Caçando com gatos: o ano de 2020 da CatMyPet
Agnes Cristina é a fundadora e CEO da CatmyPet, startup celebrada por bichanos e humanos. A CatMyPet oferece um amplo leque de acessórios e itens de higiene pensados para os felinos. Por isso, para a alegria de gatos e humanos, convidamos a Agnes para bater um papo com a gente sobre como tem sido o ano de 2020 para a CatMyPet e sobre quais foram os desafios e aprendizados que tiveram até aqui.
A pandemia do novo Coronavírus afetou todos os mercados em todos os países. E o mercado pet não foi exceção. No início da conversa, perguntamos a Agnes como foi a transição do planejamento estratégico estabelecido no pré-pandemia para tudo aquilo que aconteceu de março em diante.
“Antes da pandemia, tínhamos um pipeline de lançamento de novos produtos e de canais bastante diferente. A gente se baseava em cenários macro e microeconômicos que foram totalmente virados do avesso. Tudo mudou com a pandemia. Questões cambiais, de hábitos de consumo, de operações comerciais e logística. Tudo isso mudou drasticamente. No começo era difícil prever o quão grande seria o impacto da crise.”
Para reagir às mudanças rápidas, a CatMyPet buscou planejar as próximas etapas do caminho. “Em fevereiro, fizemos um ajuste; em março, descartamos o de fevereiro e fizemos outro planejamento. E mesmo o planejamento de março não se realizou totalmente. Não imaginávamos que chegaríamos perto da Black Friday com a pandemia ainda em curso”.
Dizem que empreendedorismo é trocar o pneu do carro enquanto ele ainda está em movimento. A experiência da CatMyPet em 2020 tem muito mais a ver com a analogia que faz Reid Hoffman, no sentido de que empreender é o mesmo que se jogar do precipício junto com as peças de um avião desmontado. A missão do empreendedor é montá-lo antes de chegar ao chão.
Durante esse período turbulento, a Agnes montou vários aviões. Como tudo estava mudando rápido, “a gente teve de se reinventar. No mercado pet, itens de acessórios e de higiene, que são a essência do nosso negócio, foram os que mais sentiram com a chegada da pandemia. O foco dos donos de pet naquele momento inicial era o de comprar ração, por exemplo. Quando tudo começou, ficamos sem saber qual seria o melhor caminho a seguir. E havia previsões super pessimistas dadas por alguns analistas no início da crise. Por isso, tivemos de ter bastante calma para tomar uma decisão estratégica que fizesse sentido para nosso negócio.”.
“Nossa ideia nesse período foi focar no que as pessoas estavam precisando. Nesse momento, lembramos da nossa essência: a paixão pelos animais. Foi daí que pensamos em somar esforços com ONGs focadas na proteção dos bichinhos.”
“Houve muita insegurança e desinformação no começo da pandemia. Alguns donos tinham receio que seus gatos pudessem transmitir a COVID-19, fazendo com que muitos pensassem em doar seus pets. Trabalhamos duro para que isso não acontecesse. Além disso, nesse período, em parceria com essas organizações não governamentais, lançamos uma campanha de adoção chamada SuperCat. Nosso foco era ajudar aquelas pessoas que queriam ter um animal de estimação durante o período de isolamento social. Por meio da SuperCat, as pessoas poderiam adotar um pet, ficar com ele por 60 dias e, caso não se adaptassem, seria possível devolvê-lo às ONGs. Humanos, pets e ONGs se beneficiaram desse projeto”.
O resultado obtido por essa campanha foi incrível. “Conseguimos a doação de 100% dos animais que estavam sob os cuidados dessas ONGs. Fizemos isso por meio de lives diárias, onde trazíamos especialistas para falar sobre uma diversidade de assuntos. E alguns desses convidados eram veterinários, que acabaram compartilhando um fato curioso: eles estavam recebendo em seus consultórios, diariamente, dezenas de pets que estavam tendo reações colaterais depois de seus humanos aplicarem neles álcool em gel. Os animais ficavam tontos, com dermatite e náuseas.”.
“Foi nesse momento que surgiu a ideia de desenvolver um produto que pudesse ajudar os donos de pet a proteger seus animais de maneira segura. A partir daí, criamos o primeiro álcool em gel específico para nossos amigos de quatro patas. Quando colocamos isso no mercado, a reação foi surreal. Havia pessoas que vinham à nossa sede, no domingo, para comprar os produtos. A gente estava trabalhando todos os dias, dobramos o turno da fábrica. Fizemos mágica para nos capitalizar e termos capacidade produtiva para atender a todos que buscavam esse produto. O sucesso dessa nova linha contribuiu para que tivéssemos o melhor ano da história da CatMyPet até aqui.”.
A Agnes ainda compartilhou um pouco sobre os próximos passos da CatMyPet já pensando no mundo pós COVID-19. “Nossa ideia agora é expandir essa linha de produtos de assepsia para pets. Esse novo hábito de higiene que os donos de pet desenvolveram durante a pandemia provavelmente permanecerá quando a pandemia passar. Acreditamos nisso e estamos construindo esse leque de produtos que ajudará os donos de pet nessa nova rotina. Do mesmo jeito que nós não subimos de tênis nos nossos travesseiros, o ideal é garantir que as patinhas e o pêlo do animal também estejam higienizados depois de um passeio na rua. A pata do animal pisou onde seu calçado pisou. O pêlo do pet, às vez, é acariciado por pessoas no elevador, na rua, no parque. Daí esse desejo de cuidado e limpeza. E acreditamos que isso veio para ficar.”.
“Sempre nos preocupamos em lançar produtos de higiene que são seguros para a saúde dos animais. Recentemente lançamos um produto de higienização em spray para o corpo dos pets, que pode ser inclusive lambido pelo animal sem risco de intoxicação.”.
“Queremos aproveitar esse nosso momento de fôlego para lançar mais produtos, aumentar o ticket médio da nossa carteira de clientes, investir no crescimento e desenvolvimento de canais, aumentar o número de pet shops que vendem nossos produtos e, assim, impactar o maior número de pets e humanos que pudermos. Muitas pessoas estão interessadas em nos ajudar nesse momento, seja com expertise ou com capital.”.
Em um ano como este, a palavra “desafio” foi uma constante. E quando perguntada sobre o principal deles, a Agnes disse que: “nesse período de adaptação e de novos lançamentos, o principal foi lidar com a incerteza. A pandemia tornou tudo muito imprevisível. A incerteza faz tudo extremamente desafiador para a maioria dos líderes. É preciso confiar muito na sua capacidade de execução. Não é possível prever como será o amanhã, a próxima semana, o próximo mês. É muito desafiador apontar um caminho para o seu time quando não se tem muitos dados, quando o caminho ainda é incerto. Acredito que esse cenário de crise aumentará a resiliência das empresas que conseguirem passar por ele. Elas sairão do outro lado muito mais fortes”.
Sobre a principal lição aprendida neste ano, ela disse ter se lembrado de um famoso ditado: “quem não tem cão, caça com gato. 2020 foi um ano que nos ensinou uma importante lição: fé. Eu, pessoalmente, aprendi a importância de se ter fé no propósito da companhia, mesmo quando não se tem tudo claro, mesmo quando tudo está nebuloso, você precisa ter fé e confiar que sairá do outro lado melhor. As pessoas do seu time dependem dessa confiança. Somente assim é possível superar cenários tão desafiadores como tem sido este ano de 2020.”.