Fim de construção

CRÔNICA_

Era dezembro quando percebi que já estava me formando em letras, era a faculdade que eu sempre quis fazer em toda minha vida. Mas percebi também que era tempo de cumprir com o que havia prometido para meu namorado. Isac havia ganhado um terreno de seu pai e investiu boa parte de seu salário para construir uma casa para nós moramos juntos. Prometi que assim que me formasse e que a casa estivesse pronta eu iria morar com ele.

No entanto, eu sei muito bem que não levo jeito para dona de casa, não sei ao menos cozinhar um arroz. A casa estaria pronta no final desse mesmo mês da minha formatura, já era quase dia 15 e eu não tinha coragem de contar a ele que não iria morar na casa agora.

Na verdade sempre gostei de estudar, principalmente idiomas, gosto ainda mais é da dança, umas das minhas grandes paixões. Às vezes Isac é incompreensível com o que eu gosto de fazer, por exemplo, quando saio para os ensaios de dança da academia ele fica incomodado. É disso que tenho receio, da insensibilidade dele.

Enfim, dezembro estava acabando e o meu desespero aumentando. Era dia 24 quando fomos olhar a casa e ver os retoques finais que estavam sendo dados. Fiquei muda quando cheguei no local, sabe aquele sentimento de culpa que te consome? Era o que eu sentia ou talvez pior, não podia ao menos olhar para as paredes recém rebocadas, o cheiro de cimento ainda era fresco, algo úmido. A casa era simples, mas aconchegante.

Para tomar a decisão consultei minha mãe, meus amigos e a mim mesma. Pensei cerca de 152 vezes até tomar minha decisão, meu futuro estava em jogo. Era dia 31, véspera de ano novo, já tinha minha decisão, faltava coragem para contar. Cedo Isac chegou na porta da minha casa, contou que a casa estava toda pronta. Quando tomei coragem de contar a ele o que havia decidido, ele me cortou a fala.

• Isac: Não precisa dizer, sei que não quer ir para casa nova. vamos ter que conversar, a nossa mudança vai ter que esperar.

Sorri e chorei naquele momento.