Da rede às gôndolas: a trajetória da OHCA

Helena Ribeiro
Kria
Published in
5 min readDec 1, 2022

No portfólio Kria há um ano, a OHCA é uma holding que se propõe a fornecer bebidas brasileiras de qualidade e com personalidade jovem. Com um portfólio cheio (e aumentando cada vez mais), seus carros-chefe são a cachaça de jambu, com a marca Jós, e o vinho, pela Vinho22, inspirada na Semana da Arte Moderna de 1922.

Em uma conversa com o Marcelo de Paula, CEO e Co-Founder, buscamos entender mais sobre a história da empresa e seus passos futuros. Vem com a gente!

Onde surgiu a ideia da OHCA?

Nossa história começou formalmente em 2019, mas é embrionária desde 2015. Sempre tivemos vontade de empreender e tínhamos experiência no setor de bebidas e consumo. Quando conhecemos a cachaça de jambu, no Pará, vimos que era algo super regionalizado e pouco difundido em outras regiões do país. Passamos um tempo pilotando, construindo nossa primeira marca (Jós) e validando nosso produto e modelo. Só então estruturamos o Plano de Negócios do que viria a ser a OHCA Bebidas. Aí foi tomar coragem e entrar de cabeça nesse mundo.

A OHCA é focada em criar uma marca forte e que converse com seus consumidores. Por quê? Qual foi a visão de marca de vocês que os fizeram criar a Jós e a 22?

Ao analisar o mercado de bebidas no Brasil, enxergávamos muito espaço para o nascimento de novas marcas “independentes”. A indústria até então era dominada (ainda é) pelas grandes multinacionais trazendo dois grandes problemas: (i) a doutrinação das tendências de consumo — onde o consumidor, sem perceber, possui cada vez menos pensamento crítico pra escolher o que bebe, pois, a indústria domina a distribuição massiva. É assim que aparecem os “drinks do momento”; (ii) a desconexão total da marca com o consumidor. Acreditamos que cada vez mais, no mundo moderno, as marcas precisam estar próximas do consumidor, proporcionando mais diálogo, participação cultural e ser menos superficial. É o que dizemos por aqui, a OHCA não é uma empresa de vendas, é uma empresa de marca.

Em 2021 vocês fizeram uma rodada com a gente, que arrecadou R$1,1 milhão de 202 investidores. O que levou vocês a optarem pelo equity crowdfunding?

Por sermos uma empresa que tem no DNA, a construção e força da marca, optamos por ter mais “embaixadores” e “donos” da marca espalhados pelo Brasil do que só um investidor que aportou um capital. Acreditamos muito na construção de comunidade e os benefícios que isso traz pro nosso modelo de negócio. Quanto mais pessoas participando dessa comunidade melhor. O consumo moderno passa muito pelo pertencimento, diálogo e efeito de rede.

E quais foram os principais aprendizados que surgiram de dentro da sua comunidade investidora?

É importante estar sempre gerando movimento. Trazendo novidades, conteúdo informação, benefícios exclusivos e, principalmente, transparência. É com movimento e diálogo que você consegue engajar uma comunidade. Às vezes a gente é consumido pela nossa operação e acaba deixando isso em segundo plano, mas trabalhamos pra ser uma das nossas prioridades.

Quais foram as principais mudanças desde então?

Incrementamos algumas ações que visam incluir essas ações no nosso processo operacional. Alocação de pessoas e recursos para esse atendimento mais personalizado, desenho de campanha e acesso exclusivo a lançamentos foram algumas ações que colocamos em prática. Além, é claro, da governança em relação a transparência de resultados operacionais junto com o time do Kria.

Agora, a OHCA está se empenhando em passar a ir para os mercados físicos e alcançar mais público. Qual foi o momento que virou a chave na decisão de entrar no omnichannel e deixar de ser uma DNVB?

Na verdade, a OHCA hoje tem 2 marcas no portfólio (ainda). Isso faz com que cada uma tenha uma estratégia diferente de atuação. A Jós sempre foi uma marca de presença no On Trade (bares, casas noturnas e restaurantes), muito focada em coquetelaria. Já o vinho 22 é o que chamamos de uma marca nativa digital. Isso acontece, pois cada categoria apresenta uma aderência a um tipo de canal e analisamos muito isso. Nesse segundo caso, o fato do 22 nascer como uma DNVB, estamos encarando como um ajuste de modelo. Nosso foco continua sendo a operação online, mas além do nosso e-commerce, encontramos parceiros que complementam nossa operação em capilaridade. Além disso, buscamos escutar sempre nossa comunidade e, nos últimos meses, enxergamos a necessidade de estar mais presentes na distribuição do varejo físico. Estudamos quais são os melhores players pra isso e estamos em negociação. A ideia é alinhar o modelo digital na construção de marca com mundo o físico na oferta.

Outro plano é a transformação da OHCA em uma holding, com a anexação de novas marcas. Como isso afetaria as operações atuais?

A OHCA como holding de bebidas sempre foi um plano desde o nosso primeiro Plano de Negócios. Entretanto, sabemos que construir marca é algo moroso e que demanda tempo, por isso focamos os últimos 2 anos em trabalhar as nossas marcas. Agora o mercado tem se mostrado muito aquecido, alguns conglomerados de marca apareceram para ajudar a balançar o nosso mercado. Isso tem tido um impacto muito positivo e faz todo sentido quando você pensa em sinergia, tanto em custos como comercialmente falando. Essa é a ideia que temos para a OHCA, firmar parcerias com novas marcas e, se fizer sentido, lançar outras. Tudo vai depender da oportunidade que aparecer e o mercado que se apresenta. Mas o foco total de tudo é sinergia de operação e potencialização de receita.

Quer nos contar um pouco sobre os próximos passos da OHCA?

Este foi um ano muito importante para nós em termos de construção de marca, mais do que o crescimento de receita. Estamos bem posicionados no mercado e com uma estratégia pronta de expansão. Neste final de ano lançaremos uma nova rodada de investimentos, desta vez com um volume um pouco menor, priorizando o crescimento do grupo. A ideia é expandir canal de vendas e fixar parceria com outras marcas que tenham sinergia com nosso portfólio. Isso é algo que já está no radar e que estamos animados. Temos 3 pilares que pautarão esse nosso próximo ciclo: Expansão, Consolidação e Rentabilidade.

Por fim, nos recomende um livro!

Eu sou um leitor bem assíduo, mas confesso que não tenho gosto algum pelos livros de negócios. Até li algumas recomendações e, de fato, tem histórias e modelos interessantes, mas acredito que o empreendedor tem que tomar cuidado pra não ficar refém desse universo. Meu negócio é literatura, leio muito romance. Se é pra indicar algum, dos mais recentes, fico com o Torto Arado, do Itamar Vieira Júnior. Pra quem ainda não leu, é o melhor que já li dos últimos anos. Além da maestria do livro, importante pra gente ter um olhar muito sensível e crítico da construção do nosso país. Isso é fundamental pra entender quem somos, de onde viemos e o entendimento de algumas raízes dos nossos desarranjos sociais. Tudo isso costurado com uma história brilhante.

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Helena Ribeiro
Kria
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