Filme com jeito de game
Os videogames estão transformando a indústria cinematográfica; veja como
Pode parecer uma mera brincadeira de adolescentes e crianças. Mas videogames são um negócio sério. E enorme. É uma indústria bilionária que encanta adultos também. Vai além: desde o surgimento do primeiro console, videogames têm impactado nossa cultura. E o cinema tem sido uma das áreas que mais têm absorvido essa influência.
Para se ter uma ideia, só para 2016 são esperados 11 grandes produções cinematográficas inspiradas em games. Entre eles, o famoso jogo de estratégia de fantasia medieval Warcraft, o sexto filme da franquia Resident Evil, e até o popular casual game Angry Birds. Repetindo, a coisa é séria.
Não é apenas nas temáticas e nos roteiros que os games estão transformando a indústria audiovisual. Além de “emprestar” ao cinema ferramentas usadas para a criação de efeitos especiais, os jogos eletrônicos também têm inspirado cineastas na utilização de técnicas narrativas bem familiares para quem não larga um joystick.
Quer ver só como a relação entre cinema e games é mais íntima do que você pode imaginar?
Frenético e em primeira pessoa
O Espetacular Homem-Aranha (2012) mostrou ao público o ponto de vista do herói em questão, enquanto ele pulava de um prédio a outro, rastejava por paredes, e se balançava em sua rede sobre a cidade. Aquilo era apenas mais um exemplo de filmes se apropriando de enquadramentos de games de atiradores em primeira pessoa, como os clássicos Halo, Gears of War e Mirror’s Edge. O diretor sul-africano Neill Blomkamp também explorou bastante esse recurso em seus filmes Distrito 9 (2009) e Elysium (2013).
Igual aos jogos de plataforma
Lembra de Super Mario Bros.? Lembra como se comportava a “câmera” do jogo? A ação se dava sob uma visão lateral. No cenário, o personagem controlado pelo gamer se movimentava indo para esquerda e para a direita. Esse estilo é chamado de jogo de plataforma. Em 2012, o mesmo recurso foi usado no remake de Vingador de Futuro: o personagem de Collin Farrell em uma determinada cena executa saltos e acrobacias, movendo-se de uma plataforma a outra. Também foi utilizado em Capitão América: O Primeiro Vingador (2011) e numa já clássica cena do sul-coreano Old Boy (2003).
Níveis de dificuldade
Em Matrix (1999), Neo, o personagem de Keanu Reeves, aprimora suas recém-descobertas habilidades em artes marciais em sequências que lembram fases tutoriais de games. Pois é, os filmes de ação adotaram a estrutura típica de videogames, na qual o herói segue seu caminho através da história por fases de dificuldade crescente. Sucker Punch: Mundo Surreal (2008) é um exemplo de filme que aderiu a essa estrutura narrativa de modo bem evidente.
Muuuuiiitooo leeentooo
Jogos como Street Fighter 2 estabeleceram toda uma estética para destacar momentos culminantes em cenas de luta: o abuso da câmera lenta. Esse artifício foi usado exaustivamente no já citado Matrix. Com certeza você se lembra do personagem Neo se esquivando graciosamente de balas na velocidade de tartarugas. Com ou sem excessos, o efeito é usado para tornar mais evidentes ações, golpes e explosões cruciais para a história. Do novo Sherlock Holmes (2009) a 300 (2006), o recurso tornou-se onipresente em filmes de ação.
Perseguições enlouquecidas (em computação gráfica)
Perseguições de carro passaram a fazer parte do imaginário cinematográfico muito antes de qualquer console de videogame aparecer. Mesmo assim, por mais realista que possam ser essas cenas, nada pode ser mais eletrizante dos que os “pegas” de veículos dos videogames atuais. Resultado: vários filmes apelaram para a computação gráfica para tornar as tradicionais perseguições ainda mais emocionantes.
Como você viu, cinema e videogames se influenciam muito mais do que podíamos supor. Com o passar do tempo, as fronteiras que dividem filmes de games vão se tornar cada vez mais turvas. É possível que daqui a alguns anos conheçamos um novo tipo de experiência audiovisual que mescle características do cinema e dos games. Aguardamos ansiosamente.
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