Uma revolução
sob hélices

Cerri Filmes
La Scena
Published in
4 min readOct 23, 2015

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Mais do que meros instrumentos para fazer tomadas aéreas, os drones chegaram para ficar e têm mudado as narrativas audiovisuais

Quando eles apareceram pareciam brinquedos. Brinquedos de gente grande ao menos. Afinal, o que havia de diferente neles em relação aos aeromodelos? São pequenas aeronaves pilotadas remotamente. Certo? Sim, mas não são apenas isso.

Alguns céticos consideram esses aparelhos apenas traquitanas para nerds se divertirem, para mal intencionados espionarem a vida alheia ou — e no máximo — veículos para fazerem tomadas aéreas a custos menores do que os de um helicóptero.

Mas a verdade é que assim que os drones passaram carregar câmeras — das mais simples às mais sofisticadas usadas por grandes estúdios de cinema — , eles se revelaram ferramentas criativas para contar histórias de formas novas.

Há menos de dez anos atrás, os drones pessoais, assim como os aeromodelos, eram de fato um hobbie de uma pequena comunidade mundial de geeks. E, como os primeiros computadores pessoais, seu uso principal era destinado à pura experimentação e à diversão.

No entanto, na mesma medida que os drones pessoais foram se tornando mais sofisticados e confiáveis, aplicações práticas foram surgindo. Algumas delas se destinaram ao mercado audiovisual. Hoje, a indústria cinematográfica já está repleta de pequenas aeronaves não tripuladas que servem como plataformas de câmera que vão mais longe que qualquer grua.

Drones são capazes de voar a uma altura que os helicópteros não alcançam, realizam manobras impossíveis para qualquer tipo de equipamento de captação de imagens aéreas. E é menor e mais barato que todos eles.

A verdade é que um drone vai onde máquinas e humanos não conseguem ir e faz coisas que eles são incapazes. Isso significa criar imagens que até muito pouco tempo eram impensáveis.

Quer um exemplo?

Construindo narrativas com a ajuda de hélices
Um sinal da força que os drones vêm ganhando no mundo audiovisual é a criação do New York City Drone Film Festival, primeiro festival de cinema do mundo dedicado exclusivamente à produção cinematográfica feita com drones.

O festival, realizado no início deste ano, recebeu inscrições de mais de 100 cineastas e atraiu bastante atenção da imprensa especializada. O objetivo do evento era provar que filmes produzidos com drones vão muito além de cenas aéreas, imagens impactantes de cenários naturais e de façanhas impressionantes de praticantes de esportes radicais. A ideia era mostrar a importância do drone na construção de narrativas audiovisuais.

Ainda que muitos dos filmes exibidos tenham se empenhado em impactar o espectador com incríveis imagens aéreas e com a gama de recursos dos aparelhos, alguns se destacaram por usar o drone de modo bem mais criativo.

Um deles é a produção “Superman With a GoPro” (Super-homem com uma GoPro), que conta a rotina diária de super-herói — sobrevoar a cidade, combater bandidos, salvar a mocinha de um incêndio — com a ajuda de drones e efeitos especiais. O filme demonstra o potencial dos drones para desenvolver perspectivas novas e emocionantes para histórias cinematográficas. Dê uma olhada:

Outro destaque é “The Fallout” (A Chuva Radioativa), que explora as ruínas restantes de um desastre nuclear. A produção não conta uma história no sentido convencional, mas seu visual exuberante mostra do que uma produção cinematográfica “robótica” é capaz enquanto toca em uma questão relevante: o uso da energia nuclear na nossa sociedade.

“Koh Yao Noi” é outra bela produção revelada pelo New York City Drone Film Festival. O filme conduz o espectador por uma ilha mágica e remota na Tailândia. O cenário, animais e nativos do lugar são captados por uma “câmera impossível”. São imagens completamente inviáveis sem o suporte de drones.

Como é natural em qualquer setor econômico, o avanço da tecnologia tornará os drones ainda melhores: motores mais econômicos e com maior autonomia de voo, controles mais rápidos, designs mais leves e aerodinâmicos etc. Com isso, novas possibilidades audiovisuais vão surgir.

Mas o que vai definir a altitude de decisão — o famoso teto — dessas novas ferramentas de criação não é a capacidade técnica dessas fascinantes máquinas, mas a capacidade criativa de quem as pilota.

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