Processos socioculturais na Amazônia são tema de conversa entre professores

Professoras e estudiosos abordaram a transformação da cidade e da sociedade em relação ao meio ambiente e cultura, especialmente em Manaus

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3 min readNov 11, 2016

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Por Lizandra Araújo e Paulo Guilherme Matos, especial para o Lab F5

Com o tema Processos Socioculturais na Amazônia, o objetivo da mesa coordenada era comentar o processo de formação civilizatório da Amazônia, onde a cultura indígena foi abafada em contraposição à europeia, que foi exaltada. Os pesquisadores convidados foram estrategicamente escolhidos para expor, com base em suas experiências científicas pessoais, como ocorreu a estruturação sociocultural amazônico. A coordenadora da mesa, Rosemara Staub, iniciou a conversa fazendo um breve comentário sobre a atual situação cultural do país, e no que diz respeito à região:

“Quanto mais eu conheço a Amazônia, mais eu reconheço a minha própria identidade. (…) Nós estamos preocupados com a produção do conhecimento científico que esse mesmo grupo [de convidados] trabalhou numa vertente [a cultura europeia] se converte em outra vertente [a cultura amazônica].”

O historiador cultural, artista plástico e jornalista por formação Otoni Mesquita iniciou sua apresentação falando sobre a cidade e o seu contraponto entre natureza e civilização. Em pequenos vídeos de sua própria produção, o artista demonstrou situações do cotidiano onde é possível observar o agir do homem na Amazônia: a derrubada de árvores na Universidade Federal do Amazonas (UFAM) em 2015, a poluição do Rio Negro próximo à feira da Manaus Moderna, e o crescente alcoolismo dos indígenas no interior do estado, costume adquirido através da população local. Otoni ressaltou, ainda, que suas intervenções não são a reflexão em si, mas um convite para outras pessoas refletirem sobre estes assuntos.

As professoras Priscilla Maisel e Neiza Teixeira, ambas da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), deram continuidade à conversa comentando sobre os processos artísticos e a relação da cidade histórica com a cidade mítica, seja por meio de pinturas, demonstradas pela obra de Bernadete Andrade, seja por poesia, quando a professora Neiza recitou poesias do saudoso Luiz Bacelar, um dos fundadores do Clube da Madrugada, que trabalhou um olhar poético sobre a natureza amazônica em muitas de suas obras.

Para finalizar, a professora Maria Jatobá fez uma reflexão a respeito da identidade cultural do homem, os processos culturais que se estabelecem na sociedade atual e a forma como isto é repassado às pessoas em casa, nas escolas e em quaisquer meio de comunicação. Ela encerrou sua fala dizendo que “culturalmente, estamos todos feios e pobres” como crítica à perda de interesse pela cultura por parte da população, ou mesmo pela escassez de produtos culturais regionais na cidade.

Sobre o EBPC

O IV Encontro Brasileiro de Pesquisa em Cultura (IV EBPC) reúne pesquisadores de todas as regiões do País com o intuito de debater o campo da pesquisa em cultura em seus diversos aspectos, além de oferecer a troca de conhecimentos entre os participantes. O encontro também permite a construção de redes de pesquisa e colaborações que se articulam em âmbito nacional. Conta com a realização da Universidade Federal do Amazonas, através da Pró-reitoria de Inovação Tecnológica (Protec) e o Ministério da Cultura.

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O LabF5 publica conteúdo desenvolvido por estudantes do curso de Jornalismo da Ufam e colaboradores. E-mail: contato.labF5@gmail.com