Cultura e religiosidades na Amazônia

Pesquisadores dialogaram sobre aspectos da formação cultural e religiosa da região

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3 min readNov 12, 2016

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Por Elberth Nascimento, especial para o Lab F5

O IV Encontro Brasileiro de Pesquisa em Cultura (IV EBPC) realizou na última quinta (10), no auditório Instituto Benjamin Constant, mesa redonda com a finalidade de discutir temas ligados à questão da cultura e das religiosidades na Amazônia. Sob a organização de Marilina Bessa, docente do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Amazonas, a atividade contou com presença de pesquisadores da área de outras regiões do País.

Pesquisadora do Oikomene — Núcleo de Estudos e Pesquisas de Religião, Cultura e Imaginário, seus atuais campos de interesse, Bessa destaca que a proposta do diálogo se pautou em torno dos valores de representação, do modo de ser e de estar no mundo, da vida social do sujeito — onde se evidencia a tríade de formação religiosa: o cristianismo, o xamanismo e a tradição afrobrasileira, que são a base da formação cultural e religiosa na Amazônia.

Convidado para compor a mesa, o pesquisador Gláucio da Gama Fernandes se dedica a estudar cultos religiosos afrobrasileiros, em suas diversas nuances, no Amazonas. Segundo Gláucio, “mesmo o Brasil tendo características hibridas em sua formação, a sociedade ainda não conseguiu lidar com as diferença de suas próprias influencias culturais e religiosas”:

“A intolerância é uma violência contra o credo do outro”

As origens de outra vertente religiosa que tem crescido na região também foi apresentada durante a ocasião. A professora Roberta Braga discorreu sobre o desenvolvimento do Protestantismo na região: ”A presença Inglesa, os movimentos da Cabanagem e, principalmente, as expedições Norte-Americanas (1824), definiam a Amazônia como um lugar de progresso econômico internacional, mas, sobretudo, na ideologia de soberania do pensamento americano (Patriotismo, Racismo e Protestantismo), uma vez que acreditavam serem a nação escolhida para disseminar seus ideais pelo mundo”.

A mesa contou ainda com a presença da pesquisadora Juliana Belota, que retratou as dificuldades que povos indígenas da Amazônia adquiriram a partir da chamada “Aculturação”, pois o desafio de viver em áreas de demarcação, limitação de espaço, tem conduzido a uma estrutura social diferente, cada vez mais globalizada. Também considerando a questão indígena, na visão da professora Liliane Costa, “nós devemos dar atenção para os ensinamentos tradicionais do xamanismo com o propósito restaurar a boa convivência, principalmente a religiosa”, comentou.

Sobre a cultura afro-indígena da região do Alto Solimões, a professora Renilda Costa definiu um dos grandes desafios apontados na sua pesquisa:

“A maneira como os índios e negros foram tratados no nosso país ao longo da história, por terem sido marginalizados, criou uma zona de conforto hoje, onde é mais fácil e aceitável você se definir como PARDO. Além disso, o resultado de toda essa miscigenação reflete modo de vida e no cruzamento das religiões praticadas em toda a região.”

Sobre o EBPC

O IV Encontro Brasileiro de Pesquisa em Cultura (IV EBPC) reúne pesquisadores de todas as regiões do País com o intuito de debater o campo da pesquisa em cultura em seus diversos aspectos, além de oferecer a troca de conhecimentos entre os participantes. O encontro também permite a construção de redes de pesquisa e colaborações que se articulam em âmbito nacional. Conta com a realização da Universidade Federal do Amazonas, através da Pró-reitoria de Inovação Tecnológica (Protec), e do Ministério da Cultura.

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O LabF5 publica conteúdo desenvolvido por estudantes do curso de Jornalismo da Ufam e colaboradores. E-mail: contato.labF5@gmail.com