Uma nova fronteira audiovisual chamada Whatsapp

Cerri Filmes
La Scena
Published in
4 min readNov 20, 2015
Imagem: Desiree Catani / Creative Commons

Não é novidade alguma. O Whatsapp é um meio de comunicação consolidado no Brasil. Se você tem um smartphone, a chance de você ser um usuário do aplicativo é muito alta. Com quase 40 milhões de usuários brasileiros, o comunicador instantâneo é responsável pelo tráfego de 13% de todo o volume de dados móveis no país.

Você deve estar pensando: como mensagens de texto podem gerar um montante de dados digitais tão grande assim? O fato é que não são os caracteres dos textos — nem os pixels das imagens — trocados entre usuários que fazem o Whatsapp gerar todo esse volume de dados. Ainda que a função principal do app seja a de enviar textos, boa parte desse tráfego vultuoso é composto por arquivos de vídeos.

E deve aumentar. De acordo com um recente estudo realizado pela multinacional Ericsson, em cinco anos o mundo terá 150 milhões de assinantes de conexão 5G e o consumo de vídeo representará 70% de todo o tráfego mundial de dados em dispositivos móveis. Ainda segundo a pesquisa, 80% dos celulares na América Latina serão smartphones.

Ou seja, o mobile é um poderoso canal para broadcasting, campanhas e comunicação audiovisual. E no Brasil a “Rede Globo dos celulares” é o Whatsapp — uma plataforma que, ironicamente, a princípio se destinava apenas à troca de mensagens textuais.

São quase 40 milhões de usuários no Brasil (Foto: Senador Federal/Creative Commons)

Quer exemplos? Lembra-se de quantos vídeos você recebeu durante as últimas eleições para presidente? Não foram poucos, podemos imaginar. As campanhas eleitorais de 2014 abriram uma nova fronteira ao disseminar vídeos de propaganda política no Whatsapp dos eleitores brasileiros.

O uso dessa prática foi ostensiva por parte dos principais presidenciáveis. Tanto que estrategistas do marketing político americano ficaram atentos ao fenômeno brasileiro. Não foi à toa que uma consultora de marketing digital da campanha 2012 de Barack Obama falou ao jornal Folha de São Paulo sobre quão interessante e inovadora era essa tendência.

Outro exemplo notável? Em setembro deste ano, o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, enviou um vídeo para o Whatsapp de todos os servidores públicos de Brasília. Ele explicava como a aprovação do uso do superávit do fundo de previdência dos servidores (Iprev), pela Câmara Legislativa, ajudaria a pagar salários e benefícios.

Não precisamos nos ater ao ambiente político para seguir com exemplos. Hoje, diversas empresas têm usado a mesma plataforma para se comunicar com seus públicos internos ou externos. Seja com um vídeo de um diretor responsável pelo setor de vendas motivando sua equipe. Seja com um conteúdo audiovisual mais intimista para estreitar relações com seus clientes.

Foto: Alvaro Ibanez/Creative Commons

Intimidade é bem a palavra aqui. Assistir a um vídeo pelo Whatsapp tem um caráter bastante particular, quase secreto. O usuário tira o dispositivo de sua bolsa ou bolso e vê aquele conteúdo dentro de um bem pessoal: seu smartphone querido. Esse material também pode chegar a ele por meio de seus contatos ou por um grupo do qual ele faz parte. Isso aumenta consideravelmente a credibilidade do conteúdo.

Mas isso também demanda uma linguagem adequada — e sui generis até certo ponto. A começar pela estética: mais “caseira”, típica de quem grava vídeos com um celular. O texto também precisa se comunicar de forma direta com seu interlocutor e deter um tom informal como o de uma conversa casual.

Tem mais: há limitações técnicas também. Hoje fala-se muita em qualidade de imagem: HD, Ultra HD, 4K, 8K… A coisa não funciona bem assim no Whatsapp. O formato há que ser enxuto, leve. Leia-se: poucos megas. Para ser mais exato, o aplicativo tem a restrição de transmitir por vez conteúdos de no máximo 16 megas.

Obviamente, isso não significa a produção de algo ordinário — ou, num português mais claro, “nas coxas”. É, ao contrário, um desafio. Líderes de marketing e produtores audiovisuais daqui para frente terão que rebolar para criar conteúdos para uma plataforma cujos usuários exigem rapidez, simplicidade, autenticidade e que só aceitam materiais que cheguem até eles de forma espontânea e crível.

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