O governo aberto e a gestão do conhecimento

Letícia Jardim
Knowledge For Practice
3 min readFeb 3, 2021
Imagem: Jornal de Negócios

O governo aberto promove transparência, empoderamento da sociedade, combate a corrupção e incorpora novas tecnologias para melhoria da governança (1). Vários pesquisadores alegam que os dados governamentais abertos melhoram a eficiência, fortalecem a democracia, incentivam a participação, expandem a colaboração, aumentam a transparência e estimulam o crescimento econômico e a inovação (2). O governo aberto é vantajoso, predominantemente, para a economia baseada no conhecimento (3), mas as evidências de como os dados são usados para criar conhecimento formal e as métricas para fazer isso permanecem incomuns (4).

A principal motivação por trás do governo aberto é gerar novos conhecimentos a partir de dados acessíveis e disponíveis de forma universal e gratuita (5). A transformação de dados em conhecimento ocorre com a adição de contexto e semântica fiéis aos dados por meio de táticas, técnicas e procedimentos de aquisição, nutrição e compartilhamento.

O governo aberto está se tornando uma importante fonte de conhecimento e inovação para gerar valor econômico, se usado corretamente.

No entanto, atualmente não há padrões ou estruturas para a aplicação de táticas, técnicas e procedimentos de continuum de conhecimento para melhorar a extração de conhecimento de elicitar o governo aberto de uma maneira consistente (5).

Os pilares do governo aberto são:

  • Transparência;
  • Participação;
  • Colaboração nas democracias modernas.

A gestão do conhecimento como ferramenta da transparência

A evolução da gestão do conhecimento como uma disciplina em meados da década de 1990 e o surgimento das técnicas de compartilhamento de conhecimento (6) a sociedade do conhecimento e as cidades inteligentes constroem daí em diante (7) tendências progressivas na globalização dos negócios e transparência e democratização da governança (8), movimentos no mundo que levam ao modelo de governo aberto (9).

Os cidadãos têm utilizado mais os dados fornecidos pelos governos abertos, porém identifica-se que ainda não sabem onde aplica-los. Por isto, a importância da gestão do conhecimento, que deve ser entendida de acordo com o continuum de conhecimento, que é descrito como transformação sequencial de dados-informação-conhecimento (10).

No Brasil, a área da Educação é um exemplo prático que apresenta boa evolução em termos de Governo Aberto e Conhecimento. Nos chamados hackthons de Dados Educacionais, hackers de todo o país trabalharam durante horas seguidas e desenvolveram aplicativos, sites e plataformas usando os dados da Prova Brasil e do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb). O objetivo é que os softwares produzidos no Hackathon possam disseminar informações educacionais, ajudando a mobilizar a sociedade em prol de uma educação pública de qualidade.

Referências

(1) OGP 2011 — Controladoria-Geral da União — Parceria para Governo Aberto, 2011.

(2) Jetzek, T. “O valor dos dados governamentais abertos: uma estrutura de análise estratégica”, Geoforum Perspektiv, Vol. 12 №23, pp. 48–56, 2013.

(3) Uhlir; Schröder “Dados abertos para ciência global”, Data Science Journal, Vol. 6 №17, pp. 6–53 2007.

(4) Mohamed, M. “O ‘continuumization’ da tecnologia de gestão do conhecimento”, VIDEIRA, Vol. 38 №2, pp. 167–173, 2008.

(5) Mohamed; Pillutla; Tomasi “Extração de conhecimento de dados governamentais abertos: A estrutura de rede de valor iterativa do conhecimento”, VINE Journal of Information and Knowledge Management Systems, Vol. 50 №3, pp. 495–511, 2020.

(6) Charband, Y.; Navimipour, NJ, “Mecanismos de compartilhamento de conhecimento na educação: a revisão sistemática do estado da arte da literatura e recomendações para pesquisas futuras”, Kybernetes, Vol. 47 №7, pp. 1456–1490, 2018.

(7) Sayogo; Pardo; Cook “Uma estrutura para benchmarking de governo aberto esforços de dados”, no IEEE, ed., 47ª Conferência Internacional HI sobre Ciência do Sistema, IEEE, Waikoloa, HI, pp. 1896–1905, 2014a.

(8) Ruijer; Grimmelikhuijsen; Meijer “Dados abertos para a democracia: desenvolvendo um quadro teórico para o uso de dados abertos”, Informações governamentais trimestrais, Vol. 34 №1, pp. 45–52, 2017.

(9) Zeleti, FA, Ojo, A. e Curry, E. (2016), “Explorando o valor econômico dos dados governamentais abertos”, Informações governamentais trimestrais, Vol. 33, pp. 535–551, 2016.

(10) BENNETT, R.; GABRIEL, H., Organisational factors and knowledge management within large marketing departments: an empirical study, Journal of Knowledge Management, Vol. 3 №3, pp. 212–225, 1999.

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