O Conto Interrompido
A sala era iluminada, chão limpo e paredes verde-claras. Ventilada e arejada. Cadeiras dispostas e prontas para os pacientes tomarem sua medicação e repousarem.
Os enfermos não se falavam. Braços espetados por metálicas pontas, guiando líquidos, gota a gota, em seu sangue, a dor que cura, entrando em cada célula, a dor penetrante e aguda não animava conversas.
A visão de uma das pacientes estava turva e ela mal conseguia ler os pôsteres das paredes, aqueles com procedimentos para os profissionais de saúde que ali trabalhavam. Essa visão distorcida a irritava.
Sentia que perdia seu tempo parada ali. Pensava em como voltaria para casa. Estava sozinha. Saiu do trabalho. Passou mal o dia todo, mas suas tarefas impediram que procurasse ajuda. Agora tinha que arcar com isso.
Pensava também na mensagem que passara hoje e em como era estranho ela não se lembrar de partes de sua última semana. Estava confusa. Sua mente delirava devido ao remédio.
Havia pegado o celular e escrevia um texto sobre o fato. Neste momento já não via mais o teclado. Ouvia um de seus programas favoritos no aparelho. Mas já não entendia as letras.
Estavam muito distorcidas. Era hora de parar .
Este texto faz parte do desafio LEI&A mensal, um de nossos projetos para exercitar a escrita. Conheça os outros projetos e leia mais textos em https://medium.com/l-e-i-a