ESPORTE

Campeonatos de eSport: do lazer à competitividade

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6 min readNov 5, 2019

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Com a origem na Coreia do Sul e em alguns pontos da Ásia e Europa, o eSport é uma modalidade de competição profissional.

Anne Santos, especial para LabF5

Quando criaram o primeiro jogo eletrônico, SpaceWar, em 1962, os criadores não imaginavam que no futuro passaria a existir uma profissão para as pessoas que jogariam jogos eletrônicos. Com o decorrer dos anos e avanço da tecnologia, deu a origem a uma nova modalidade denominada Eletronic Sports (eSports). Trata-se de competições organizadas em videogames, especialmente em jogos coletivos que envolvem estratégia e combate em tempo real. Essas competições têm parâmetros que alcançam todo mundo, girando assim milhões de dólares por ano. Estima-se que o mercado de eSports tenha lucrado mais de 460 milhões de dólares — cerca de R$1,6 bilhão reais — através de patrocínio e premiações.

Os atletas que participam dessas competições são chamados de pro-players e eles tem como o principal instrumento de trabalho, o computador. Mesmo parecendo universos completamente contrários, não existe diferença na rotina dos atletas tradicionais e dos pro-players. Ambos precisam se dedicar aos treinos, ao entrosamento com a equipe e passam pelas pressões e recompensas do calendário de competições, além de lidar com patrocinadores, entre outras questões. Promovendo prêmios milionários, essas competições acabam se tornando o principal objetivo desses jogadores ou até mesmo de amadores.

OS 3 MAIORES CAMPEONATOS DE eSPORT

1. The International (DotA 2): US$ 30 milhões

DotA 2 é um jogo eletrônico de gênero Multiplayer Online Battle Arena (MOBA), isto é , um jogo de arena em tempo real onde o jogador controla um personagem em uma batalha entre dois times. O The International é a competição mais importante de DotA 2, e ocorre desde o ano de 2011. A equipe campeã do torneio em 2018, a OG, levou para casa US$ 11,2 milhões (R$ 43,6 milhões). Além dos vencedores, os outros times participantes receberam parte do prêmio total de US$ 25,5 milhões (R$ 99,6 milhões). As equipes com pior resultado na competição, como a equipe brasileira paiN Gaming, levaram US$ 63.830 (R$ 248,6 mil).

Mundial foi realizado em Xangai, China — Foto: Divulgação/Valve

O campeonato conseguiu pelo sexto ano consecutivo ser a competição com o maior prêmio em dinheiro dentre os torneios de eSports de um ano.

Uma estratégia ajuda o The International ter uma premiação tão superior ao de campeonatos de outros jogos, é que grande parte é arrecadado a partir dos próprios jogadores (casuais e profissionais). Em 2013, a Valve, produtora do jogo, instalou uma nova ferramenta: o Passe de Batalha. Ele é renovado todo ano, cada jogador pode comprá-lo por US$ 25 (R$ 97), e 25% do valor das vendas desse recurso é destinado ao prêmio da respectiva temporada. Quanto mais Passes de Batalha vendidos, maior é a premiação do campeonato. As vantagens para os jogadores são muitas, como itens exclusivos e novos modos de jogo.

Em 2019, a competição quebra mais um recorde no esporte eletrônico no quesito premiação, que pertencia a mesma. Nesse ano foram 30 milhões (R$ 112 milhões) em premiação. Esse foi o maior valor oferecido nesse setor. A equipe vencedora foi a OG, se tornando assim bicampeã.

OG fechou a série em 3–1 e conquistou o bicampeonato do The International — Foto: Divulgação/The International

2. Fortinite World Cup: RS$30 milhões

Fortnite é um jogo do gênero Battle Royale (batalha em tempo real) para até 100 jogadores, jogando individualmente ou em grupos de dois a quatro amigos. A primeira edição da sua competição, Fortnite World Cup, foi histórica. Ao todo, a competição do Battle Royale da Epic Games distribuiu US$ 30 milhões (R$ 113 milhões). É a segunda maior premiação da história dos eSports, perdendo apenas para o The International.

Os 100 melhores jogadores solos e as 50 melhores duplas de todo o mundo participaram das finais em Nova York. O campeonato foi dividido em três etapas, sendo a última etapa contendo uma premiação de US$ 30 milhões. Esse valor foi divido entre os 100 melhores jogadores. Cada jogador receberá no mínimo US$ 50 mil, e o campeão solo da Copa do Mundo de Fortnite receberá US$ 3 milhões.

Fortnite World Cup terá US$ 30 milhões em prêmios — Foto: Divulgação/Epic Games

O grande vencedor da primeira edição do Fortinite World Cup 2019 foi Kyle “Bugha”, de apenas 16 anos, que consagrou seu nome na história do esporte eletrônico pelo tanto de dinheiro que recebeu. O pro-player da Sentinels venceu a categoria solo do torneio, disputada em Nova York, e faturou US$ 3 milhões (R$ 11,4 milhões), a maior premiação dada a um só jogador nos eSports. Com esse ganho, ele já totaliza US$ 3.025.900 (R$ 11,5 milhões) na carreira e entrou para o top 10 dos atletas mais bem premiados do esporte eletrônico, de acordo com o site eSports Earnings.

Bugha com o troféu de campeão da Copa do Mundo de Fortnite de 2019 — Foto: Reuters

O argentino Thiago “KING”, de apenas 13 anos, chamou a atenção do competitivo de Fortnite para a região da América Latina. Ele conseguiu a quinta colocação na Copa do Mundo, anotando 30 pontos. O grande destaque foi para os 21 abates que acumulou nas seis partidas, ficando atrás apenas de Bugha nesse quesito.

3. Overwatch League: US$ 3,5 milhões

O jogo do gênero FPS (First person shooter/ tiro em primeira pessoa) é dividido em duas equipes de seis pessoas. Os jogadores revezam numa série de heróis divididos em quatro grupos, de acordo com suas habilidades: ataque, defesa, tanque e suporte. A primeira temporada da sua competição, titulada como Overwatch League, distribuiu US$ 3,5 milhões (R$ 13,7 milhões), sendo US$ 1,8 milhão (R$ 7 milhões) na temporada regular e US$ 1,7 milhão (R$ 6,6 milhões) nos playoffs. Os coreanos da London Spitfire não só garantiram o título da primeira edição do torneio como também foram os que mais lucraram nela. Receberam US$ 1 milhão (R$ 3,9 milhões) pela conquista do troféu e mais US$ 100 mil (R$ 391,5 mil) pela quinta posição na temporada regular.

A vice-campeã Philadelphia Fusion levou o prêmio generoso de US$ 400 mil (R$ 1,5 milhão). As disputas do torneio começaram em janeiro de 2018 e contaram com a participação de 12 times. Ao todo, a competição deu US$ 1,7 milhão (cerca de R$ 6,4 milhões) em prêmios.

London Spitfire foi a primeira campeã da Overwatch League — Foto: Divulgação/Overwatch League

O mercado dos games é um mercado bilionário, uma vez que as disputas rendem altas premiações em dinheiro o que atrai patrocinadores exigentes. Os jogadores profissionais precisam realizar transmissões ao vivo pela TV e pela internet com frequência. Essas atividades online trazem mais seguidores, e sabemos que quanto mais seguidores mais dinheiro entra. O segredo desse grande sucesso é que você precisa apenas de um computador e força de vontade. Para alcançar esse status de pro-player, o indivíduo não precisa ser de uma classe elitista. Obvio que no Brasil ainda é um luxo ter um computador em casa, ou até mesmo internet, entretanto muitos jogadores profissionais falam em entrevistas que iam para uma lan house e passavam horas jogando. Obviamente que se você tem um computador mais elaborado, os chamados PC Gamers, vai contribuir para que o FPS (frames por segundo) do jogo seja melhor do que você estivesse jogando em um computador tradicional, mas isso não muda o desempenho do jogador, tudo depende do talento e força de vontade.

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O LabF5 publica conteúdo desenvolvido por estudantes do curso de Jornalismo da Ufam e colaboradores. E-mail: contato.labF5@gmail.com