração à quem esteve presentes.
  • Várias pessoas da empresa ficaram muito animadas com o debate e com a oportunidade de aprendizado que as ações do Novembro Negro proporcionaram. Além disso, as postagens sobre Afrotech e Afrojus Day no Linkedin estão no Top 10 postagens com maior engajamento de todo o ano de 2022.

Esse trabalho deve ser perene

Nosso empenho e felicidade em conseguir realizar o Novembro Negro e mostrar a ideia e os objetivos do grupo de afinidades Afrojus é imensa.

Importante frisar, entretanto, que as ações de letramento racial e postura antirracista não devem acontecer somente no mês de novembro.

Entendemos que a transformação social que a gente precisa e quer alcançar perpassa pelo comprometimento com causa antirracista, com investimento nas ações e nas pessoas negras, qualificando-as e valorizando-as, além de atribuir importância à temática em um âmbito estratégico.

Como todo projeto, também tivemos desafios e, para superá-los, contamos com a ajuda de parceiros das mais diversas áreas que garantiram que essa ideia saísse do papel. Neste sentido, agradecemos a Mariana Assis, Larissa Monteiro, Olivia Carreira, Camila Prado, Tom Junior, Daiane Santos, Mara Santos, Katiane Santos, Thainá Santos, Josenaldo Santos, Alberto Conceição, Guilherme Busato e Pedro Colombini.

Juntos, trabalhamos em um esforço comum: a entrega de um evento extraordinário , que refletisse a potencialidade das pessoas negras e do Jusbrasil.

O sentimento que fica é que entregamos um evento de alto impacto, e conseguimos materializar os objetivos estratégicos de diversidade na seara racial, aumentar a representatividade, a inclusão e o pertencimento das pessoas negras jusbrasileiras.

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