Compartilhar ou proteger o conhecimento?

Mírian Oliveira
Knowledge For Practice
3 min readDec 21, 2020
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O compartilhamento do conhecimento é um processo da gestão do conhecimento onde os indivíduos ou grupos trocam seu conhecimento, sendo que é possível criar novos conhecimentos a partir desta troca [1]. O compartilhamento é formado pela doação do conhecimento, quando o indivíduo ou grupo oferece seu conhecimento para outro indivíduo ou grupo, sem que estes tenham solicitado; e pela coleta do conhecimento, quando um indivíduo ou grupo solicitam para outro indivíduo ou grupo um conhecimento, o qual é fornecido [1].

O aumento da inovação na empresa pode ser um dos benefícios do compartilhamento do conhecimento [2]. Por outro lado, o vazamento do conhecimento pode ser uma vulnerabilidade, em especial no compartilhamento do conhecimento entre empresas [3]. A falta de proteção pode levar a perda de conhecimento crítico para a empresa.

O compartilhamento e a proteção do conhecimento não são incompatíveis, mas é necessário encontrar um equilíbrio entre eles.

A proteção do conhecimento acontece tanto através de mecanismos formais como, por exemplo, contratos, e informais como, por exemplo, políticas para o compartilhamento do conhecimento [4]. A empresa precisa ter cuidado para que a proteção do conhecimento não seja entendida pela outra(s) empresa(s) como falta de confiança, pois isto pode inibir o compartilhamento do conhecimento [4], e a inovação.

Os mecanismos formais de proteção de conhecimento podem ser legais (patente, contratos de confidencialidade, copyright, etc.) e técnicos (restrições técnicas de acesso, sistemas, etc.) [5]. Os mecanismos formais técnicos estão associados com a segurança da informação na empresa.

Em termos técnicos, as empresas precisam estar atentas ao uso dos equipamentos particulares dos seus funcionários para o desenvolvimento de atividades da empresa.

Os mecanismos informais de proteção de conhecimento consideram sigilo (restringir o compartilhamento do conhecimento a pessoas específicas); deixar o conhecimento completo do produto ou serviço em um grupo reduzido de pessoas, enquanto a maioria das pessoas tem um conhecimento parcial; conscientizar os funcionários sobre as regras de conduta e a importância de proteger o conhecimento; acordo entre os membros das empresas sobre como se comportar em relação à proteção e ao compartilhamento do conhecimento [5].

Referências

[1] Hooff, B. V. D. e Ridder, J. D. (2004). “Knowledge sharing in context: the influence of organizational commitment, communication climate and CMC use on knowledge sharing.” Journal of Knowledge Management 8 (6), 117–130.

[2] Nodari, F., Oliveira, M. e Maçada, A. C. G. (2016). “Organizational performance through the donation and collection of interorganizational knowledge.” VINE Journal of Information and Knowledge Management Systems 46 (1), 85–103.

[3] Gast, J., Gundolf, K., Harms, R. and Collado, E. M. (2019). “Knowledge management and coopetition: How do cooperating competitors balance the needs to share and protect their knowledge?” Industrial Marketing Management 77, 65–74.

[4] Olander, H., Vanhala, M. e Hurmelinna-Laukkanen, P. (2014). “Reasons for choosing mechanisms to protect knowledge and innovations.” Management Decision 52 (2), 207–229.

[5] Ilvone, I., Thalmann, S., Manhart, M. e Sillaber, C. (2020). “Reconciling digital transformation and knowledge protection: a research agenda.” Knowledge Management Research & Practice 16 (2), 235–244.

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Mírian Oliveira
Knowledge For Practice

Dra. em Administração, Professora e Pesquisadora no PPGAd/Escola de Negócios/PUCRS; Área de Interesse: Gestão do Conhecimento