Horizonte [Drawsafio]
O vento soprava devagar, seus negros cabelos embaraçavam pouco a pouco enquanto olhava o horizonte. Seus pés afundavam na areia fina, fofa, pálida e morna.
As cores palideciam naquele poente, mesclando-se umas às outras como sorvete e cobertura. As ondas tremulavam suaves na costa, batendo calmamente na orla. Assistia àquele espetáculo natural, a respiração lhe faltava, aquela beleza exuberante o sufocava. Um pássaro voou ao longe, um ponto negro cruzando a abóboda celeste.
Sentou-se na areia e observava sem parar o horizonte. Lembrava-se dela naquele instante e como ela lhe desejou uma ‘boa viagem e cuidado’. O peito doía, um aperto sofrido, angústia sem igual que somente quem perdera algo muito importante poderia saber do que se trata. Sentia falta dela.
A brisa afagava seu rosto, como um gato esfregando o focinho em algo bem querido. Seu rosto umedeceu-se com as lembranças. Levantou-se e bateu a areia de seus trapos.
Caminhou contra o mar a passos cansados, arrastando-se naquela areia macia. Olhou para trás, a tempo de ver mais uma vez aquela minúscula ilha, com um coqueiro, banhado em multi-cores foscas, aquele cenário diário e triste.
Mais um dia se passara e nem sequer sinal de resgate ou humanidade. Entrou em seu improvisado abrigo, avivou o fogo, se encolheu num canto e adormeceu.
Este texto faz parte do drawsafio LEI&A (texto feito a partir da ilustração do topo), um de nossos projetos para exercitar a escrita. Conheça os outros projetos e leia mais textos em https://medium.com/l-e-i-a
Contou com a ajuda de Danilo Arouca e Jorge Flávio Costa.
