Como ser uma pessoa mais “data driven”?
A boa notícia na minha opinião é que quase todas as pessoas já são. Precisam só despertar isso para nosso mundo dos negócios de maneira disciplinada, para o dia a dia dos negócios com paciência para ter a resposta que precisa antes da tomada de decisão.
Vou explicar meu pensamento: eu cresci me acostumando com respostas fáceis (como a grande maioria que está lendo esse texto e tem menos de 40 / 45 anos). Façam o teste?
- Como estará o tempo na praia X daqui exatos 10 dias? 30 graus, nublado com 20% de chance de chuva. Isso levou 11 segundos, principalmente porque estava carregando as imagens do local.
- Quem fez o gol do título do meu coringão em 1990? Tupazinho, talismã. Com link para o vídeo que mostra o gol. 6 segundos.
- Qual foi o lucro operacional da Amazon no último trimestre? US $ 1,93 bilhão. Isso levou 5 segundos.
Minhas expectativas para encontrar o que eu quero, imediatamente, são compreensivelmente altas para muitas e muitas perguntas. Para muitas mas infelizmente não para todas. Logo, as pessoas são “data driven” em sua maioria, mas se não possuem as respostas que querem em pouco tempo, não esperam por elas para a tomada de decisão.
A nossa expectativa por respostas prontas é alta, e muitas delas ainda hoje não estão, ou variam de lugar para lugar, empresa para empresa.
Se eu estiver atuando no mundo do varejo, gostaria de saber por que não podemos combinar os dados de vendas de um determinado produto com o sentimento via mídia social de quem comprou o mesmo, clusterizado por regional e ticket médio, para projetar o comportamento de compra do cliente no meu ambiente e criar assim um melhor “journey” para o mesmo.
Na área da saúde, por que não podemos usar dados históricos de operações clínicas realizadas num determinado hospital para prever a ciclicidade do fluxo do paciente e dimensionar corretamente nossa equipe de enfermagem, otimizando assim nosso tempo de atendimento e uso dos recursos?
Se você também se faz perguntas desse tipo, e para obter as repostas o tempo é longo e muitas vezes precisa de um alto investimento em plataformas, coletar dados, etc, você não está sozinho! E não tem receita de bolo também nas respostas. Varia muito de business para business, marca para marca. Geralmente se faz uma pergunta dessas para sua área de BI, a primeira resposta é DEPENDE. Porque há muitas variáveis a serem analisadas. E logo já aponta que a área d BI ou IT não faz parte do “negócio” da sua empresa, que eles não possuem a agilidade que precisam.
As pessoas no mundo dos negócios querem saber como transformar essas necessidades analíticas em realidade, em resposta rápida. Eles querem saber quais casos podem ser aplicados à sua indústria ou marca. Eles querem entender quais tecnologias podem ajudá-los a conectar os pontos entre os dados e a decisão mais precisa possível.
Logo, as pessoas mais “data driven” hoje são aquelas mais técnicas (que sabem trabalhar melhor com as plataformas de hoje), que possuem mais conhecimento sobre bancos de dados e interpretação de dados, mais paciência e perseverança na busca pela resposta mais precisa, para se aprofundar mais e mais na busca e resposta que precisa, pois insiste em ter essa resposta antes da tomada de decisão. Que prefere esperar do que agir com sua intuição, que é mais imediata, mais rápida que toda análise necessária para ser “data driven”. Entendo que as vezes não temos esse tempo todo para a tomada de decisão.
Nessa famosa matéria da Forbes, o próprio Jeff Bezos cita que não é possível esperar pelos 100% dos dados para a tomada de decisão.
“ Make Decisions With 70% Of The Info You Wish You Had”
Interessante ver como as pessoas / empresas pesquisam ativamente tópicos relacionados a suporte e análise de decisões. Tópicos relacionados a tecnologias e atividades sofisticadas (IA, Aprendizado de Máquina, Machine Learning e Ciência de Dados) estão no topo da lista do conteúdo mais envolvente na Internet, como mostra a figura abaixo.
Mas por que as pessoas estão tão interessadas nesses tópicos?
Certamente há uma tremenda quantidade de “hype” em torno do AI por exemplo no mundo dos negócios. Sim, estes são temas magnéticos e futuristas que capturam a imaginação. No entanto, acho que há razões mais concretas para todo esse interesse. As pessoas querem fazer coisas legais com seus dados, e a maioria deles não são PhDs em analises estatísticas.
A boa notícia é que sua empresa provavelmente reconhece isso e está considerando suas necessidades em sua estratégia de tecnologia e dados, e investindo nisso, ou pelo menos pensando já em investir.
A evolução da tecnologia analítica nos últimos anos tem sido tão rápida quanto interessante. Algoritmos cada vez mais sofisticados, produzindo modelos de dados altamente complexos, lidando com grandes volumes de dados, proporcionando resultados extremamente rápidos. A indústria de análise prospera com a alta tecnologia e o tal big data.
Um olhar mais superficial sobre essa evolução tecnológica pode levar você a acreditar que todas essas coisas são destinadas apenas aos verdadeiros ninjas de dados, o que não é verdade. Na realidade, as empresas preparadas para o sucesso são aquelas que estão focadas em colocar os poderes ninjas nas mãos de todos os colaboradores da empresa. Para mim, aqui sim está a verdadeira virada para data driven.
Escrevi mais sobre isso especificamente, caso tenha interesse:
Os humanos produzem as perguntas a serem feitas, a tecnologia acelera na busca pelas respostas, os humanos interpretam os resultados. Este é um processo analítico clássico (de maneira super simplificada de falar). Estamos entrando agora em uma nova dimensão de decisões baseadas em dados que amplia e vira o modelo — a tecnologia sugere novas perguntas a serem feitas, os humanos refletem e priorizam as perguntas, a tecnologia detecta correlações e respostas e, em última análise humana, encontra / valida o significado.
Isso pode soar como ficção científica para a maioria das empresas que operam hoje, mas acredito muitas empresas de hoje e certamente a próxima geração de organizações altamente bem-sucedidas encontrará a maneira mais eficaz de mesclar conhecimento comercial e de produto com atividades analíticas e automatizadas para elevar a qualidade das perguntas feitas, respostas recebidas e decisões executadas data driven based.
