Resale: entrada no mercado B2B e planos de crescimento
Veja como está a startup, 2 anos após a captação
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Em 2016, a PropTech Resale captou R$130mil através do Kria (fka Broota), com 15 investidores. Agora, 2 anos depois, o fundador Marcelo Prata nos contou suas principais conquistas, desafios e os planos futuros para a startup — incluindo a abertura, nos próximos dias, de uma nova rodada de captação.
Kria: O que é a Resale?
Marcelo: A Resale é uma empresa de tecnologia focada no mercado de imóveis retomados pelos bancos. Desenvolvemos soluções que ajudam os bancos a fazer a gestão dessas bases de imóveis, além de otimizar seus processos de venda.
Por que a Resale existe?
Gerar valor, para mim, é o que melhor define o propósito. Mas não se trata apenas de valor para o acionista ou para o empreendedor. Trata-se de valor para todos os envolvidos, do time, aos sócios, do banco ao cliente final, do mercado à família que perdeu o imóvel.
É para isso que a Resale existe, para gerar valor a cada elo dessa cadeia.
Como é hoje o mercado e qual o panorama para o futuro?
Estima-se que o mercado de construção civil representa, aproximadamente, 10% do PIB mundial. Porém, é um dos setores mais resistentes quando o assunto é a adoção de novas tecnologias.
No segmento de PropTech’s, ou seja, de empresas focadas no nicho de venda de imóveis (properties em inglês), isso não é diferente. Na década de 1980 teve início o movimento que hoje chamamos de PropTech 1.0, com o nascimento dos computadores pessoais e softwares customizados. Mesmo hoje na fase 2.0, com o nascimento de grandes portais de imóveis e outras soluções como o AirBnb, não dá para afirmar que houve uma evolução desse mercado.
Assim, minha aposta e a dos especialistas nesse mercado é que a próxima fase que se inicia agora (PropTech 3.0) é que vai trazer modelos de negócios totalmente novos e que vai revolucionar o mercado imobiliário.
Somente nos EUA, por exemplo, mais de US$ 1 bilhão já foi investido em startups de construção. No entanto, a estimativa é de que sejam necessários US$ 57 trilhões investidos em infraestrutura global até 2030 para acompanhar o crescimento mundial do PIB.
Como está a startup hoje? Como os recursos captados em 2016 ajudaram até agora?
Em 2016 estávamos ainda na fase de validação do modelo de negócios. Embora já tivéssemos gerado alguma receita, ela ainda não era 100% dentro do modelo de negócios que acreditávamos ser o da Resale. O dinheiro captado foi fundamental para nos estruturarmos melhor, aumentar a equipe e buscar um grande banco para validar nosso modelo.
Um mês após a captação, assinamos contrato com o Banco Santander e, em menos de 30 dias, já estávamos monetizando.
Atualmente contamos com 10 colaboradores, entre time operacional e de TI. Além disso, mudamos para uma nova sede esse ano, o que nos trouxe uma melhor estrutura para suportar o crescimento que esperamos para 2018. Saltamos de uma receita de menos de R$ 30 mil, antes da nossa primeira captação, para quase R$ 400 mil em 2017. Com o lançamento do nosso aplicativo, nossa base de usuários saiu de 3 mil usuários em 2016 para quase 15 mil em dezembro de 2017. Além disso, criamos uma base B2B tendo o Banco Santander como principal cliente e aproximadamente 12 leiloeiros que também utilizam nossas ferramentas.
Vocês mudaram alguma coisa do modelo de negócios inicial?
Quando realizamos a captação, nosso modelo de negócios era 100% focado na venda dos imóveis retomados e nossa receita vinha desse setor. Como é um modelo de sucess fee, ainda que seja alto se considerarmos que é calculada sobre o valor do imóvel, ela depende da concretização do negócio. O que percebemos no decorrer do caminho é que: 1) era preciso termos um modelo de receita recorrente e; 2) que poderíamos utilizar as soluções de tecnologia que desenvolvemos para nós, também para o mercado.
Foi aí que criamos o segmento B2B, com soluções para que os próprios bancos pudessem fazer a gestão e a venda dos seus imóveis, utilizando nossas ferramentas no formato SaaS (software as a service). Esse ajuste no modelo nos deu muito mais visibilidade de mercado e abriu portas com outros bancos, com os quais já estamos em negociação.
Qual a realização da qual tem mais orgulho até agora?
Um momento especial na trajetória da Resale foi a materialização de um leilão online de imóveis do Banco Santander para seus cerca de 45 mil funcionários, que foi realizado utilizando, totalmente, as nossas soluções. Tivemos que trabalhar em tempo recorde para colocar o projeto em pé.
Foi emocionante quando me deparei com um banner, na sede do banco em São Paulo, com o nosso nome no link do Portal de imóveis do leilão!
Quais os planos para o futuro?
Optamos por realizar uma nova captação via equity crowdfunding e, assim como a primeira, investir 100% no negócio.
Os recursos serão investidos, principalmente, no desenvolvimento de novos produtos e no time de tecnologia. Além das soluções que já estão monetizando, temos em nosso radar algumas oportunidades de negócios, para as quais queremos direcionar nossos esforços. Por isso a necessidade de capital extra, para acelerar essas implementações e não perder o timing de mercado.