ESPECIAL
‘Cine Debate’ traz psicólogo para promover diálogo sobre suicídio
“O Quarto do Suicídio”, filme exibido no evento, foi ponto de partida para o debate sobre os fatores de risco que facilitam o suicídio.
Alessandra Taveira, especial para o LabF5
Pelo segundo ano consecutivo a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) promove a Semana de Saúde Mental e Prevenção do Suicídio com atividades voltadas para a causa. Este ano, com o tema “Sua Vida Vale Mais”, organizado pelo Departamento de Assistência Estudantil (Daest) junto com o Departamento de Saúde e Qualidade de Vida (DSQV), foi incluso na programação um Cine Debate com o intuito de promover o diálogo sobre suicídio entre os estudantes.
O Cine Debate aconteceu na última terça-feira (11/09) e contou com a exibição do filme polonês “O Quarto do Suicídio” seguido de um debate entre os espectadores, mediado pelo psicólogo Clóvis Coelho, especializado em Terapia Cognitiva Comportamental. De acordo com ele, “o filme é muito rico em relação a própria temática do suicídio. Ele acaba mostrando quais são os fatores de risco e como eles facilitam o ato do suicídio. É um filme de 2015 que aborda questões que eu pretendo trazer para o debate, principalmente fatores psiquiátricos”.
A escolha do filme “O Quarto do Suicídio” para exibição se deu por conta das temáticas que propõe, como problemas familiares, questões da própria sociedade, da escola em si e do bullying.
“O protagonista entra no processo de depressão, isolamento, busca por atenção, incompreensão por parte dos pais. Tem um outro fator muito importante que é a questão da sexualidade; ele está nesse processo de descoberta que contém um estigma e, geralmente, a família não consegue compreender de forma tão clara. Na verdade, a maioria das pessoas não compreende, mesmo estando num mundo pós-moderno, o que desencadeia muito sofrimento. São esses os fatores que, ao decorrer do filme, ficam bem claros em relação a como o protagonista chega ao ato [do suicídio]”, explica o psicólogo Clóvis Coelho.
A necessidade de criar um evento como esse, que se estenda por toda a segunda semana de setembro, parte da demanda de estudantes que demonstram interesse em falar sobre o assunto, conforme explica Jeane Amorim, organizadora do evento e integrante do Daest:
“O número de estudantes que chegam ate nós com problemas relacionados a depressão, automutilação e pensamentos suicidas é bastante expressivo. Então, com certeza, só esse fato já é preocupante e alarmante. Nós precisamos falar sobre isso. Infelizmente o suicídio ainda é um tabu e as pessoas não gostam de falar. Mas a gente precisa desmistificá-lo e, quanto mais se falar, melhor vai ser porque as pessoas que estão passando pelo problema vão se identificar e pedir ajuda”, diz Jeane.
A promoção do debate também foi fator preponderante na hora de decidir retomar o projeto do evento:
“O evento provém de uma parceria com o Daest e DSQV, com o objetivo de suscitar debates sobre suicídio, chamar atenção para essa realidade, que é uma muito atual, e a gente precisa discutir a respeito, além de colocar os dois departamentos a serviço da comunidade universitária pra ajudar quem estiver passando por essa situação”, conclui Jeane.
A estudante Camila Oliveira, que assistiu ao filme e contribuiu com o debate, disse ter ficado satisfeita em participar de um evento cujo foco esteve no diálogo entre os espectadores.
“O evento foi muito bom. É importante que um tema como esse seja debatido de forma séria e franca da forma como foi abordado no evento. Desmitificar o suicídio e mensurar o problema de forma mais real — ainda mais com a contribuição do filme — , permite uma conexão maior com a realidade”, relata Camila.
O mês de setembro é marcado pela campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, ‘Setembro Amarelo’, desde 2015. Considerado um problema de saúde pública pela Organização Mundial de Saúde (OMS), é importante compartilhar informações sobre o assunto e difundir formas de prevenção e tratamento.
