Diferentes tipos de conhecimento são tema de minicurso no IV EBPC

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3 min readNov 10, 2016

Por João Marcelo, especial para o Lab F5

O minicurso “Conhecimentos Tradicionais e Mecanismos de Proteção”, ministrado pela professora Débora Cristina Bandeira Rodrigues, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), foi realizado nesta quinta (10) no Instituto Benjamin Constant, dentro das atividades do IV Encontro Brasileiro de Pesquisa em Cultura (EBPC).

Durante a atividade, a professora Débora abordou questões como os diferentes tipos de conhecimento (popular, científico, religioso e filosófico) e as relações históricas de valoração de certos conhecimentos em detrimento de outros, além da influência das inovações tecnológicas sobre as comunidades estudadas. Outro ponto importante foi o do processo de desvalorização do nativo pela cultura de seu lugar de origem para a sobrevalorização da cultura “do outro”. Sobre essa incorporação das inovações tecnológicas, a pesquisadora afirma:

“Nas comunidades [ribeirinhas], todo mundo tem celular. Para quê todo mundo tem celular [se não há internet e há dificuldades no sinal]? Eles gravam vídeo, eles tiram foto, eles ouvem música, veem as horas, e no fim do mês vão à sede do município e [a internet] funciona. As mulheres rendeiras do Rio Grande do Norte estão utilizando o Facebook e o Whatsapp para divulgar o seu artesanato. A gente vê a junção da tradição com novas tecnologias para inserção no mercado, [realizando] propaganda, divulgação. A cultura não é entendida de forma estática. Ela está aberta para incorporar novos elementos sem perder a essência.”

Os pontos problemáticos dessa inserção de novas tecnologias e de elementos de nossa sociedade pelas comunidades também foram mencionados pela professora:

“[a influência negativa do consumismo] é algo que a gente precisa realmente discutir, porque é o consumo da sociedade capitalista que não tem tanta necessidade ali, onde só tem energia elétrica à noite com o gerador, mas é algo que se deseja ter a despeito de outras coisas necessárias. Essas comunidades não estão à margem [da nossa sociedade], no sentido de acesso à informação. Tem havido acesso à informação, mas como trabalhar isso num processo de conservação cultural? Uma coisa que a gente está identificando nas pesquisas é que os mais jovens não querem mais aprender as plantas, os remédios, o roçado, a fazer a farinha. São várias questões e elementos que a gente começa a identificar.”

Débora Cristina Bandeira Rodrigues é graduada em Serviço Social, mestra em Sociedade e Cultura na Amazônia e doutora em Biotecnologia, na área de Gestão e Inovação pela UFAM. Tem experiência na área do Serviço Social, atuando principalmente em: questões sócio-ambientais na Amazônia; pesquisa-ação; pesquisa participante e conhecimentos tradicionais na Amazônia, entre outros.

Sobre o EBPC

O IV Encontro Brasileiro de Pesquisa em Cultura (IV EBPC) reúne pesquisadores de todas as regiões do País com o intuito de debater o campo da pesquisa em cultura em seus diversos aspectos, além de oferecer a troca de conhecimentos entre os participantes. O encontro também permite a construção de redes de pesquisa e colaborações que se articulam em âmbito nacional. Conta com a realização da Universidade Federal do Amazonas, através da Pró-reitoria de Inovação Tecnológica (Protec) e o Ministério da Cultura.

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