Colaborações entre arte e moda: o caso Marc Jacobs na Louis Vuitton
A passagem do estilista americano Marc Jacobs pela Louis Vuitton significou um antes e depois na relação arte — moda no mercado de luxo atual. Apesar de existir desde 'principios' da cultura de maisons de luxo francesa, as colaborações aconteciam com frequência esporádica e não obedeciam a nenhum critério, sendo definido o papel das partes entre cada marca e artista em cada colaboração.
Marc Jacobs instaurou na Louis Vuitton um modelo de colaboração que hoje em dia é utilizado por muitas grifes. Seu modelo consistia em convidar artistas contemporâneos — e principalmente populares — para desenvolver coleções cápsulas de acessórios e principalmente malas e bolsas (a Louis Vuitton era a princípio uma marca de artigos de viagem) transformando produtos da marca em sinônimo de “must have” a cada coleção. Entre as coleções mais populares estão as criadas em colaboração com Takashi Murakami, Stephen Sprouse, Yayoi Kusama e com o artista americano Richard Prince.
Richard Prince é um fotógrafo e pintor estadunidense. É conhecido principalmente por protagonizar polêmicas no mundo da arte, pois seu trabalho se fundamenta na apropriação de imagens dos meios de comunicação e da publicidade. Ele é o autor da primeira refotografia (uma fotografia feita a partir de outra imagem) que alcançou o valor de 1 milhão de dólares em um leilão.
Normalmente se associa Richard Prince aos artistas da “Pictures Generation” que inclui Cindy Sherman e Louise Lawler e se caracterizam pela apropriação de imagens, ideias, objetos e estéticas já criados por outras pessoas para compor suas obras. Dentro desse movimento, Prince se destaca por assumir uma posição radical já que costumava fotografar outras fotografias. Para a colaboração com a Louis Vuitton, Prince criou algumas bolsas e na apresentação da coleção 12 enfermeiras abriam o desfile utilizando máscaras com o monograma da marca, fazendo alusão à série de pinturas “Nurses” do artista.
Em entrevista à Vogue estadunidense Marc Jacobs explicava a coleção da seguinte forma “Tudo veio da nossa colaboração com Richard Prince que é um artista que se apropria de referências dentro do seu trabalho, que é também o que fazemos — o que é bom, desde que haja três diferenças em tudo”. Assim ele explicava que a coleção era o resultado de referências que ele tinha em comum com o artista. As bolsas desenvolvidas nessa colaboração faziam alusão à série “Monochromatic Jokes” de Prince, onde o artista pintou em telas, pequenas frases alusivas a situações engraçadas.
