Entre a tinta e a melanina: narrativas de fotopinturas

Leonardo Reis
Lab. 0603
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3 min readNov 19, 2020

RESENHA_

O Foto Festival Solar de Fotografia — 2018, trouxe consigo diferentes olhares sobre a produção fotográfica contemporânea. Em perspectiva latina, nacional e cearense. Dentre as exposições que foram lançadas a coleção fotográfica intitulada “Sobre a cor da sua pele” tomou destaque durante todo o evento.

A exposição cheia de fotopinturas autênticas e originais feitas pelos próprios artistas. Em destaque para o Mestre Júlio dos Santos, um dos maiores retratistas e fotopintores do Ceará e do Brasil. Com retratos desde membros da sua família até personalidades que marcaram a história.

A curadoria foi de Rosely Nakagawa, crítica de arte em São Paulo, além disso é famosa por suas participações em curadorias de fotografias. Na escolha das fotopinturas para a composição da exposição critérios como intensidade, tons de pele diversos, reconstrução fiel a realidade e personalidade, foram os pontos em destaque da escolha do acervo.

Dentre as cores de composição para expor as obras. Os mínimos detalhes da estrutura do espaço foram pensados. As cores na parede que remetem a tons das cores de pele, mostrando a diversidade de pessoas.

O autor mestre júlio, foi bastante aclamado pela crítica pelo uso de suas técnicas na fotopintura. Com o avanço da tecnologia, o Mestre decidiu produzir fotopinturas digitais com o uso da ferramenta photoshop, diversificando suas obras e deixando o analógico cada vez mais em segundo plano.

Ainda dentro do cenário da exposição, conseguimos apreciar o curta-metragem, Retrato pintado, com direção de Joe Pimentel com Nelson Dantas. No qual, ficou em destaque me uma parede na entrada na exposição. Outros elementos como cavaletes, pincéis e tintas utilizados pelo Mestre Júlio foram colocados como composição de cenário.

Em relação ao corpo da coleção fotográfica, a escolha foi ideal e bem dispostas, apesar que poucas pessoas pudessem entrar na sala para apreciar. A dinamicidade das cores junto aos textos com ares poéticos trouxe leveza e suavidade a exposição.

Trago destaque ao material impresso produzido sobre a exposição. A forma de descrição da exposição e contexto histórico da fotopintura trouxe para a exposição toque de refinamento e exclusividade, além de ser conteúdo complementar,

As obras escolhidas contemplaram outros artistas, como: Otacílio de Azevedo, J.P. Chabloz, Nilo de Brito, Antônio Bandeira e José Albano, além de inúmeras obras com artistas desconhecidos.

A relevância de uma exposição com essas, reafirma que a cultura popular nordestina, vive e que também é arte para grandes exposições a nível américa latina. As várias facetas da diversidade da fotopintura forma colocadas em amostra e observadas aos olhos de muitos.

A exposição não está mais em cartaz. No entanto, você consegue encontrar o livro sobre fotopintura do Mestre Júlio dos Santos na biblioteca do MAUC — Museu de Arte da UFC e na biblioteca do Porto Iracema das artes. O material extra mencionado anteriormente está disponível no Dragão do Mar de Arte e Cultura, para pesquisa e documentação.

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Leonardo Reis
Lab. 0603

Jornalista e fotógrafo em formação, Horizontino e periférico.