Selfie

Edu Alves
kayua
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2 min readJun 7, 2018
Foto: Pexel

Aquela mania de esticar o braço segurando o celular apontado para o rosto e espalhar a foto produzida nas redes… Nunca fico bem nelas, nas selfies. Cabeça meio torta, não lembro de olhar para a câmera, a luz não ajuda. E sempre me pergunto como algumas pessoas acordam lindas para um autorretrato. E não estou falando só das webcelebridades do mundo fitness, que parecem viver para aquilo, mas de alguns amigos que são adeptos dessa “técnica”. Vejo sempre uma amiga postar fotos. Às vezes parece estar saindo da cama naquele instante, mas bela e arrumada, sem ser forçado, sempre inspiradora. A foto vem acompanhada de uma mensagem, em geral, engajadora. A ideia é, a partir de seu bem-estar, passar uma mensagem positiva à timeline. Deve funcionar, não sei.

Sempre estou com um topete pelas manhãs, e não é daqueles que a gente molda para sair, não. Ele teima em se manter firme com um passar de mãos ou uma escova. Precisa ser domado com um belo jato de água quente. Mesmo depois disso, ainda não estou convencido de que ficou bom para compartilhar. Ensaio no espelho, na câmera da frente do meu aparelho celular. Nada. Não é que me ache feio ou algo assim. Mas me soa fora do contexto. Não me vejo ali. Não consigo pensar na legenda que vá fazer sentido para alguém que não seja eu.

Bom, a minha selfie, eu descobri, é feita de palavras e só delas. Eu sou assim. E ela leva um pouco mais do que um tweet ou uma hashtag. Eu sou traduzido em palavras mesmo, não numa imagem. Quem me conhece, sabe que leva um tempo para me decifrar, como um livro que não lhe diz se é bom na contracapa. Gosto assim.

O meu auto retrato (porque é isso mesmo) é feito para sentir. E espero sempre que cada um que o ler tenha uma sensação diferente. Que o conhecimento que cada um leva dentro de si, o ajude a experienciar aquelas palavras a sua maneira. Que interprete cada uma delas e o entenda dentro de si, crie suas próprias imagens. Sinta.

Em maio desse ano, participei da primeira turma do curso “ Como se encontrar na Escrita” (onde conheci a querida Keila), ministrado pela Ana Holanda, jornalista, editora da Vida Simples. Senti isso mais forte durante esses dias de curso, pois ele realçou dentro de mim a vontade de que escrever afetasse o outro e criasse sensações. Essa experiência me tornou mais livre nos meus textos pessoais. E também me fez refletir mais em relação ao outro. Mas, o mais importante, me fez acreditar na importância de ler a mim mesmo e o outro, sem despersonificar. Isso cria a narrativa real. Isso afeta da maneira que sei e acredito ser.

Publicado originalmente em Motivação Todo Dia.

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Edu Alves
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